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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Viagem Literária - 2019


Olá amigos, este ano iniciei minha viajem literária me aprofundando no interior da rede mundial de raízes. Isso mesmo, em A Vida Secreta das Árvores pude me aprofundar em uma consciência abrangente, viva, verde e pulsante! Continuei minha viagem ao lado do personagem Ragle Gumm no livro O Tempo Desconjuntado de Philip K. Dick, investigando a possibilidade da realidade em que vivemos ser apenas um simulacro. Depois, mergulhei em uma jornada lisérgica ao ler As Portas da Percepção de Aldous Huxley, livro que instigou uma geração inteira a expandir sua consciência por meio de experiências com alucinógenos. Com a aproximação do lançamento da continuação cinematográfica de O Iluminado, li Doutor Sono do Mestre Stephen King. Logo depois, acompanhei um experimento para expandir a inteligência de alguém com um QI muito baixo no livro Flores para Algernon. O filme Interestelar me tocou profundamente quando foi lançado por enxergar o tempo de uma forma que eu sempre achei possível, por isso quando a adaptação literária do roteiro saiu no Brasil não pude deixar de ler Interestelar - O Livro. Por fim, mergulhei fundo em uma aterradora casa mal assombrada em A Maldição da Casa da Colina, viajei para fora da Terra em uma estranha experiência cósmica em Além do Planeta Silencioso e terminei o ano ao lado dos delírios da brilhante mente de Philip K. Dick na biografia Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos. Refaçam comigo agora esta viagem! Caso se interessem por alguma destas obras deixarei o link para compra na Amazon. Se comprarem pelo link estarão ajudando o Blog em sua jornada!


Instigado pela estranha visão do escritor Alan Moore em sua passagem pelas histórias em quadrinhos do Monstro do Pântano, sempre tive vontade de investigar mais a fundo o que a ciência diz a respeito das árvores como seres vivos. Teriam elas uma consciência coletiva? Viveriam sob uma outra perspectiva do tempo-espaço e por isso mesmo inacessíveis à nós? Se comunicariam? O livro A Vida Secreta das Árvores do Engenheiro Florestal Peter Wohlleben responde praticamente a todas essas perguntas e para nosso espanto a resposta é "SIM" para todas elas. O livro nos dá uma perspectiva totalmente diferente da botânica e nos envergonha pelo fato de tratarmos de forma tão displicente estes seres que dividem conosco esta grande nave espacial que é nosso planeta.



Um dos temas mais recorrentes na obra de Philip K. Dick é a natureza da realidade. Viveríamos em uma Matrix? Estaríamos apenas sonhando uma realidade? O Tempo Desconjuntado é uma obra ainda do início da carreira de Dick que traz a experiência de um homem (Ragle Gumm) que vive em uma pequena e pacata cidade norte-americana nos anos 50. No entanto, detalhes muito sutis vão preenchendo a mente de Gumm com a ideia cada vez mais clara de que tudo não passa de um simulacro, ou seja, tudo é "fake". O próprio autor, Philip K. Dick, vivia sob esta ideia e, neste livro, acompanhamos seu personagem (que poderia muito bem ser apenas um alter ego do autor) em um grande esforço para descobrir o que há por trás da cortina.



Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo escreveu As Portas de Percepção para contar suas experiências com drogas alucinógenas. O livro influenciou uma legião de pessoas nos anos 60 ao validar o uso controlado de substâncias como indutoras de uma percepção maior e melhor da realidade à nossa volta. Bandas como The Doors, por exemplo, tinham esse livro como grande obra de inspiração. Huxley parte do princípio que nosso cérebro evoluiu de maneira a funcionar como um filtro para nos proteger de uma maior percepção da realidade, algo que poderia até nos esmagar tendo em vista tudo que nos cerca. Determinadas substâncias (usadas inclusive em rituais místicos) seriam uma forma (mas não a única) de minimizar o efeito limitador de nosso cérebro, nos libertando para uma maior percepção. Gostei muito do livro que traz um 2º ensaio complementar do autor acerca deste tema chamado Céu e Inferno. Uma obra para ser lida e contextualizada.



Stephen King revela no prefácio de Doutor Sono que sempre quis saber o que teria acontecido com o pequeno Danny Torrance, o iluminado de seu livro de 1976. Em Doutor Sono o autor finalmente resolve dar vazão à sua criatividade e encontra o destino de Danny. Gostei do livro e consegui enxergar o bom e velho King nesta continuação. As primeiras páginas conseguem dar uma ideia do que aconteceu com Danny logo após os eventos no Overlook Hotel para logo nos apresentar um Danny já crescido, por volta de seus 40 anos. Alguém sofrido e sem destino por não conseguir lidar com seu dom e com fantasmas que o acediam. King se aprimorou no uso de metáforas para descrever sentimentos e emoções, e como saldo final Doutor Sono é uma continuação à altura do original, embora, obviamente não o suplante. Mas isso é natural em sequências de grandes obras como foi O Iluminado.



Flores para Algernon é um delicado e pungente relato da vida de Charlie, um homem com um intelecto muito abaixo da média e que viveu sua vida servindo de chacota para os outros. Alguém que, em sua ignorância infantil, nunca percebeu isso. O sonho de Charlie é se tornar inteligente e para isso acaba servindo de voluntário para uma experiência que conjuga uma avançada técnica cirúrgica e psicoterapia. O resultado é um incremento absurdo em seus níveis de inteligência. Um aumento tão gigantesco que até mesmo os cientistas que o trataram passam a ser limitados diante de Charlie. O autor do livro, Daniel Keyes, adota a estratégia de narrar a história pela perspectiva de Charlie, revelando a montanha russa de emoções a que o personagem é submetido ao reinterpretar tudo o que fizeram com ele desde que era criança. É um livro muito bom e que foi adaptado para o cinema em 1969 com o título de CHARLIE, rendendo Oscar de melhor ator para Cliff Robertson (sim ele mesmo, o Tio Ben do 1º filme do Homem-Aranha do Diretor Sam Raimi). Flores para Algernon também ganhou o aclamado prêmio Nebula Awards em 1967, ou seja, uma obra realmente singular.



Sei que não foi para todos que o filme Interestelar foi bom, mas no meu caso houve uma conexão muito profunda com a obra, sobretudo em função da forma com que pude ver, pela primeira vez, algumas ideias que eu tinha acerca das dimensões do universo e sua relação com o tempo serem narradas. A história mostra que há coisas que transcendem o tempo, e mais, apresentam a deformidade do tempo, espaço e seus efeitos na frágil espécie humana. Talvez o ponto mais importante para mim foi a experiência do astronauta Cooper dentro do Buraco Negro Gargântua, de onde pôde observa seu próprio passado. A trilha sonora de Hans Zimmer emoldurou e potencializou perfeitamente a experiência que tive no cinema. Por isso foi natural que quando a adaptação do roteiro saiu em livro (Interestelar - Editora Gryphus) eu me interessasse. Se você foi tocado pelo filme como eu, sugiro fortemente a leitura do livro, pois por meio dele pude me aprofundar em cada nuance da história.




Quando vi que o livro A Assombração da Casa da Colina de Shirley Jackson seria adaptado para a TV em formato de série pela NetFlix, decidi que era hora de ler o livro antes de ver a série. Prática esta que acho sempre conveniente, já que gosto de ter a minha opinião acerca de uma obra, e não ser influenciado pela visão do diretor. O livro conta a história de um experimento psicológico conduzido por um cientista no qual algumas pessoas são convidadas a passarem um tempo em uma casa sabidamente assombrada. A obra foi adaptada outras duas vezes para o cinema, uma em 1963 no filme Desafio do Além e outra em 1999 com o nome A Casa Amaldiçoada. O livro termina de uma forma estranha e confesso que fiquei com certa dúvidas acerca de algumas coisas. Mas talvez seja esta a intenção da autora, ou seja, deixar o leitor com dúvidas acerca da natureza da casa. De qualquer é um livro celebrado por grandes mestres do gênero, inclusive Stephen King, que classifica o livro como a melhor obra de casa mal assobrada que ele já leu. Vale a pena conferir.




Desde muito jovem eu ouvira falar de uma certa obra de C.S. Lewis envolvendo ficção científica. Assim, sempre tive o desejo de um dia ver esta obra ser lançada no Brasil. Há algum tempo fiquei sabendo que a Trilogia Cósmica, da qual Além do Planeta Silencioso é o primeiro livro, foi uma obra fruto de uma aposta entre C.S. Lewis e seu amigo J.R.R. Tolkien (sim, ele mesmo, o autor de O Senhor dos Anéis). Na aposta um escreveria sobre viagem no tempo e o outro sobre ficção científica. Para Lewis caiu este último tema. Além do Planeta Silencioso consegue associar temas espirituais de forma muito sutil à uma trama envolvente acerca de uma viagem à um Planeta que depois ficamos sabendo se tratar de Marte, ou Malacandra, na língua local. Mas o Planeta Silencioso do título não é Malacandra, mas sim o Planeta Terra, que o leitor será levado a entender porque. Para quem tem o mínimo de experiência espiritual ou alguma referência cristã, a obra é simplesmente excelente. Caso esse não seja seu caso, ela funciona tão bem quanto obras como a de Edgar Rice Burroughs, Uma Princesa de Marte, em que são narradas as aventuras de John Carter. Recomendo muito Além do Planeta Silencioso para entendermos qual era a visão de Lewis (da qual eu partilho) acerca do plano cósmico.



O que filmes emblemáticos como Blade Runner - O Caçador de Androides, O Vingador do Futuro, Minority Report e séries como O Homem do Castelo Alto e Sonhos Elétricos teriam em comum? Na verdade todas estas histórias saíram da mente inquieta, delirante, brilhante e paranoica de Philip K. Dick. Escritor prolífico de ficção científica que passou a vida em busca do significado da realidade e do papel do ser humano em meio à tudo. Philip, morto em 1982, passou por uma experiência mística em 1974 a partir da qual formulou uma grande teoria apresentada na França em 1976 em um congresso de escritores de ficção científica. Em seu discurso, para uma plateia boquiaberta, o autor dava como certo a ideia que vivemos em uma Matrix, em um simulacro da realidade. Em Eu Estou Vivo Você Estão Mortos, o francês Emmanuel Carrè nos traz uma biografia excelente, uma tentativa de esquadrinhar a mente ao mesmo tempo paranoica, atormentada e brilhante de Dick. Um livro imprescindível para todo fã do autor ou de sua obra!


Bem amigos, caso desejem informações mais específicas (mas sem spoilers) acerca de cada livro acima, fiz posts específicos de quase todos. Para acessa-los basta clicar sobre o nome dos livros (em vermelho). E você? Qual foi a sua viagem literária em 2019? Deixe aqui nos comentários! Desejo à todos um feliz ano novo e um excelente 2020, ano em que o Blog Marcelo - Antologias fará 10 anos de existência.

Abraços à todos!!

domingo, 29 de dezembro de 2019

Destaques 2019 - Quadrinhos


Nesta matéria apresentarei as HQs que li em 2019 e que me chamaram atenção. Como vocês poderão ver, são obras que não necessariamente saíram em 2019, mas sim que li em 2019. Algumas delas inclusive são antigas, porém passaram por um relançamento recente. Neste ano, um dos grandes destaques foi a manutenção da publicação de HQs clássicas, sobretudo dentro de linhas como Coleção Histórica Marvel e Lendas do Universo DC, duas linhas que infelizmente possuem futuro incerto, uma vez que a Panini foi relativamente ambígua ao falar sobre sua continuidade na última CCXP 2019. A grande justificativa seriam as vendas. De qualquer forma vamos às minhas leituras. Os destaques estão em ordem de leitura ao longo do ano e deixei abaixo de cada dica um link da Amazon para caso você se interesse por alguma HQ. Você pode adquiri-la usando um dos links que deixei, o que ajudará muito o Blog. Caso você tenha interesse em saber mais a respeito de cada obra abaixo (sem spoilers), você poderá ler posts específicos que fiz para quase todas, é só clicar nos nomes das obras (em vermelho) que você será direcionado aos posts.


Em janeiro de 2019, iniciei meu ano com uma boa surpresa: O Que Aconteceu ao Capitão Stone?. Lançada no Brasil pela Editora Mythos, a história traz uma arte que emula e homenageia o grande Bill Sienkiewicz, além disso, é inteligente, violenta e uma excelente crítica ao nosso tempo, à atual superficialidade e inconsequência. A história envolve mistério, dimensões paralelas e questões envolvendo o espaço-tempo. Sua linha narrativa lembra muito a obra Batman - O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Há referências à Guerra do Golfo, Saddam Husseim, Arnold Schwarzenegger, Al Pacino e seu Scarface, Led Zepelin, Conan - O Filme... O final da HQ deixa uma grande interrogação. Em contato com o editor da Mythos, perguntei acerca da continuação da série no Brasil e ele me respondeu que mesmo nos EUA ainda não havia saído a continuação. Outro ponto que pode influenciar sua continuidade por aqui seria o comportamento das vendas deste 1º volume, o que acredito que não tenha sido tão boa. Infelizmente.


Amor e Guerra é uma Graphic Novel do Demolidor lançada no Brasil em 1988 e relançada em capa dura em 2018 por aqui. Proveniente de uma época de ebulição criativa de Frank Miller e de maturidade do traço de Bill Sienkiewicz, a HQ traz à tona a ambiguidade da personalidade de Wilson Fisk, O Rei do Crime, ao ser confrontado com o adoecimento de Vanessa, sua amada. Fisk é forçado pelo "amor" que sente por Vanessa a fazer o que nunca pensou, ou seja, se submeter à situação que lhe é imposta. Sienkiewicz  desenha a partir das emoções e sentimentos envolvidos em cada cena. Por exemplo, quando quer informar sobre o poder de Fisk, o artista o desenha com proporções gigantescas. O leitor sabe que ele não é tão grande assim fisicamente, no entanto percebe as intenções artísticas de  Sienkiewicze, e funciona muito bem!



Lançado no apagar das luzes de 2018, O Relatório de Brodeck é um verdadeiro bólido dramático. Tanto roteiro quanto arte estão 100% à serviço de um objetivo: mergulhar o leitor no interior de corações humanos submetidos à um estresse emocional enorme, a saber, a 2ª Guerra Mundial. A HQ se passa em um microcosmo, ou seja, em uma pequena cidade perdida nas montanhas Europeias. Em uma leitura mais superficial podemos ficar tentados a tomar partido do guarda florestal Brodeck, mas há coisas mais complexas como pano de fundo. O desafio proposto ao leitor é compreender o que pessoas acabam por fazer para manter íntegra suas famílias, comunidade e pessoas que amam. Caso o leitor alcance esse sub texto proposto na obra, verá que O Relatório Brodeck é uma obra que nos coloca em xeque enquanto seres humanos.




Talessa Kuguimiya é uma artista brasileira extremamente versátil. Seu traço camaleônico tanto pode assumir de forma brilhante a tradição do mangá quanto navegar por outras paragens gráficas facilmente, como por exemplo na obscura HQ Olho Verde ou em Minsk, uma obra com todo o frescor da infância. Em Cinco Vermelhos, obra financiada na Plataforma Catarse, Talessa nos apresenta uma história que casa de forma excepcional a arte gráfica com a sonora. O leitor pode acessar uma plataforma para ter acesso, via QR Code, a vídeos complementares nos quais a arte de Talessa se funde à música da violonista e compositora Karla Dallmann. Essa experiência expande completamente a perspectiva do leitor. Esta fusão de arte gráfica e música já esteve presente em outros trabalhos da autora como na supracitada Minsk e na recente Sobre Trilhos. Especificamente em Cinco Vermelhos temos uma história de vingança em pleno Japão feudal. A história nos transporta para uma época em que a paz e a guerra, a quietude e a violência, a honra e a desonra estão em estreito equilíbrio. Grande destaque de 2019.


Mudando completamente de gênero, outro destaque é a HQ N., lançamento primoroso da Editora Darkside de um conto expandido de Stephen King. A adaptação ficou por conta do escritor Marc Guggenheim e do aclamado artista Alex Maleev. N. (referência à primeira letra do nome do protagonista) é uma história Lovecraftiana no qual o leitor realmente se depara com algo assustador. Perdido na zona rural de uma pequena cidade norte-americana, um monumento milenar é alvo da atenção de um fotógrafo amador (o N. do título). Ao fotografar o monumento algo estranho parece passar a influenciar de forma aterradora ao vida de N. Tudo poderia ser apenas mais um conto de terror, mas a forma como Guggenheim adapta a história e a atmosfera que Maleev impõe às cenas e às expressões do personagens, transformaram N. em um conto realmente assustador. Outro grande destaque de minhas leituras.





Um dos pontos altos de 2019 foi o lançamento da Coleção Príncipe Valente pela Editora Planeta DeAgostini. Eu sempre ouvira falar da qualidade desta longeva obra que atravessou o Século XX (de 1937 até hoje), mas nunca havia lido nada. Com o lançamento da coleção resolvi finalmente lê-la. Realmente tudo que ouvira falar é verdade, a obra é excepcional não apenas por conta da maravilhosa e acadêmica arte de Hall Foster, mas a história envolvendo Valente (o protagonista) é realmente envolvente e cheia de reviravoltas. A ambientação é algo que eu nunca havia visto, Foster se preocupou em retratar não apenas os Cavaleiros Arturianos, mas também as vestimentas, armas, mobiliário e até utensílios domésticos. Hall Foster entrou rapidamente para meu Top 5 de melhores desenhistas de todos os tempos. Cada volume trás as tiras referentes a 01 ano, em que cada página refere-se à uma tira semanal. Este modelo de narrativa pode parecer ultrapassado, mas funciona muito bem, inclusive a opção do autor de não narrar a história por meio de balões, mas sim por meio de pequenos textos sobre sobre cada cena, é extremamente adequado à história e flui muito bem. Realmente grande destaque de 2019!





Batman - O Messias é outro relançamento dos ano 80 em capa dura e volume único que apresenta uma das melhores HQs do Batman depois das aclamadas e imbatíveis Batman - O Cavaleiro das Trevas e Batman - Ano Um ambas de Frank Miller. Na HQ Batman é visto pela primeira vez sendo quebrado em seu ponto mais forte, sua mente. A obra é violenta e alcança níveis de barbárie insanas, com uma Gotham City sitiada por fanáticos seguidores de um estranho líder espiritual. O mesmo líder que consegue subverter a psiquê de Batman, transformando-o em alguém inseguro de si mesmo. Duro e difícil é o caminho que Bruce Wayne precisa percorrer para resgatar a si mesmo. É Jim Starlin (o Criador de Thanos e responsável pelas consagradas Sagas do Infinito da Marvel e por personagens como Dreadstar) em seu melhor estilo.



O 4º Mundo de Jack Kirby foi uma epopeia cósmica lançada nos anos 70 na DC. Uma época em que Kirby estava afastado de sua casa original, a Marvel. Foi nesta saga que o autor trouxe à luz uma mitologia inteira envolvendo dois Mundos, Apokolips, lar de Darkseid e Nova Gênese, lar do Pai Celestial. Esta rica mitologia trouxe também personagens incríveis, como é o caso do Sr. Milagre. O badalado autor Tom King faz aqui uma leitura do personagem no qual trabalha seu relacionamento com a Grande Barda, outra personagem do 4º Mundo e com a qual é casado. A HQ, além de focar no dia a dia doméstico do casal, tem um grande fundo dramático ao remexer no passado de Scott Free (alter-ego do Sr. Milagre). Um passado de dor, mágoa e angústia ao ter sido trocado por seu pai (O Pai Celestial de Nova Gênese) pelo filho do tirânico Darkseid de Apokolips, Órion. Tom King já anunciou que a história terá uma continuação. Gostei muito da HQ e fiquei com uma grande impressão de que a história tem um fundo alternativo, ou seja, fora da cronologia oficial (mas isso é impressão minha dado os grande eventos que ocorrem ao longo da história).





Outro relançamento excepcional foi Shamballa, HQ assinada por J.M. DeMatteis e com a maravilhosa e lisérgica arte de Dan Green. Lançada nos anos 80, a obra traz o Dr. Estranho em uma história que conseguiu captar o DNA do personagem. Cada personagem, seja ele da Marvel ou da DC, sempre possui uma ou outra história em que o autor consegue destilar a essência do herói ou vilão. Shamballa cumpre este papel no caso do Dr. Estranho. Não apenas pela beleza da arte, mas por um roteiro que, se lido com os silêncios sugeridos em várias páginas sem diálogos, leva o leitor à uma catarse típica dos processos meditacionais profundos ou experiências sobrenaturais. Uma obra imprescindível na coleção de qualquer amante da 9ª Arte!


Guerras Secretas de Jonathan Hickman é o clímax de uma saga que ficou conhecida como A Saga do Infinito de Jonathan Hickman, e se iniciou com o lançamento da iniciativa Nova Marvel, ainda no início desta década. Foram inúmeros encadernados dos Vingadores, Novos Vingadores e Especiais lançados por aqui narrando o fenômeno multiversal conhecido como As Incursões. A fase foi aclamada lá fora e teve uma publicação complexa aqui no Brasil, sendo necessário até um guia para sua leitura, pois para uma melhor compreensão o leitor precisava ir e vir entre os encadernados. Cheguei inclusive a fazer um post aqui no Blog explicando como lê-la. Este encadernado acima finaliza a Saga e homenageia as Guerras Secretas de 1984, ou seja, heróis e vilões lutando entre si em um Mundo. Gostei da finalização da saga, os diálogos são bons e o único ponto negativo no encadernado foi que o grand finale ficou reservado apenas para as últimas páginas. O leitor fica com a vontade do clímax se estender um pouco mais tendo em vista o longo desenrolar da saga.



Por ocasião do lançamento no Brasil, este ano, da continuação do Universo de Sandman, tendo Neil Gaiman como consultor, resolvi reler Os Livros da Magia. Estou comprando os novos encadernados desta retomada do Universo do Sonhar e entre eles quem retorna é Tim Hunter, o personagem central de Os Livros da Magia. Lançada originalmente em 1990 nos EUA, e em 1991 por aqui, a história continua originalíssima e não apenas manteve seu brilho, mas até o consolidou, uma vez que verificamos que as coisas tratadas em suas páginas realmente são atemporais. A arte dos 4 desenhistas continua vigorosa e emoldura perfeitamente cada parte. Uma HQ que também não pode faltar para aquele que é colecionador.




Já que estava imerso no Universo de Sandman, resolvi ler uma obra que estava em minha pilha mas que por "n" motivos ainda aguardava minha atenção: As Fúrias. Proveniente também dos anos 90 na fase pós encerramento de Sandman por Neil Gaiman, As Fúrias, embora não seja escrita por Gaiman é como se fosse. É lírica, violenta, melancólica, mágica... E a arte do incrível John Bolton está simplesmente incrível. As expressões que Bolton conseguiu dar aos personagens os faz saltar das páginas. Tive uma experiência realmente incrível com esta HQ. Ela não é apenas relevante cronologicamente dentro da Mitologia do Sonhar, é também um incrível mergulho no mundo de deuses e semideuses, mitos, tradições e história. Recomendo fortemente!!

Bem amigos estes são meus destaques no que se refere à quadrinhos lidos em 2019! E os seus? Escreva nos comentários para debatermos! Um grande abraço e já deixo aqui meu Feliz 2020 para todos vocês. Na sequencia trarei meus destaques de 2019 no que se refere à livros que li este ano. Não deixem de acessar.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos


Paranóico, lúcido, brilhante, imaturo, perspicaz, confuso, visionário, obtuso, profético e, acima de tudo genial, Philip K. Dick já foi chamado pela escritora Úrsula K. LeGuin de Jorge Luis Borges da ficção científica. Mas como alguém pode ter tantos adjetivos contraditórios e ser reconhecido desta forma? Por muitos anos  enxerguei Dick como uma lenda da ficção científica (e ele realmente o é) que avançou para campos polêmicos em seus livros, tais como: Qual a verdadeira natureza da realidade? Vivemos em uma Matrix? Quais atributos fazem de nós seres humanos? Podemos sair da caverna para a verdadeira realidade para a qual fomos criados? Dick fez parte de um tipo de sub gênero da ficção científica conhecido como New Science Fiction. Um subgênero do qual a própria Úrsula K. LeGuin e autores como Robert A. Heinlein fizeram parte, e que usava a ficção científica para abordar questões filosóficas e até espirituais. Lançado no Brasil pela Editora Aleph há algum tempo, o livro Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos do francês Emmanuel Carrère se propôs a mergulhar fundo na psiquê do escritor. Na minha estante há um bom tempo, o livro me convidava a mergulhar no universo que foi a mente de Dick. Finalmente percebi que era a hora de descobrir quem realmente ele foi, além de tentar entender a mística experiência cristã que ele alegava ter passado.


Caso você não tenha reconhecido, Philip K. Dick, falecido em 1982, é a mente por trás de histórias que ajudaram a dar forma à boa parte do imaginário ficcional moderno, abordando questões profundas e filosóficas. Só para citar alguns de suas obras que viraram filmes: Blade Runner - O Caçador de Androides de 1982 (baseado no livro Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?); Minority Report de 2002 (baseado em um conto de mesmo nome); O Vingador do Futuro de 1990 (baseado no conto We Can Remember It for You Wholesale); a série Sonhos Elétricos de 2018 (baseado no livro de mesmo nome), entre outros. Inquieto e paranoico, Dick construiu ao longo da vida uma densa malha de conjecturas a respeito de si próprio e da realidade ao nosso redor. O livro de Carrère vai fundo nesses delírios e apresenta-os dentro da lógica do autor, segundo a qual existem significados profundos nas pequenas idiossincrasias de nosso dia a dia, como um programa de computador de uma Matrix que eventualmente passa por falhas. Caso você tenha percebido alguma similaridade entre esta forma de pensar e o filme MATRIX, já adianto que o filme dos Irmãs Wachowski com Keanu Reeves no papel principal foi lançado em 1999, enquanto as ideias de Dick surgiram nos anos 60 e 70.


Dick era gêmeo da pequena Jane, irmã que faleceu ainda bebê em função da falta de orientação de sua mãe que não complementava a alimentação da filha. Assombrado por isso a vida inteira, Dick já mostrava sinais de uma imaginação fértil e uma inteligência ímpar ainda criança. Capaz de entreter uma plateia facilmente com seu carisma, ele se divertia em defender pontos de vista e, ao convencer seus interlocutores acerca de alguma questão, mudava de opinião imediatamente, deixando a todos desnorteados. Desde cedo ele enveredou pela dependência de medicamentos, o que se aprofundou com a consolidação de seu status de escritor. Embora sonhasse com um lugar na literatura dramática (gênero adotado e reconhecido como "literatura séria" pelos acadêmicos desde sempre), foi na ficção científica que ele percebeu que conseguiria dar vazão às suas conjecturas. Ainda jovem, um de seus primeiros livros de sucesso O Homem do Castelo Alto, foi sucedido por uma estranha experiência na qual foi surpreendido por um imenso e medonho rosto que o observava do céu. Esta experiência, que se repetiria algumas vezes, o aproximou da fé cristã, para a qual se converteu e foi fiel (dentro de seu modo de pensar) até sua morte.


O livro de Carrère nos permite mergulhar na mente de Dick a partir de seus livros, ou seja, é possível entender a evolução do pensamento do autor a partir do que cada livro aborda. Em O Tempo Desconjuntado de 1959, por exemplo, percebemos que nossa realidade pode ser simplesmente um simulacro universal, temática que evoluiria em seus livros na década de 60. Como parte de seus questionamentos e consequente evolução deles, em Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? de 1968, Dick escreve mais que um livro, escreve um tratado de teologia cibernética com direito à profundos questionamentos filosóficos. O sucesso do filme derivado, Blade Runner, apenas confirma a qualidade dos delírios/conjecturas do autor. É muito prazeroso acompanhar o desenvolvimento da mente de Dick, e conseguir enxergar seu reflexo em sua obra. Mas toda esta criatividade viria acompanhada de casamentos desfeitos (em geral pela imaturidade emocional de Dick) e pela paralisante convivência com pessoas complicadas. Durante uma grande fase dos anos 60/início de 70 o autor ficaria em companhia de drogados. O próprio Dick sempre fizera uso, dentre os vários medicamentos, de anfetaminas e metanfetaminas.


Mas foi em 1974 que ele passaria por uma experiência única pela qual Deus havia se comunicado com ele. Dick sempre fugiu de nomear Aquele que lhe contatou como Deus, pois sabia da conotação religiosa e fanática que essa declaração poderia sugerir nas pessoas. Por isso preferia chama-Lo de outros nomes que não vou mencionar aqui para não entregar spoilers da biografia. A experiência é descrita no livro de Carrère e é moldada a partir de sonhos, imagens, visões e línguas que chegavam a Dick. Carrère procurou manter uma postura de respeito diante da experiência, mas não deixa de apresentar as diversas medicações (o que poderia explicar o que aconteceu) que Dick fazia uso. O que, de certa forma, não invalidaria a legitimidade das possíveis teofanias. A partir de destas experiências Dick passaria a entender porque teria escrito o que escreveu em seus livros anteriores, passando a considera-los mensagens a serem entregues ao mundo, mensagens acerca da grande conspiração que estaria por trás do simulacro de realidade no qual vivemos. Não à toa, ele passaria a se sentir perseguido por pessoas que, ao seu julgamento, não queriam que tal verdade fosse conhecida das pessoas.


Toda esta sensação de perseguição de Dick foi validada pela forma como foi desmascarado o então presidente Norte-Americano à época, Richard Nixon. Toda investigação que desembocou em seu processo de Impeachment validava as várias teorias de Dick a respeito de agentes que operam à nossa revelia para nos manter em um estado de ignorância a respeito de quem somos. Em todo esse contexto vale ressaltar que Dick acreditava na divindade de Jesus Cristo e entendia sua vinda à Terra como parte do plano de Deus para nos salvar de uma mentira que sempre nos corrompeu enquanto humanos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará, fazia todo sentido dentro da perspectiva de vida de Dick. Ao longo dos anos 60, ele arrebanhou diversos admiradores de vanguarda, que viam em sua visão ímpar, o ressoar da contracultura que se instalava na América. Por exemplo, o ressignificar de dogmas e modelos de pensamentos arcaicos. Mas este mesmo grupo de vanguardistas o abandonou quando ele passou a defender sua visão de mundo em que Deus passava a ter protagonismo em suas ideias. Isto ficou claro em um histórico discurso que Dick fez na França à convite de escritores para discursar em uma Universidade, onde revelou como realidade o fato de vivermos em uma matrix, e citou a Bíblia em vários momentos do discurso.


Obviamente minha interpretação da visão de Dick aqui é muito simplória e superficial, se considerarmos o espaço que tenho e o objetivo do post. Fica fácil de entender, por exemplo, a reação de rejeição de seus fãs diante do acirramento de seus posicionamentos delirantes adotados na segunda metade da década de 70 a respeito do grande plano de Deus. Não posso deixar de dar minha opinião, no entanto, do que acho da mente de Dick, concorde você comigo ou não. Acredito que a visão dele era única dentro de uma teologia pessoal, e que seus sentimentos eram, apesar de confusos, genuínos e honestos na busca de um sentido maior para a vida. Nesse sentido, Philip parecia dar mais valor à sacralidade de sua busca do que à fama derivada dela. Isso o coloca acima de vários autores, infelizmente muito mais interessados em chocar seu público e polemizar assuntos em benefício próprio. Dick realmente queria descobrir o sentido das coisas, sua busca era honesta e verdadeira, e isso já o coloca acima de uma legião de escritores.


Talvez exista mesmo uma mensagem escondida no conjunto de sua obra. Algo que deva ser ainda decodificado e nos coloque dentro de uma percepção nova a respeito de quem somos e de nosso lugar em meio à tudo. Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos é um livro que não exclui os pontos fracos e fragilidades de Dick, e talvez justamente por isso eleve suas ideias.

Recomendo muito o livro de Carrè, e caso alguém se interesse, deixei o link na Amazon que está com ótimos preços. Se você for compra-lo, faça pelo link aqui do Blog, assim você estará ajudando na sua manutenção.


Um grande abraço à todos!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Criado ainda na Era de Ouro dos Quadrinhos (1938-1956), Aquaman sempre foi um personagem à beira do triunfo. Um herói com todas as prerrogativas dramáticas para se tornar um imenso sucesso. Embora visto na maioria das vezes como coadjuvante, ele tem uma mitologia própria que contempla uma trajetória digna de um grande personagem. Criado pelo grande editor da DC Mort Weisinger, Aquaman nasceu na efervescência de uma Era que, sob o peso da 2ª Guerra Mundial, testemunhou a criação de semideuses (Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Capitão América...). Weisinger tem em seu currículo a co-criação de outros importantes personagens como Arqueiro Verde e o Flash da Era de Ouro Jay Garrick. Hoje veremos as características da peça de Nº 31 da Coleção de Miniaturas da DC Eaglemoss e desbravaremos um pouco da mitologia deste que é um dos membros fundadores da Liga da Justiça América.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Em minha opinião a peça apresenta Aquaman em uma postura digna e que honra seu título de grande soberano dos mares. Sua posição altiva, segurando o grande Tridente, lhe confere ares de realeza e ao mesmo tempo de combate. Gostei bastante também da malha dourada amarelo ouro na peça. Além de compor seu traje original, a pintura da malha está muito bem feita e a presença das escamas devidamente destacada. A luvas verdes, em consonância com a malha verde das calças, traz o detalhe de barbatanas na parte posterior dos antebraços e da perna. Um detalhe que possui não apenas objetivo funcional para auxiliar no nado, mas também faz alusão à barbatana de predadores dos mares, como o tubarão, por exemplo. 

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

O tridente apresenta-se bem modelado, e as lanças que o compõe estão devidamente distintas, e os detalhes circulares, como se fossem anéis na região superior, média e inferior do cabo, evocam um estilo épico Art Deco. A pintura está bem delimitada e não ultrapassa os limites de cada item da indumentária. A modelagem das feições está aceitável, diferentemente de algumas peças da Coleção de Miniaturas Marvel da Eaglemoss, que trazia as feições um pouco deformadas. O rosto do Aquaman aliás pode muito bem ser atribuído ao ator e nadador Buster Crabbe. Intérprete de personagens importantes no cinema nos anos 30, dentre eles Tarzan, Flash Gordon e Buck Rogers. A musculatura está bem definida na peça, sobretudo a do tórax, que se projeta de forma muito mais avantajado do que os membros inferiores. Característica esta, marcante em nadadores de longa data em função da hipertrofia da musculatura ventilatória e de membros superiores.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Mas qual a história de Aquaman? Podemos dividi-la em duas, o Aquaman da Era de Ouro, cuja origem estava ligada ao seu pai, um importante explorador dos oceanos que descobre a cidade perdida, submersa e em ruínas de Atlântida. Ali, o pai do herói estabelece sua morada em uma casa à prova d´água onde passa a estudar os manuscritos e a ciência da outrora metrópole. Graças a segredos antigos descobertos, o pai de Aquaman ensina o pequeno filho a viver e respirar embaixo da água. E não apenas isso, o herói passa a deter força sobre-humana e sentidos que o permitiam (nessa versão inicial) "falar" literalmente com os animais do oceano, já que ele seria também versado na língua deles. As histórias desta versão foram publicadas ao longo da revista More Fun Comics, sendo que sua primeira aparição ocorreu no Nº 73 de novembro de 1941. A maioria dos vilões que Aquaman combatia eram nazistas em suas embarcações (U-Bots). Após a Guerra seus vilões converteram-se em piratas modernos, ameaças à vida marinha e às rotas das embarcações. A base de operações do herói era um solitário trono escondido em meio à cidade submersa.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Com a chegada dos anos 60, uma verdadeira revolução instalava-se no meio quadrinístico capitaneada pelos editores Julius Schwartz na DC e Stan Lee na Marvel. Vários heróis foram resgatados da Era de Ouro e reinventados sob uma nova perspectiva, mais científica e "pé no chão". Aquaman também teria então sua origem recontada. Nela, uma rainha de Atlântida chamada Atlanna concebeu um menino loiro a quem deu nome de Orin. Em função de uma superstição milenar ligada à "cabelos loiros", Orin foi abandonado em um recife para morrer. Orin, no entanto não morreu, mas foi adotado por golfinhos que o ajudaram a sobreviver no hostil oceano. Em sua adolescência Orin conheceu um solitário zelador de farol chamado Arthur Curry, que viria a ensinar-lhe várias coisas acerca do mundo da superfície, dentre elas seu idioma e costumes. Esta experiência ao lado de Arthur, gerou em Orin uma profunda empatia pela amabilidade humana, sobretudo quando guerreiros Atlantes descobriam Orin e o atacaram. Nesta ocasião, Arthur não apenas defendeu Orin, mas deu sua vida por ele.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Após a morte de seu mentor, Orin foge e passa a ser caçado por Atlantes que por fim o prendem em uma prisão em Atlântida, onde recebe o uniforme de prisioneiro de malha amarela. É na prisão que ele conhece Vulko, outro prisioneiro que o ensina o idioma Atlante. O jovem herói descobriria que sua mãe Atlanna estaria na mesma prisão que ele, mas infelizmente ela é morta antes que ele pudesse conversar com ela. Foi neste ponto que o herói foge da prisão e em uma incursão na superfície conhece o herói Flash, com o qual passa a ter uma amizade que o introduz ao mundo dos heróis da superfície. Orin, que adotara o nome de Arthur, se juntaria à outros grandes heróis fundando nesta época a Liga da Justiça da América e ganhando a alcunha de Aquaman. Já maduro, e com suas emoções controladas, Aquaman retornaria à Atlântida, encontrando-a sob um novo governo do qual seu antigo Vulko fazia parte. Aquaman descobriria também suas origens reais e seria então convidado a se tornar Rei. Foi nesta época que ele se apaixona pela linda Mera e tem seu filho Arthur Curry Jr.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Mas foi justamente nesta fase que uma das maiores tragédias dos quadrinhos se abateu sob Aquaman, o assassinato de seu pequeno e inocente filho pelo vilão Arraia Negra. Um evento que tenho dificuldade de aceitar até hoje pela sua brutalidade. O consenso atual sobre Aquaman é um pouco diferente desta origem da Era de Prata. Considera-se que o herói é na verdade filho de um relacionamento entre Atlanna e o faroleiro Tom Curry. Esta alteração na sua origem tem sido aceita e até foi representada no filme que trouxe Jason Momoa no papel do herói. Há diversas outras idas e vindas na mitologia do herói que, se expostas trariam maior dificuldade para seu entendimento. Esta intrincada mitologia é algo característico a todo herói antigo que passou por inúmeras fases e Eras e teve seu perfil alterado para expressar determinado pensamento da época vigente. Particularmente gostaria de ver Aquaman cada vez mais como protagonista, e posso dizer que as melhores adaptações do personagem foram aquelas retratadas nas Animações da DC Liga da Justiça Guerra, Trono de Atlântis, Ponto de Ignição, Liga da Justiça Deuses e Monstros e na Série Animada Liga da Justiça dos anos 2000. Estas animações conseguiram captar exatamente a essência do personagem, afastando-o completamente de qualquer aspecto piegas, sem subverter seus atributos originais, como o filme com Jason Momoa acabou fazendo em minha opinião.

Miniatura DC Nº 31 - Aquaman

Aquaman é sem dúvida nenhuma um monarca ao melhor estilo épico, e não precisaria ser transformado em um personagem superficial, fanfarrão e inconsequente como foi no filme da DC dirigido por James Wan. Em minha opinião sacrificaram características essenciais do personagem para agradar a expectativa atual, o que poderia muito bem ter sido feito sem precisar desconfigura-lo. Haja vista a interpretação de Chris Evans para o Capitão América.

Bem amigos... é isso aí. Um grande abraço à todos!
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