A Coleção de Graphic Novel do Tex (Editora Mythos) possui a proposta de trazer abordagens diferenciadas do famoso ranger. À princípio havíamos pensado que a série tinha sido cancelada no número 11 no Brasil com a excelente história Snakeman de dezembro de 2021. Entretanto, vimos chegar às livrarias e comic shops do Brasil mais um volume, o de número 12, Águas Negras. Estou cada vez mais convencido que esta série é excelente em todos os sentidos. Digo isso pelos volumes que já li, a anteriormente mencionada Snakeman (Nº 11) e a de número 01, O Herói e a Lenda. Frontera! (Nº 02) tem todos os elementos de um excelente Western. Porém, vai além ao mostrar Tex em todos seus atributos, com destaque à sua engenhosidade ao lidar com situações aparentemente sem solução, sempre um passo à frente dos seus inimigos, sempre com um plano mais amplo e criativo. Elementos como esse fez do personagem quem ele é, ou seja, alguém que avançou do estereótipo comum dos heróis do Western. Nesta história temos um Tex que luta ao lado de uma mulher magnífica, irascível e indomável em uma luta por justiça e vingança pelo assassinato do pai. Questões periféricas, mas não menos importantes permeiam a história: a hipocrisia do homem branco, a violência das relações humanas, o orgulho indígena sempre tratado como lixo pelo homem branco... E em meio a tudo isso, alguém que busca justiça e igualdade, nesse caso Tex. Por se passar próximo à fronteira dos EUA com o México, é impossível não lembrar do Westerns Italianos sessentistas que tiveram este cenário como pano de fundo. A arte de Mario Alberti é de encher os olhos com seus planos intimistas e ao mesmo tempo grandiosos. O termo Graphic Novel vem sendo usado há muitos anos como sinônimo de um simples compilado de histórias sequenciais. Entretanto, a ideia não é essa. O que se espera desse tipo de publicação é uma visão diferenciada de um personagem ou grupo. O aspecto autoral é outro fator marcante nas Graphic Novels, trazendo uma visão distinta de um determinado autor acerca do universo do personagem (ns). Tex Graphic Novel atende a esses critérios, circunscreve o personagem e delimita muito bem o aspecto autoral. Se dependesse de mim a Editora Mythos deveria continuar avançando com esta série!!
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domingo, 14 de maio de 2023
segunda-feira, 1 de maio de 2023
Pílula Gráfica #25: Vampiros da Meia-Noite - (2022) - Pérola perdida do Cinema de Horror resgatada!
Um ator capaz de se metamorfosear em qualquer monstro ou personagem, um filme perdido de 1927 que viria a se tornar o Santo Graal de estudiosos e cinéfilos engajados em restaurar momentos-chave da 7ª arte... O ator seria Lon Channey, e o filme seria Vampiros da Meia-noite (London After Midnight - 1927). Dirigido pelo cultuado por uns, esquecidos por outros, Tod Browning (Drácula (1931) e Freaks (1932)), London After Midnight foi um filme do cinema mudo que se perdeu em um incêndio que destruiu parte dos Estúdios da MGM em 1967, queimando a única cópia conhecida. Embora este tenha sido o destino do filme, muitos alimentam esperanças de descobrir outra cópia esquecida em algum galpão ou estúdio. Em cima do mito e aura que tangenciam a obra, dois artistas, Enrique Alcatena (ilustrador) e Gonzalo Oyanedel (jornalista), se debruçaram sobre o roteiro original do filme, que era baseado no conto "The Hypnotist" do próprio Browning, e conseguiram transferi-lo para uma adaptação em quadrinhos. Assim, por iniciativa das Editoras Skript e Quadriculando, chegou ao Brasil, via financiamento coletivo, a obra em quadrinhos Vampiros da Meia-Noite (nome dado ao filme no Brasil). A HQ traz a história que envolve o assassinato de Roger Balfour, homem rico que deixa uma jovem e bela filha órfã, a frágil Lucille. Após 5 anos do crime, ainda sem solução, retorna à investigação o detetive Edward Burke da Scotland Yard, que passa a vivenciar experiências horripilantes junto aos vizinhos da Mansão Balfour (que acolheram a jovem órfã Lucille). A figura central destas experiências macabras é um homem de expressão enlouquecida, olhos vidrados, dentes pontiagudos, que veste terno, capa e cartola. Sucesso enorme de bilheteria à época, o filme recebeu avaliações ambíguas e mornas da crítica especializada. Entretanto, passaria para imortalidade ao concentrar a hipnotizante performance de Chaney (O Homem das Mil Faces), um enredo cheio de mistérios e reviravoltas, e sua destruição em 1967. A edição da Skript/Quadriculando é um presente para amantes do cinema, sobretudo do cinema de terror/horror. A começar pelo expediente das primeiras páginas da edição, complementadas pelas últimas, que trazem uma matéria escrita por Roberto Barreiro intitulada Vampiros da Meia-Noite - A História por Trás do Filme Perdido. Nela, Barreiro situa de forma envolvente e clara, acontecimentos que fizeram da película a relíquia perdida que se tornou. Embora não tenhamos mais como assistir ao filme, a HQ cumpre seu papel ao trazer ao leitor a atmosfera de mistério, horror, investigação e ambientação soturna. Um presente que tive a chance de apoiar no Catarse e que você precisa conhecer!
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