Embora criticada (justamente ou injustamente não sei ao certo dizer) por algumas traduções, a Editora Martin Claret trouxe já há algum tempo ao Brasil uma nova edição do livro "O Homem Que Ri" de Victor Hugo (Os Miseráveis, O Corcunda de Notre Dame). Lançado em 1869, o livro foi adaptado para o cinema em 1928 no filme homônimo "O Homem Que Ri". No filme, tal como no livro, vemos o drama de um homem (Lorde Gwynplaine) que, por ordem do Rei, passa a ostentar a estranha deformidade de um imutável sorriso. O papel de Gwynplaine no filme de 1928 ficou eternizado pela atuação do ator alemão Conrad Veidt (Hans Walter Konrad Veidt). A atuação de Veidt é tão assustadoramente perfeita que inspirou Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson em 1940 a criarem outro personagem que se manteve relevante até hoje por representar o caos, a anarquia e a distopia: O Coringa (The Joker) da editora DC. As semelhanças físicas entre Veidt e os conceitos originais do Coringa são incríveis. Mas para além das curiosidades, "O Homem Que Ri" faz jus ao legado de Victor Hugo como escritor universal que sempre conseguiu expor as hipocrisias, contradições e potencial de redenção do ser humano. Parabéns à ediotra Martin Claret!!
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domingo, 25 de outubro de 2020
domingo, 4 de outubro de 2020
Pílula Fílmica #11: Assalto ao 13º DP (1976)
A indústria do cinema sempre teve, assim como qualquer outro tipo de indústria, o chamado segmento "B". O mais interessante desse segmento é a liberdade que diretores e roteiristas desfrutam ao estarem parcialmente descolados do circuito comercial e livres das demandas de burocratas que estão mais interessados nas bilheterias milionárias do que nas questões subjacentes à obra. John Carpenter é um cineasta incrível por sua obra marginal e de resistência. Filmando com boas ideias na cabeça e um orçamento ínfimo, Carpenter mostrou várias vezes seu brilhantismo em filmes que, apesar de despretensiosos, são verdadeiros espelhos de seu tempo. Assim é com Assalto ao 13º DP. Um filme que narra (quase que em tempo real) o ataque de uma gangue à uma delegacia praticamente desativada. Carpenter expande sua visão ao demonstrar não ter nenhum pudor de ser reconhecido como diretor de filmes de baixo orçamento. E essa honestidade faz de suas obras uma experiência autêntica para o expectador. O filme possui uma refilmagem de 2005, porém é a versão original de 1976 que consegue representar de forma muito autêntica o violento ambiente que algumas cidades experimentaram no final dos anos 70 em função do fenômeno das gangues. As gangues eram verdadeiras estruturas de poder que arrebanhavam jovens sem horizonte social e econômico, e que se viam compelidos a agredir o status quo. Carpenter não tenta (e também não quer) criar nenhum diálogo ou julgamento moral/social subjacente ao filme. Apenas quer mostrar um acontecimento que poderia ter passado despercebido na periferia de uma cidade, mas que pelo seu caráter violento ganha proporções enormes dentro do microcosmo dos personagens. Assalto ao 13º DP é John Carpenter em sua mais perfeita expressão. Não pude deixar de lembrar de Warriors - Os Selvagens da Noite. Outro filme que desnuda a violência das ruas e que dialoga muito bem com Assalto ao 13º DP. Filmes assim passam para o panteão dos cults por destilarem perfeitamente o espírito de uma época.
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