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segunda-feira, 24 de julho de 2023
Plataforma de Lançamentos #3 - Clássicos Sci-Fi: Anos 50 Vol. 03 (2023) - Versátil Home Vídeo
domingo, 23 de julho de 2023
Pílula Gráfica #30: A Floresta - (2022)
Difícil é exprimir em palavras algo que não foi concebido para ser comunicado por meio do veículo escrito ou falado, mas apenas pelo imagético. Nesses casos, a tentativa possivelmente resultará na corrupção da mensagem, ou então na sua transformação em outra coisa, geralmente de menor valor. Assim, minha tentativa de trazer aqui um pouco do que foi minha experiência com a A Floresta de Thomas Ott será apenas uma humilde tentativa. Famoso por seus quadrinhos mudos lá fora, o suíço Thomas Ott possui dois títulos seus publicados no Brasil, ambos pela DarkSide Books, Panopticum e A Floresta. Seria muita pretensão de minha parte comunicar a profundidade que Ott alcança em A Floresta ao tratar do tema "morte". Para quem possui uma relação um pouco mais profunda com a natureza, especificamente com a mata ou floresta, reconhecer esse espaço como veículo ancestral de sabedoria silenciosa é algo relativamente fácil. Ott usa o elemento silencioso do "verde", sua hermética beleza e fascínio "quase" místico, para contar uma história que, sem uso de palavras, desce aos porões da dor existencial da perda de um ente muito próximo. O vazio, a dificuldade em se reconhecer na nova realidade a partir da "ausência", a sensação da correnteza da vida de repente se estagnar e o tempo se contrair... lugar este já visitado por aqueles que experimentaram uma perda. A história, narrada por meio das imagens produzidas pelo autor, com suas nuances, concretudes e subjetividades de traço, catalisa a revisitação a este lugar de perda e ausência. Uma história que usa a floresta como metáfora (ou talvez não) para a descida ao lugar da dor interior. Acompanhamos um pequeno garoto que se embrenha na mata para fugir da intolerável ausência produzida pela morte. Nesta pequena pérola, Thomas Ott alcança a difícil tarefa de produzir no outro, o acesso às camadas profundas do afeto que aquece, mas ao mesmo tempo dói. Reconheço em A Floresta, imagens profundas deste lugar de dor, solidão e, ao mesmo tempo, redenção...
quinta-feira, 20 de julho de 2023
Plataforma de Lançamentos #2 - História do Oeste (2023) - Editora Saicã
História do Oeste diz respeito à epopeia da família MacDonald ao longo de gerações. Escrita pelo grande roteirista italiano Gino D´Antonio, a obra teve duas passagens pelo Brasil. Primeiramente pela Editora EBAL entre os anos de 1970 à 1987 e, depois pela Editora Record entre os anos de 1991 à 1995. Este novo lançamento da Editora Saicã, entretanto, busca resgatar a série na íntegra, em cores e em capa dura, além de trazer um acréscimo de 200 páginas feito pelo autor entre as edições de números 1 a 3. A proposta da Saicã é, por meio de financiamento coletivo via Catarse, trazer a Saga inteira com seus 75 números com uma programação de publicação de 2 histórias por volume, totalizando, portanto cerca de 37 edições. A narrativa inicia-se nos primeiros anos do século 19 (por volta do ano de 1800) e tangencia importantes eventos históricos reais com a partição de personagens históricos tais como General Custer, Wild Bill Hickok, Buffalo Bill, Calamity Jane, Kit Carson, Jim Bridger, Billy the Kid, Geronimo e Cochise, entre outros. A arrojada proposta da Editora tem tudo para ser um sucesso considerando a riqueza do material. Os leitores mais antigos possivelmente leram algo da obra em sua passagem pela Ebal quando então era lançada sob o nome de Coleção Epopeia-TRI. Conforme explica o Editor da Coleção Neimar Nunes, o nome Epopeia-TRI foi dado em função dos volumes serem lançados trimestralmente à época e pelo fato do Brasil ter sido campeão em 1970 (ano do início do lançamento pela Ebal) na Copa do Mundo de Futebol no México. O lançamento busca atender não apenas o fiel público do gênero Western, mas também fazer conhecer para as novas gerações este excelente material que, para além da representação histórica legítima, é leitura de qualidade e imprescindível. A campanha de financiamento dos dois primeiros já ultrapassou a meta no momento em que escrevo esta matéria, mostrando a força do material. Um diferencial dos lançamentos de editoras como a Saicã, é o fato das pessoas envolvidas na publicação do material serem fãs e conhecedoras do assunto, o que confere à publicação um apuro e fidelidade acima da média do que é visto em outras editoras. Algo que, infelizmente, não ocorre em editoras brasileiras de grande porte que, acabam vendo o material apenas como um produto, o que, por conseguinte, o deixa 100% suscetível à fenômenos mercadológicos. Isso implica em cancelamentos ao menor sinal de oscilação em vendas e no lucro. Infelizmente o colecionador pôde ver isso acontecer em recente caso envolvendo o material do roteirista Jeff Lemire (Royal City Volume 1: Segredos em família) que foi descontinuado por uma grande editora. História do Oeste volta ao Brasil pela terceira vez, porém agora com um tratamento especial. Conheça e campanha!!
segunda-feira, 17 de julho de 2023
Plataforma de Lançamentos #1 - Cisco Kid (2023) - UCHA Editora
O mercado nacional de quadrinhos vive uma cena talvez nunca vista. Resgates históricos, variedade de gêneros, títulos, autores, licenciadores... Um movimento que em algum momento terá que ser abordado com a devida paciência considerando suas múltiplas causas, dentre elas o aparecimento de inúmeras editoras catapultadas pelas plataformas de financiamento coletivo. Diante desta profusão de lançamentos, alguns merecem destaque, e este aqui é um deles. José Salinas, ilustrador argentino da primeira metade do século 20 foi um gigante e, finalmente recebe em nosso país o tratamento que merece. Um de seus personagens volta ao Brasil em edição caprichada pelo Selo Editorial Super-X da Editora UCHA. Atualmente em campanha na plataforma de financiamento coletivo CATARSE, o lançamento traz de volta Cisco Kid, um dos grandes personagens dos quadrinhos norte-americanos que teve, sob o magnífico traço de Salinas, sua encarnação mais fiel. O volume, com acabamento de luxo e formato horizontal para conseguir dimensionar as tiras de Salinas conforme foram originalmente concebidas, trará a três primeiras histórias do herói (Lucy, Flor Rubra e Belle) publicadas em 1951. Além do óbvio resgate histórico, a arte de Salinas nunca foi apresentada no Brasil com o grau e apuro aqui demonstradas. Fruto da restauração a que foi submetida por um dos maiores restauradores do mundo, Manuel Caldas que, infeilizmente só conheci agora. Entretanto, Caldas esteve por trás da restauração das pranchas de Hal Foster em Príncipe Valente além da restauração de histórias de Tarzan, Krazy Cat entre outros. A Editora UCHA tem por trás Francisco Ucha, nome envolvido com a recuperação de grandes clássicos nacionais, tendo já lançado obras como Uma Aventura na Independência, Tony Carson - O Chacal entre outras. Na página de financiamento coletivo dedicada ao lançamento de Cisco Kid é possível vislumbrar um aperitivo da arte de Salinas e seu Cisco Kid. Realmente magnífico. A partir de hoje ainda restam 32 dias restantes para se apoiar o projeto. Na página de apoio é possível adquirir outros lançamentos da editora, dentre os quais os dois que citei acima (que já tenho em minha coleção) e ainda outro incrível álbum com a arte de outro gigante, Rodolfo Zalla. Neste álbum, Zalla desenha Zorro em uma HQ que sobreviveu à destruição dos originais das outras aventuras do personagem, com roteiro de Primaggio Mantovani. Como promessa, a Editora espera trazer ainda este ano de 2023 outro clássico, as tiras de Jhonny Comet com arte de Frank Frazetta. Visite o Projeto e confira a por si mesmo a grandeza do mestre Salinas.
Link para o Projeto no CATARSE.
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Pílula Gráfica #29: Júlia - Especial #1 - (2022)
terça-feira, 11 de julho de 2023
Pílula Literária #13: O Coração das Trevas
Joseph Conrad |
sábado, 8 de julho de 2023
Pílula Literária #12: Assombrações do Recife Velho
Para maiores conhecimentos acerca do tema indico fortemente:
domingo, 2 de julho de 2023
Pílula Gráfica #28: Ken Parker #4 - (2021)
A Coleção Ken Parker da Editora Mythos é talvez uma das melhores coleções de quadrinhos sendo publicadas atualmente. A saga do personagem é um retrato vívido e real do Oeste Americano. Suas tensões raciais, política, injustiças... Se você está ouvindo falar pela primeira vez de Ken Parker, decididamente você deveria conhece-lo. A atual coleção da Mythos é a melhor opção depois de anos de publicações descontinuadas com as histórias do personagem. No momento em que escrevo estas palavras, a coleção já se encontra em seu volume 13. Nesta postagem gostaria de comentar o volume 4, no qual finalmente temos a conclusão da caçada que Ken Parker empreende contra o mercenário Donald Welsh, assassino do homem que poderia ter impedido uma guerra sangrenta entre brancos e índios, Ely Donehogawa, assassinado na história Homicídio em Whashington (vol. 02). O que seria apenas uma caçada por um homem desprezível, transforma-se em algo muito maior nas mãos de Giancarlo Berardi. O volume 4, assim como os demais volumes traz duas histórias completas. Na primeira delas (Sob o Sol do México) Ken caça sua nêmese até os territórios mexicanos e, durante a viagem conhece personagens que emolduram adequadamente a vida real. A prostitua adolescente agenciada e explorada pelo tio, um casal de saltimbancos (Carmem e Roman) que possuem ideais revolucionários. Histórias tragicômicas que tangenciam o caminho de Ken Parker. Embora se esforce muito, Donald Welsh escapa, forçando Ken Parker a continuar sua caçada em São Francisco. Ali começa a 2ª história (Golpe em São Francisco). Um relato no qual Berardi sequer mostra o protagonista (Ken Parker) nas primeiras 40 páginas da história. Na verdade o roteirista usa esse tempo para desenvolver a personalidade do facínora Welsh, e introduzir personagens de apoio extremamente interessantes, a golpista Donna Ashford e o dentista Jack Boots. O leitor por um pequeno momento se vê simpatizando com o vilão ao ser construídas novas camadas dramáticas a ele. Entretanto, Berardi é perfeito nesse aprofundamento, pois não alivia em nada os métodos cruéis de Welsh. Ken Parker será, sem dúvida, um destaque entre minhas leituras de 2023!