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segunda-feira, 24 de julho de 2023

Plataforma de Lançamentos #3 - Clássicos Sci-Fi: Anos 50 Vol. 03 (2023) - Versátil Home Vídeo


Com uma curadoria incrível ao longo da última década a empresa Versátil Home Vídeo presenteou a cinefilia brasileira com verdadeiras pérolas da 7ª Arte. Com diversas coleções temáticas e a presença constante de extras que amplificam e dimensionam a obra de forma excepcional em seus lançamentos, desta vez foi a vez de desdobrarem a já tradicional Coleção Clássicos Sci-Fi, que passou a contar com este novo braço, a Coleção Sci-Fi Anos 50. Com lançamento previsto para agosto de 2023, o volume 3 desta série trará filmes com a assinatura de diretores como Jack Arnold e Roger Corman. Dona de uma inconografia única, a década de 50 amplificou medos e desejos da sociedade do pós 2ª Guerra Mundial. Futuros platinados, distópicos, catastróficos, ou situações da época sob o viés da ciência, eram abordados e traziam por vezes subtextos genuínos e interessantes. Por ser um gênero no qual os grandes estúdios ainda não apostavam muito, foi necessário a passagem dos anos 60 para que as majors apostassem um pouco mais nesse gênero que vinha se amadurecendo e se decantando, a ponto de vermos, em 1968, o lançamento de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. A suspensão da descrença e a capacidade de maravilhamento tão usadas no passado pela minha geração em filmes de Ray Harryhausen por exemplo, tem sido produto em falta na atual geração que se preocupa mais com a qualidade do CGI do que com a incrível possibilidade de transposição que o cinema nos dá. Infelizmente Sommeliers de CGI abrem mão do contexto imaginativo e abraçam de forma contundente a tecnicidade cinematográfica. Para pessoas assim, Clássicos Sci-Fi Anos 50 tem muito pouco a acrescentar. Entretanto, caso você ainda consiga contextualizar os tempos, e se posicionar de forma genuína e sincera, ainda que por 1 hora e meia, dentro do contexto histórico de uma década, no caso os anos 50... bom, nesse caso você terá experiências extremamente interessantes, conseguindo inclusive retornar para os anos 2020 carregando elementos raros do passado. Elementos que lhe darão estofo para entender e re-significar o mundo atual. Experimente... faça essa viagem equipado com as ferramentas que dei acima e você poderá se surpreender.

domingo, 23 de julho de 2023

Pílula Gráfica #30: A Floresta - (2022)

Difícil é exprimir em palavras algo que não foi concebido para ser comunicado por meio do veículo escrito ou falado, mas apenas pelo imagético. Nesses casos, a tentativa possivelmente resultará na corrupção da mensagem, ou então na sua transformação em outra coisa, geralmente de menor valor. Assim, minha tentativa de trazer aqui um pouco do que foi minha experiência com a A Floresta de Thomas Ott será apenas uma humilde tentativa. Famoso por seus quadrinhos mudos lá fora, o suíço Thomas Ott possui dois títulos seus publicados no Brasil, ambos pela DarkSide Books, Panopticum e A Floresta. Seria muita pretensão de minha parte comunicar a profundidade que Ott alcança em A Floresta ao tratar do tema "morte". Para quem possui uma relação um pouco mais profunda com a natureza, especificamente com a mata ou floresta, reconhecer esse espaço como veículo ancestral de sabedoria silenciosa é algo relativamente fácil. Ott usa o elemento silencioso do "verde", sua hermética beleza e fascínio "quase" místico, para contar uma história que, sem uso de palavras, desce aos porões da dor existencial da perda de um ente muito próximo. O vazio, a dificuldade em se reconhecer na nova realidade a partir da "ausência", a sensação da correnteza da vida de repente se estagnar e o tempo se contrair... lugar este já visitado por aqueles que experimentaram uma perda. A história, narrada por meio das imagens produzidas pelo autor, com suas nuances, concretudes e subjetividades de traço, catalisa a revisitação a este lugar de perda e ausência. Uma história que usa a floresta como metáfora (ou talvez não) para a descida ao lugar da dor interior. Acompanhamos um pequeno garoto que se embrenha na mata para fugir da intolerável ausência produzida pela morte. Nesta pequena pérola, Thomas Ott alcança a difícil tarefa de produzir no outro, o acesso às camadas profundas do afeto que aquece, mas ao mesmo tempo dói. Reconheço em A Floresta, imagens profundas deste lugar de dor, solidão e, ao mesmo tempo, redenção...

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Plataforma de Lançamentos #2 - História do Oeste (2023) - Editora Saicã


História do Oeste diz respeito à epopeia da família MacDonald ao longo de gerações. Escrita pelo grande roteirista italiano Gino D´Antonio, a obra teve duas passagens pelo Brasil. Primeiramente pela Editora EBAL entre os anos de 1970 à 1987 e, depois pela Editora Record entre os anos de 1991 à 1995. Este novo lançamento da Editora Saicã, entretanto, busca resgatar a série na íntegra, em cores e em capa dura, além de trazer um acréscimo de 200 páginas feito pelo autor entre as edições de números 1 a 3. A proposta da Saicã é, por meio de financiamento coletivo via Catarse, trazer a Saga inteira com seus 75 números com uma programação de publicação de 2 histórias por volume, totalizando, portanto cerca de 37 edições. A narrativa inicia-se nos primeiros anos do século 19 (por volta do ano de 1800) e tangencia importantes eventos históricos reais com a partição de personagens históricos tais como General Custer, Wild Bill Hickok, Buffalo Bill, Calamity Jane, Kit Carson, Jim Bridger, Billy the Kid, Geronimo e Cochise, entre outros. A arrojada proposta da Editora tem tudo para ser um sucesso considerando a riqueza do material. Os leitores mais antigos possivelmente leram algo da obra em sua passagem pela Ebal quando então era lançada sob o nome de Coleção Epopeia-TRI. Conforme explica o Editor da Coleção Neimar Nunes, o nome Epopeia-TRI foi dado em função dos volumes serem lançados trimestralmente à época e pelo fato do Brasil ter sido campeão em 1970 (ano do início do lançamento pela Ebal) na Copa do Mundo de Futebol no México. O lançamento busca atender não apenas o fiel público do gênero Western, mas também fazer conhecer para as novas gerações este excelente material que, para além da representação histórica legítima, é leitura de qualidade e imprescindível. A campanha de financiamento dos dois primeiros já ultrapassou a meta no momento em que escrevo esta matéria, mostrando a força do material. Um diferencial dos lançamentos de editoras como a Saicã, é o fato das pessoas envolvidas na publicação do material serem fãs e conhecedoras do assunto, o que confere à publicação um apuro e fidelidade acima da média do que é visto em outras editoras. Algo que, infelizmente, não ocorre em editoras brasileiras de grande porte que, acabam vendo o material apenas como um produto, o que, por conseguinte, o deixa 100% suscetível à fenômenos mercadológicos. Isso implica em cancelamentos ao menor sinal de oscilação em vendas e no lucro. Infelizmente o colecionador pôde ver isso acontecer em recente caso envolvendo o material do roteirista Jeff Lemire (Royal City Volume 1: Segredos em família) que foi descontinuado por uma grande editora. História do Oeste volta ao Brasil pela terceira vez, porém agora com um tratamento especial. Conheça e campanha!!

Link para o Projeto no Catarse!

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Plataforma de Lançamentos #1 - Cisco Kid (2023) - UCHA Editora



O mercado nacional de quadrinhos vive uma cena talvez nunca vista. Resgates históricos, variedade de gêneros, títulos, autores, licenciadores... Um movimento que em algum momento terá que ser abordado com a devida paciência considerando suas múltiplas causas, dentre elas o aparecimento de inúmeras editoras catapultadas pelas plataformas de financiamento coletivo. Diante desta profusão de lançamentos, alguns merecem destaque, e este aqui é um deles. José Salinas, ilustrador argentino da primeira metade do século 20 foi um gigante e, finalmente recebe em nosso país o tratamento que merece. Um de seus personagens volta ao Brasil em edição caprichada pelo Selo Editorial Super-X da Editora UCHA. Atualmente em campanha na plataforma de financiamento coletivo CATARSE, o lançamento traz de volta Cisco Kid, um dos grandes personagens dos quadrinhos norte-americanos que teve, sob o magnífico traço de Salinas, sua encarnação mais fiel. O volume, com acabamento de luxo e formato horizontal para conseguir dimensionar as tiras de Salinas conforme foram originalmente concebidas, trará a três primeiras histórias do herói (Lucy, Flor Rubra e Belle) publicadas em 1951. Além do óbvio resgate histórico, a arte de Salinas nunca foi apresentada no Brasil com o grau e apuro aqui demonstradas. Fruto da restauração a que foi submetida por um dos maiores restauradores do mundo, Manuel Caldas que, infeilizmente só conheci agora. Entretanto, Caldas esteve por trás da restauração das pranchas de Hal Foster em Príncipe Valente além da restauração de histórias de Tarzan, Krazy Cat entre outros. A Editora UCHA tem por trás Francisco Ucha, nome envolvido com a recuperação de grandes clássicos nacionais, tendo já lançado obras como Uma Aventura na Independência, Tony Carson - O Chacal entre outras. Na página de financiamento coletivo dedicada ao lançamento de Cisco Kid é possível vislumbrar um aperitivo da arte de Salinas e seu Cisco Kid. Realmente magnífico. A partir de hoje ainda restam 32 dias restantes para se apoiar o projeto. Na página de apoio é possível adquirir outros lançamentos da editora, dentre os quais os dois que citei acima (que já tenho em minha coleção) e ainda outro incrível álbum com a arte de outro gigante, Rodolfo Zalla. Neste álbum, Zalla desenha Zorro em uma HQ que sobreviveu à destruição dos originais das outras aventuras do personagem, com roteiro de Primaggio Mantovani. Como promessa, a Editora espera trazer ainda este ano de 2023 outro clássico, as tiras de Jhonny Comet com arte de Frank Frazetta. Visite o Projeto e confira a por si mesmo a grandeza do mestre Salinas.

Link para o Projeto no CATARSE.


quinta-feira, 13 de julho de 2023

Pílula Gráfica #29: Júlia - Especial #1 - (2022)


Vencido pelo cansaço a partir da opinião da esmagadora maioria de pessoas pelas quais tenho profundo respeito, e movido pela curiosidade de conhecer um segundo personagem, além de Ken Parker, de autoria do italiano Giancarlo Berardi, finalmente me dobrei à ideia de ler algo da criminóloga Júlia Kendall. Uma personagem que à princípio, sempre esteve na total periferia de meu radar, exceto pelo seu rosto inspirado na atriz Audrey Hepburn. Após o sucesso de Berardi em Ken Parker (publicado originalmente na Itália entre 1977 e 1984) o autor buscou novos horizontes. Nessa busca, aprofundou-se no ambiente hermético e visceral da criminologia. Deste período emergiu Júlia Kendall. Júlia é formada em criminalística e possui como motivação máxima entender os desejos, motivações, impulsos e objetivos de homicidas. Em outras palavras, entender os caminhos obscuros que a mente humana pode tomar. De aparência enganadoramente frágil, a personagem é dotada de grande talento investigativo e trafega com desenvoltura por ambientes insalubres e psiquicamente instáveis. Com esta premissa Berardi fez de novo! Trouxe qualidade, inovação e dramaticidade ao formular com brilhantismo o universo de Júlia Kendall. Obra que efetivamente fascina, envolve e coloca em foco o perigoso mas atraente mundo da mente humana. Cheia de referências culturais, a série realmente precisaria ser mais conhecida. Minha (recente) porta de entrada foi o Nº 01 de Júlia Especial. A personagem é publicada no Brasil pela Editora Mythos atualmetne, e estrela 3 séries em nosso país (01 delas já concluída). A clássica Júlia - Aventuras de Uma Criminóloga (Formato Italiano), a primeira publicada na Itália a partir de 1998 que contou com 200 números. A continuação Júlia - Aventuras de Uma Criminóloga, e a já concluída Júlia - Especial (foto) que contou com 10 volumes. Todas estas séries passíveis de serem encontradas no site da Editora Mythos ou na loja física Mundo Mythos à Rua Augusta 1371 sobreloja 01 - São Paulo - SP. A série Júlia - Especial narra a juventude da personagem, ainda na faculdade, escolhendo seu caminho como investigadora criminal. Ao ler este Nº 01 pude vivenciar todo impacto da qualidade do material. A personagem possui múltiplas camadas e, merecidamente, uma legião fiel de fãs. Deveria ter mais projeção do que vemos e mais análises de seu material que, assim como Ken Parker, fura completamente a bolha mainstream das publicações mensais da 9ª Arte.


terça-feira, 11 de julho de 2023

Pílula Literária #13: O Coração das Trevas


Parece haver, escondido no espaço profundo do homem, um local obscuro capaz de ouvir chamados (audíveis ou não) advindos da natureza mais primitiva interna e/ou externa. Na sucessão de eventos aos quais somos submetidos, é possível caminharmos por territórios nos quais a "razão" é simplesmente obliterada. O polonês Joseph Conrad em 1890, então com 32 anos e empregado de uma empresa extratora de Marfim, embarca para o Congo. A viagem fazia parte da política expansionista da monarquia Belga tendo como objetivos o envio do progresso, cultura, paz e prosperidade para a região. Apenas mentiras para encobrir a espoliação do local, conduzida à força e às custas de sangue, escravidão, violência e crueldade. Após a viagem, Conrad deixa a empresa com profundas marcas que o levariam a escrever em 1899 O Coração das Trevas. Livro no qual narra a experiência do Capitão Marlow nas profundezas de floresta semelhante à que Conrad visitara. Mais que um relato de expedição, a obra aprofunda elementos da psique humana quando sujeitos à barbárie e à ambientes inóspitos. Além disso, a obra é verdadeiro manifesto acerca da brutalidade e futilidade dos valores que, em geral, movimentam a trajetória humana. O personagem principal do livro, Marlow, embrenha-se nas florestas em busca do homem chamado Kurtz, funcionário desaparecido, visionário da empresa e expoente da exploração de marfim. A trajetória de Marlow é tão espiritual/existencial quanto física, à medida em que se aprofunda mais e mais nos espaços obscuros da floresta com seu barco a vapor na companhia de escravos e funcionários da companhia. Adaptado para o cinema em 1979 por Francis Ford Coppola, o filme Apocalypse Now transpõe as selvas do Congo para as do Vietnã, ambientando a irracionalidade da exploração do Marfim para a da Guerra. O filme, que quase levou Coppola ao suicídio, que proporcionou um infarto do miocárdio ao ator protagonista (Martin Sheen) e quase enlouqueceu toda a equipe à época, foi sucesso de público e crítica. Entretanto trouxe uma experiência de loucura e desconexão com a realidade, muito parecida à de Conrad, à todos aqueles que viajaram para as florestas das Filipinas para as gravações. A edição que li, da LP&M Pocket, estava há muito tempo em minha pilha de leitura, muito embora exista edição com nova tradução pela DarkSide Books. O Coração das Trevas lança luz sobre os cantos escuros da alma humana e converte-se em um Clássico da Literatura por transformar um relato de expedição, na mais verdadeira e assustadora descrição do interior humano.

Joseph Conrad

sábado, 8 de julho de 2023

Pílula Literária #12: Assombrações do Recife Velho


Em 2010 assisti à montagem da peça Assombrações do Recife Velho pela companhia de teatro Os Fofos Encenam. A experiência foi como estar dentro de um "sonho" uma vez que o pequeno local em que a peça foi encenada no Bairro da Bela Vista em São Paulo pareceu se transmutar em um espaço infinito. Ali percebi se remexer dentro de mim lembranças da infância na Fazenda Santa Bárbara no Mato Grosso do Sul. Fazenda gigante e cheia de mistérios. A sensação de estar acessando forças ancestrais durante a peça foi intensa. Principalmente durante o ato final durante o qual ouvimos Vale do Jucá do músico Recifense Siba, música que funciona quase como uma invocação do Brasil profundo. Desde então o livro que deu origem à peça entrou para meu radar. Passados muitos anos finalmente li a obra original de Gilberto Freyre. Lançado em 1955, o livro é uma coletânea de causos catalogados por Freyre com a ajuda de um repórter que trabalhava no jornal no qual Freyre era Diretor (período 1928 à 1930). Registrados a partir da entrevistas, a obra é fonte de relatos estranhos, misteriosos e cheios de elementos culturais e sobrenaturais. A experiência da leitura cresce à medida em que o leitor permite que sua mente se abra para a possibilidade de existência de elementos inexplicáveis. Freyre, muito mais conhecido pelo seu livro Casa Grande e Senzala, consegue equilibrar os relatos a partir de uma escrita que, em nenhum momento, desacredita ou deslegitima os ocorridos. Esse respeito com que trata o material mostra que: ou 1) ele acreditava no que ouvira; ou 2) valorizava os relatos na perspectiva cultural como espelhos da sociedade em que crescera; ou 3) os dois. Esta abordagem de Freyre foi uma das grandes gratas surpresas que tive porque entendo que relatos populares merecem respeito de nossa parte, independente da posição em que ocupamos nesta nossa atual Era na qual, equivocadamente, muitos expressam certo desprezo por tudo aquilo que a tecnologia não toca. Na verdade, o homem desnudado de sua roupagem tecnológica, continua sendo o frágil espécime que sempre fora diante dos mistérios do entorno. E é isso que nosso tempo acaba querendo encobrir com suas traquitanas tecnológicas e sua falsa sensação de comunidade de redes sociais. No fim, aquilo que Freyre traz no livro ainda está à espreita, pacientemente esperando nossa frágil ilusão moderna se dissolver.

Para maiores conhecimentos acerca do tema indico fortemente:


domingo, 2 de julho de 2023

Pílula Gráfica #28: Ken Parker #4 - (2021)





A Coleção Ken Parker da Editora Mythos é talvez uma das melhores coleções de quadrinhos sendo publicadas atualmente. A saga do personagem é um retrato vívido e real do Oeste Americano. Suas tensões raciais, política, injustiças... Se você está ouvindo falar pela primeira vez de Ken Parker, decididamente você deveria conhece-lo. A atual coleção da Mythos é a melhor opção depois de anos de publicações descontinuadas com as histórias do personagem. No momento em que escrevo estas palavras, a coleção já se encontra em seu volume 13. Nesta postagem gostaria de comentar o volume 4, no qual finalmente temos a conclusão da caçada que Ken Parker empreende contra o mercenário Donald Welsh, assassino do homem que poderia ter impedido uma guerra sangrenta entre brancos e índios, Ely Donehogawa, assassinado na história Homicídio em Whashington (vol. 02). O que seria apenas uma caçada por um homem desprezível, transforma-se em algo muito maior nas mãos de Giancarlo Berardi. O volume 4, assim como os demais volumes traz duas histórias completas. Na primeira delas (Sob o Sol do México) Ken caça sua nêmese até os territórios mexicanos e, durante a viagem conhece personagens que emolduram adequadamente a vida real. A prostitua adolescente agenciada e explorada pelo tio, um casal de saltimbancos (Carmem e Roman) que possuem ideais revolucionários. Histórias tragicômicas que tangenciam o caminho de Ken Parker. Embora se esforce muito, Donald Welsh escapa, forçando Ken Parker a continuar sua caçada em São Francisco. Ali começa a 2ª história (Golpe em São Francisco). Um relato no qual Berardi sequer mostra o protagonista (Ken Parker) nas primeiras 40 páginas da história. Na verdade o roteirista usa esse tempo para desenvolver a personalidade do facínora Welsh, e introduzir personagens de apoio extremamente interessantes, a golpista Donna Ashford e o dentista Jack Boots. O leitor por um pequeno momento se vê simpatizando com o vilão ao ser construídas novas camadas dramáticas a ele. Entretanto, Berardi é perfeito nesse aprofundamento, pois não alivia em nada os métodos cruéis de Welsh. Ken Parker será, sem dúvida, um destaque entre minhas leituras de 2023! 


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