Vencido pelo cansaço a partir da opinião da esmagadora maioria de pessoas pelas quais tenho profundo respeito, e movido pela curiosidade de conhecer um segundo personagem, além de Ken Parker, de autoria do italiano Giancarlo Berardi, finalmente me dobrei à ideia de ler algo da criminóloga Júlia Kendall. Uma personagem que à princípio, sempre esteve na total periferia de meu radar, exceto pelo seu rosto inspirado na atriz Audrey Hepburn. Após o sucesso de Berardi em Ken Parker (publicado originalmente na Itália entre 1977 e 1984) o autor buscou novos horizontes. Nessa busca, aprofundou-se no ambiente hermético e visceral da criminologia. Deste período emergiu Júlia Kendall. Júlia é formada em criminalística e possui como motivação máxima entender os desejos, motivações, impulsos e objetivos de homicidas. Em outras palavras, entender os caminhos obscuros que a mente humana pode tomar. De aparência enganadoramente frágil, a personagem é dotada de grande talento investigativo e trafega com desenvoltura por ambientes insalubres e psiquicamente instáveis. Com esta premissa Berardi fez de novo! Trouxe qualidade, inovação e dramaticidade ao formular com brilhantismo o universo de Júlia Kendall. Obra que efetivamente fascina, envolve e coloca em foco o perigoso mas atraente mundo da mente humana. Cheia de referências culturais, a série realmente precisaria ser mais conhecida. Minha (recente) porta de entrada foi o Nº 01 de Júlia Especial. A personagem é publicada no Brasil pela Editora Mythos atualmetne, e estrela 3 séries em nosso país (01 delas já concluída). A clássica Júlia - Aventuras de Uma Criminóloga (Formato Italiano), a primeira publicada na Itália a partir de 1998 que contou com 200 números. A continuação Júlia - Aventuras de Uma Criminóloga, e a já concluída Júlia - Especial (foto) que contou com 10 volumes. Todas estas séries passíveis de serem encontradas no site da Editora Mythos ou na loja física Mundo Mythos à Rua Augusta 1371 sobreloja 01 - São Paulo - SP. A série Júlia - Especial narra a juventude da personagem, ainda na faculdade, escolhendo seu caminho como investigadora criminal. Ao ler este Nº 01 pude vivenciar todo impacto da qualidade do material. A personagem possui múltiplas camadas e, merecidamente, uma legião fiel de fãs. Deveria ter mais projeção do que vemos e mais análises de seu material que, assim como Ken Parker, fura completamente a bolha mainstream das publicações mensais da 9ª Arte.
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