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sábado, 9 de abril de 2022

Pílula Gráfica #18: Morgan Lost - (2020...)


Duas coisas fazem de Morgan Lost (Editora 85) uma obra que precisa ser conferida. A primeira delas é a trama escrita por Claudio Chiaverotti, que é quase que 100% inspirada nos clássicos Noir das décadas de 30 e 40 do século XX. Um estilo em que na maioria das vezes personagens marginais, violentos e sem escrúpulos convivem com pessoas comuns. E nesse ambiente, mesmo os heróis são ambíguos e incapazes de verdadeiramente se redimirem ou escaparem da violência a que eles próprios são dependentes. Mas há uma segunda razão que, se você for amante do estilo ART DECO (tão presente nas décadas de 30 e 40), fará a obra se tornar imprescindível. Um estilo que sobreviveu em prédios, mobílias, objetos e painéis que podem ser vistos até hoje. Quem mora em São Paulo (capital) conhece muito bem, por exemplo, o Prédio do Banespa e sabe a que me refiro. Ou então se você é de Goiânia, conhece muito bem o estilo do Teatro Goiânia (100% Art Deco). O Mundo de Morgan Lost (o protagonista da obra) é uma mistura de estilo ART DECO com tecnologias muito a frente do tempo em que se passa a história, o ano de 1953. E isso tem uma explicação, Morgan vive em uma realidade paralela a nossa. Pequenas sutilezas são inseridas na narrativa que atestam isso, por exemplo o fato de Albert Einstein ser um escritor de ficção científica e não um cientista como em nossa realidade. Chiaverrotti pega, aliás, um recurso criado por Phillip K. Dick em seu distópico livro de 1962, O Homem do Castelo Alto. Da mesma forma que ocorre no livro de Dick, em Morgan Lost há um livro (escrito por Einstein) no qual ele fala a respeito de uma realidade (no caso a nossa) em que as coisas ocorreram de forma diferente. Diferentemente da nossa realidade, por exemplo, no mundo de Morgan, Hitler foi assassinado pela espiã Marlene Dietrich. Diversas outras ocorrências fazem do mundo de Morgan um local estranho, como um espelho invertido do nosso. O protagonista é um caçador de serial killers, e ganha a vida com isso. Mas logo no início da história ficamos sabendo que ele era um cara comum no passado. Dono de um daltonismo peculiar, Morgan vê o mundo em tons de cinza e vermelho, daí o fato da história ser desenhada nesses tons. Para o leitor mais atento, no entanto, parece que as coisas que Morgan enxerga como "vermelho" possuem, no fundo, certa simbologia que ainda não fica bem clara, mas que parece bem importante para a história. Por ser um quadrinho Bonellliano, a história carrega a tradicional qualidade a que estamos acostumados da editora. Se você gosta de um ótimo policial Noir, de distopia, realidades paralelas e acima de tudo, admira o estilo DECO, então não perca tempo. Conheça Morgan Lost!




Estátua à esquerda: Referência clara à Metrópolis de Fritz Lang.


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