Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
Deadpool foi criado para ser o personagem politicamente incorreto da Marvel. Não é à toda que sua criação se deu quando os quadrinhos mergulharam em uma espiral descendente de mediocridade e falta de criatividade, a saber, os anos 90. O chamado Mercenário Tagarela é a síntese de uma Era dos quadrinhos em que os desenhos eram super valorizados e os roteiros eram literalmente descartáveis e relegados à um total segundo plano. Uma fase fútil e descartável das HQs de super-heróis. A própria origem de Deadpool mostra que o homem por trás da máscara (um cara simplesmente conhecido como Jack), era uma pessoa sem princípios, grosseiro e violento. Por mais que o cinema tente vender um personagem diferente, é importante lembrarmos quem Deadpool realmente é nos quadrinhos.
Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
Para os fãs do personagem sua peça na Coleção de Miniaturas Marvel Eaglemoss ficou muito boa em minha opinião. Os detalhes do uniforme estão bem modelados, e todos os adereços que fazem do personagem um misto de duende com ninja, estão presentes. O cinto com recursos militares, bem como o coldre na lateral direita ficaram bons. O coldre marrom, aliás é sustentado por faixas desta mesma cor que se unem na região peitoral esquerda e alcançam então o pescoço. Um detalhe muito usado nos personagens dos anos 90. Exemplo é o Ciclope dos anos 90, que usava algo muito semelhante.
Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
A espada na mão esquerda e a arma cano longo na direita também estão boas. As bainhas nas costas, que servem para guardar suas espadas ninja, são marcantes e muito bem apresentadas na peça. O uniforme possui uma separação muito clara entre as partes vermelho e preto, e isso ficou muito bom na peça. Podemos notar, por exemplo um alto relevo que contorna toda a separação entre essas partes de cores diferentes. Isso ficou legal pois nos dá a impressão de que o uniforme não é uma simples malha, mas é, na verdade, algo mais consistente e rígido. No geral não tenho queixas da peça. Posso dizer que sua riqueza de detalhes é um diferencial.
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A origem de Deadpool é cercada de mistérios e lacunas. Jack era o nome que o homem por trás da máscara usava desde a adolescência, quando entrou para o exército canadense. Dono de uma mente instável e uma enorme inclinação para a violência, Jack não tardou a entrar para a vida de mercenário. Exercendo este ingrato ofício, Jack foi ferido mortalmente e resgatado quase morto por um casal que, movido por compaixão o recolheu e o tratou. O casal chamava-se Wade e Mercedes Wilson. Muitos dias depois, já recuperado, Jack agradece seus salvadores atacando-os e tentando roubar a identidade de Wade. Na luta, Jack acaba por matar Mercedes. Talvez abalado, ou tentando fugir do crime hediondo que praticara, Jack passa a acreditar que seu nome era Wade Wilson. Voltando a agir como um mercenário, Jack (ou agora Wade Wilson) desaparece do radar e viaja o mundo (Ásia e Oriente Médio) como um matador de aluguel.
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Retornando à América, Jack fica sabendo que está com câncer e se voluntaria para o programa Arma X do Governo Canadense. O programa fazia experiências clandestinas usando genes mutantes e é o mesmo que deu origem ao Wolverine que conhecemos hoje. As experiências com Jack foram parcialmente bem sucedidas, pois o dotou de um fator de cura extremamente eficaz, no entanto desfigurou seu corpo. O Programa tentou levar Jack à campo, apenas para perceber o quão instável mentalmente ele era. Assim, rejeitado pelo programa, Jack é levado à uma Instalação do Governo Canadense para super-humanos que saíram dos trilhos. Foi lá que Jack assumiu o codinome Deadpool (algo como Lista Negra em português). A lista, no caso referia-se à uma lista real sobre a qual o detentos apostavam quem seria o próximo à morrer nas mãos dos carrascos que dirigiam o local. Mas, superando todas as expectativas, Jack não apenas sobrevive como lidera os detentos em uma fuga, matando seu principal algoz, o assistente Ajax.
Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
Adotando o nome de Deadpool, Jack ou Wade Wilson, como a maioria dos leitores o chamam, voltou a vida de mercenário ganhando dinheiro trabalhando para diversos chefões do crime. O ponto forte do personagem sempre foi seu sarcasmo e humor negro. Isto conquistou uma legião de fãs que, talvez cansados da conotação sombria e angustiada que muitos heróis tomaram no final dos ano 80, passaram a ovacionar Deadpool como se ele fosse o novo fenômeno dos quadrinhos, algo como um novo Wolverine. Com o tempo as histórias do personagem acabaram por serem um local para roteiristas e desenhistas extravasarem suas críticas ao que quer que fosse, parodiando e escrachando tudo que fosse convencional dentro das HQs. Por isso, recursos como metalinguagem e a quebra da 4ª parede (recurso no qual o personagem percebe-se como fictício e tenta dialogar com o leitor) sempre estiveram presentes.
Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
Deadpool só possui a fama que tem porque realmente vivemos em um Mundo surreal, no qual as notícias parecem cada dia mais ficcionais. Isso ampara o uso de personagens que trafegam nessa linha entre o surrealismo, a violência desmedida e a total ridicularização de tudo e de todos. No Brasil, programas de TV como Pânico na TV, entre outros, foram por este caminho na tentativa de capitanearem sucesso. A questão é que, embora até possa ser divertido, ações destituídas de quaisquer princípios acabam por descambar e ferir pessoas, física ou emocionalmente. Deadpool talvez seja apenas uma fantasia escapista e que acaba por divertir, mas só. Diferentemente de outros personagens que evocam questionamentos e inspiram jovens e crianças.
Miniatura Marvel Nº 56 - Deadpool |
O filme de Ryan Reynolds trouxe alguns elementos dos quadrinhos, dentre eles a ridicularização de tudo e de todos, embora de uma forma mais contida e cuidadosa. A violenta e maligna índole de Jack também foi escondida para deixar o personagem mais aceitável, que é visto mais como vítima de um sistema do que como coparticipante dele. Posso dizer que gostei do filme, há muita violência gratuita, mas o filme é o que mencionei acima, escapismo. Mas não há problema nisso. No fim, talvez seja isso que o Mundo, assolado pelos fantasmas atuais, busque.
Grande abraço!!