Olá amigos, este ano iniciei minha viajem literária me aprofundando no interior da rede mundial de raízes. Isso mesmo, em A Vida Secreta das Árvores pude me aprofundar em uma consciência abrangente, viva, verde e pulsante! Continuei minha viagem ao lado do personagem Ragle Gumm no livro O Tempo Desconjuntado de Philip K. Dick, investigando a possibilidade da realidade em que vivemos ser apenas um simulacro. Depois, mergulhei em uma jornada lisérgica ao ler As Portas da Percepção de Aldous Huxley, livro que instigou uma geração inteira a expandir sua consciência por meio de experiências com alucinógenos. Com a aproximação do lançamento da continuação cinematográfica de O Iluminado, li Doutor Sono do Mestre Stephen King. Logo depois, acompanhei um experimento para expandir a inteligência de alguém com um QI muito baixo no livro Flores para Algernon. O filme Interestelar me tocou profundamente quando foi lançado por enxergar o tempo de uma forma que eu sempre achei possível, por isso quando a adaptação literária do roteiro saiu no Brasil não pude deixar de ler Interestelar - O Livro. Por fim, mergulhei fundo em uma aterradora casa mal assombrada em A Maldição da Casa da Colina, viajei para fora da Terra em uma estranha experiência cósmica em Além do Planeta Silencioso e terminei o ano ao lado dos delírios da brilhante mente de Philip K. Dick na biografia Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos. Refaçam comigo agora esta viagem! Caso se interessem por alguma destas obras deixarei o link para compra na Amazon. Se comprarem pelo link estarão ajudando o Blog em sua jornada!
Instigado pela estranha visão do escritor Alan Moore em sua passagem pelas histórias em quadrinhos do Monstro do Pântano, sempre tive vontade de investigar mais a fundo o que a ciência diz a respeito das árvores como seres vivos. Teriam elas uma consciência coletiva? Viveriam sob uma outra perspectiva do tempo-espaço e por isso mesmo inacessíveis à nós? Se comunicariam? O livro A Vida Secreta das Árvores do Engenheiro Florestal Peter Wohlleben responde praticamente a todas essas perguntas e para nosso espanto a resposta é "SIM" para todas elas. O livro nos dá uma perspectiva totalmente diferente da botânica e nos envergonha pelo fato de tratarmos de forma tão displicente estes seres que dividem conosco esta grande nave espacial que é nosso planeta.
Um dos temas mais recorrentes na obra de Philip K. Dick é a natureza da realidade. Viveríamos em uma Matrix? Estaríamos apenas sonhando uma realidade? O Tempo Desconjuntado é uma obra ainda do início da carreira de Dick que traz a experiência de um homem (Ragle Gumm) que vive em uma pequena e pacata cidade norte-americana nos anos 50. No entanto, detalhes muito sutis vão preenchendo a mente de Gumm com a ideia cada vez mais clara de que tudo não passa de um simulacro, ou seja, tudo é "fake". O próprio autor, Philip K. Dick, vivia sob esta ideia e, neste livro, acompanhamos seu personagem (que poderia muito bem ser apenas um alter ego do autor) em um grande esforço para descobrir o que há por trás da cortina.
Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo escreveu As Portas de Percepção para contar suas experiências com drogas alucinógenas. O livro influenciou uma legião de pessoas nos anos 60 ao validar o uso controlado de substâncias como indutoras de uma percepção maior e melhor da realidade à nossa volta. Bandas como The Doors, por exemplo, tinham esse livro como grande obra de inspiração. Huxley parte do princípio que nosso cérebro evoluiu de maneira a funcionar como um filtro para nos proteger de uma maior percepção da realidade, algo que poderia até nos esmagar tendo em vista tudo que nos cerca. Determinadas substâncias (usadas inclusive em rituais místicos) seriam uma forma (mas não a única) de minimizar o efeito limitador de nosso cérebro, nos libertando para uma maior percepção. Gostei muito do livro que traz um 2º ensaio complementar do autor acerca deste tema chamado Céu e Inferno. Uma obra para ser lida e contextualizada.
Stephen King revela no prefácio de Doutor Sono que sempre quis saber o que teria acontecido com o pequeno Danny Torrance, o iluminado de seu livro de 1976. Em Doutor Sono o autor finalmente resolve dar vazão à sua criatividade e encontra o destino de Danny. Gostei do livro e consegui enxergar o bom e velho King nesta continuação. As primeiras páginas conseguem dar uma ideia do que aconteceu com Danny logo após os eventos no Overlook Hotel para logo nos apresentar um Danny já crescido, por volta de seus 40 anos. Alguém sofrido e sem destino por não conseguir lidar com seu dom e com fantasmas que o acediam. King se aprimorou no uso de metáforas para descrever sentimentos e emoções, e como saldo final Doutor Sono é uma continuação à altura do original, embora, obviamente não o suplante. Mas isso é natural em sequências de grandes obras como foi O Iluminado.
Flores para Algernon é um delicado e pungente relato da vida de Charlie, um homem com um intelecto muito abaixo da média e que viveu sua vida servindo de chacota para os outros. Alguém que, em sua ignorância infantil, nunca percebeu isso. O sonho de Charlie é se tornar inteligente e para isso acaba servindo de voluntário para uma experiência que conjuga uma avançada técnica cirúrgica e psicoterapia. O resultado é um incremento absurdo em seus níveis de inteligência. Um aumento tão gigantesco que até mesmo os cientistas que o trataram passam a ser limitados diante de Charlie. O autor do livro, Daniel Keyes, adota a estratégia de narrar a história pela perspectiva de Charlie, revelando a montanha russa de emoções a que o personagem é submetido ao reinterpretar tudo o que fizeram com ele desde que era criança. É um livro muito bom e que foi adaptado para o cinema em 1969 com o título de CHARLIE, rendendo Oscar de melhor ator para Cliff Robertson (sim ele mesmo, o Tio Ben do 1º filme do Homem-Aranha do Diretor Sam Raimi). Flores para Algernon também ganhou o aclamado prêmio Nebula Awards em 1967, ou seja, uma obra realmente singular.
Sei que não foi para todos que o filme Interestelar foi bom, mas no meu caso houve uma conexão muito profunda com a obra, sobretudo em função da forma com que pude ver, pela primeira vez, algumas ideias que eu tinha acerca das dimensões do universo e sua relação com o tempo serem narradas. A história mostra que há coisas que transcendem o tempo, e mais, apresentam a deformidade do tempo, espaço e seus efeitos na frágil espécie humana. Talvez o ponto mais importante para mim foi a experiência do astronauta Cooper dentro do Buraco Negro Gargântua, de onde pôde observa seu próprio passado. A trilha sonora de Hans Zimmer emoldurou e potencializou perfeitamente a experiência que tive no cinema. Por isso foi natural que quando a adaptação do roteiro saiu em livro (Interestelar - Editora Gryphus) eu me interessasse. Se você foi tocado pelo filme como eu, sugiro fortemente a leitura do livro, pois por meio dele pude me aprofundar em cada nuance da história.
Quando vi que o livro A Assombração da Casa da Colina de Shirley Jackson seria adaptado para a TV em formato de série pela NetFlix, decidi que era hora de ler o livro antes de ver a série. Prática esta que acho sempre conveniente, já que gosto de ter a minha opinião acerca de uma obra, e não ser influenciado pela visão do diretor. O livro conta a história de um experimento psicológico conduzido por um cientista no qual algumas pessoas são convidadas a passarem um tempo em uma casa sabidamente assombrada. A obra foi adaptada outras duas vezes para o cinema, uma em 1963 no filme Desafio do Além e outra em 1999 com o nome A Casa Amaldiçoada. O livro termina de uma forma estranha e confesso que fiquei com certa dúvidas acerca de algumas coisas. Mas talvez seja esta a intenção da autora, ou seja, deixar o leitor com dúvidas acerca da natureza da casa. De qualquer é um livro celebrado por grandes mestres do gênero, inclusive Stephen King, que classifica o livro como a melhor obra de casa mal assobrada que ele já leu. Vale a pena conferir.
Desde muito jovem eu ouvira falar de uma certa obra de C.S. Lewis envolvendo ficção científica. Assim, sempre tive o desejo de um dia ver esta obra ser lançada no Brasil. Há algum tempo fiquei sabendo que a Trilogia Cósmica, da qual Além do Planeta Silencioso é o primeiro livro, foi uma obra fruto de uma aposta entre C.S. Lewis e seu amigo J.R.R. Tolkien (sim, ele mesmo, o autor de O Senhor dos Anéis). Na aposta um escreveria sobre viagem no tempo e o outro sobre ficção científica. Para Lewis caiu este último tema. Além do Planeta Silencioso consegue associar temas espirituais de forma muito sutil à uma trama envolvente acerca de uma viagem à um Planeta que depois ficamos sabendo se tratar de Marte, ou Malacandra, na língua local. Mas o Planeta Silencioso do título não é Malacandra, mas sim o Planeta Terra, que o leitor será levado a entender porque. Para quem tem o mínimo de experiência espiritual ou alguma referência cristã, a obra é simplesmente excelente. Caso esse não seja seu caso, ela funciona tão bem quanto obras como a de Edgar Rice Burroughs, Uma Princesa de Marte, em que são narradas as aventuras de John Carter. Recomendo muito Além do Planeta Silencioso para entendermos qual era a visão de Lewis (da qual eu partilho) acerca do plano cósmico.
O que filmes emblemáticos como Blade Runner - O Caçador de Androides, O Vingador do Futuro, Minority Report e séries como O Homem do Castelo Alto e Sonhos Elétricos teriam em comum? Na verdade todas estas histórias saíram da mente inquieta, delirante, brilhante e paranoica de Philip K. Dick. Escritor prolífico de ficção científica que passou a vida em busca do significado da realidade e do papel do ser humano em meio à tudo. Philip, morto em 1982, passou por uma experiência mística em 1974 a partir da qual formulou uma grande teoria apresentada na França em 1976 em um congresso de escritores de ficção científica. Em seu discurso, para uma plateia boquiaberta, o autor dava como certo a ideia que vivemos em uma Matrix, em um simulacro da realidade. Em Eu Estou Vivo Você Estão Mortos, o francês Emmanuel Carrè nos traz uma biografia excelente, uma tentativa de esquadrinhar a mente ao mesmo tempo paranoica, atormentada e brilhante de Dick. Um livro imprescindível para todo fã do autor ou de sua obra!
Bem amigos, caso desejem informações mais específicas (mas sem spoilers) acerca de cada livro acima, fiz posts específicos de quase todos. Para acessa-los basta clicar sobre o nome dos livros (em vermelho). E você? Qual foi a sua viagem literária em 2019? Deixe aqui nos comentários! Desejo à todos um feliz ano novo e um excelente 2020, ano em que o Blog Marcelo - Antologias fará 10 anos de existência.
Abraços à todos!!
OI Fabiano!
ResponderExcluirQue legal que se interessou. Caso você leia algum deles me avise para debatermos.
Sou fã de Stranger Things também e as referências são incríveis mesmo.
Um feliz 2020 para vc !!
Abcs!
Marcelo
Marcelo, tudo bem? Bom 2020! Suas avaliações literárias são muito boas, pela diversidade dos temas e a clareza com que vc as faz, parabéns! Apenas um lembrete: na crítica de Dr. Sono, o correto é “assediam”, ok? Olha, é um prazer ler o seu blog. Continue com os links para compras que tenho certeza seus leitores vão aproveitar bastante. Grande abraço. Mario
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