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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Aleph - "O Imortal"



Terminei de ler esse livro há poucos dias. "O Aleph" de Jorge Luis Borges. Conheci esse escritor recentemente. J.L. Borges foi escritor/poeta argentino. Seus temas são: o tempo, a infinittude, imortalidade, a perplexidade perante o insondável. Confesso que me falta erudição para acompanhar algumas de suas reflexões e citações literárias encontradas aos montes em seus contos. Em um deles, chamado "O Imortal", Borges conta uma história que  nos arremete à inutilidade da imortalidade para os seres humanos. Nesse conto, um tribuno romano (Marco Flamínio Rufo), que viveu (creio eu) próximo do nascimento de Cristo, ouve um dia de um viajante moribundo a revelação de que existe um rio que possue uma água capaz de conferir imortalidade. Próximo à esse rio encontra-se a cidade dos IMORTAIS. Marco Flamínio empreende uma jornada em busca dessa fonte pelo deserto, uma jornada tão difícil que ceifa a vida de todos os soldados de seu destacamento e quase o mata também. Às portas da morte, Marco Flamínio se depara (no meio do nada) com um pequeno rio de água barrenta e como último ato ele bebe dessa água. Marco transformava-se em um imortal. Ao lado do rio ele conhece uma pequena comunidade de homens que viviam como verdadeiros animais, parecendo homens das cavernas. Não tinham nem idioma. Marco vive séculos ali e constata  que tudo o que ele vive, viveu e irá viver, já foi,  de alguma forma, vivido em algum momento e continuará a se repetir indefinidamente. Tal constatação o faz perceber que aquela tribo de trogloditas eram os IMORTAIS!

A Cidade dos Imortais

Tal contemplação da eternidade faz com que ele também se perca em uma total inutilidade. Após séculos no deserto, sem falar uma palavra, apenas se alimentando de cobras os Imortais se lembram de que deveria haver em algum lugar do mundo um rio com efeito contrário à daquele primeiro. Um rio de mortalidade. Os Imortais se espalham pelo mundo na esperança de algum dia se depararem com esse rio. Após séculos e séculos, Marco Flamínio transforma-se em Joseph Cartaphilus, um antiquário. Um dia, em 1921, quando Joseph Cartaphilus passa pela Eritréia (país próximo à Arábia Saudita) ele bebe a água de um pequeno  riacho de águas claras. Ao subir novamente o barranco Joseph Cartaphilus fere sua mão em uma árvore espinhosa e depois de séculos vê seu prórpio sangue escorrendo do pequeno ferimento. Cartaphilus era, novamente, mortal!! Alguns anos depois ele morre, deixando sua história em um manuscrito dentro de uma grande e envelhecida enciclopédia. 
"Ser imortal é insignificante; exceto o homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível, é se saber mortal - Marco Flamínio".

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