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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Supremo - A Era Moderna


Supremo foi um personagem criado por Rob Liefeld em 1992 na onda dos super-heróis superficiais e testosteronados dos anos 90. E dentro desta perspectiva totalmente condenado ao limbo dos quadrinhos. Exceto pelo detalhe que durante a segunda metade dos anos 90 ele foi escrito por Alan Moore. Reconstruindo e dando significado maior  ao personagem, Supremo se tornou o laboratório perfeito para Moore mostrar o que teria feito caso tivesse escrito o Superman. A Editora Devir lançou aqui no Brasil entre 2007 e 2008 toda a passagem do Mago das Histórias envolvendo o Supremo. Dividido em 4 encadernados, os títulos compreendem quatro fases do Supremo sob a batuta de Moore. Cada fase representando características distintas das HQs em suas Eras. Já comentei aqui no Blog os 3 primeiros: Supremo - A Era de Ouro; Supremo - A Era de Prata; e Supremo - A Era de Bronze. Como sempre a concepção de Moore amarra diversos pilares dos quadrinhos e os aprofunda, como os conceitos do Multiverso, Vilões, Relacionamentos, as HQs como espelho das mudanças sociais entre vários outros. Finalmente li o 4º e último, Supremo - A Era Moderna. Nesses últimos capítulos da Saga, Moore passa sutilmente por conceitos que já haviam sido abordados pelo seu desafeto, ninguém menos que Grant Morrison em seu Homem-Animal, ou seja, o limbo dos personagens, já que o arqui-inimigo de Supremo (Darius Dax) está no que entendemos como o pós vida dos super-heróis. Além disso, ele desenvolve o relacionamento de Supremo com seu par romântico (Diane Dane), algo que todo fã sempre quis ver acontecer entre Clark Kent e Lois Lane. O gran finale, no entanto, se dá na última história New Jack City!, um verdadeiro tributo ao Rei Jack Kirby. Moore busca revelar o interior da mente criativa de Kirby e vai além ao revelar o mundo das ideias, ou Ideiosfera. Ao adentrar o âmago desse reino, Supremo finalmente encontra com Jack Kirby em pessoa, e tem um incrível diálogo com o Rei sobre tempo, espaço, criação e (quem sabe) a vida após a morte.


Chega a ser estranho ver a arte da HQ sob o traço típico dos anos 90 (personagens esguios, musculosos) e ainda assim estarmos diante de algo excepcional. Repetindo enfim a frase do próprio Alan Moore, "não existem personagens ruins, existem escritores ruins" e, definitivamente O Mago de Northampton demonstra isso.

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