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domingo, 29 de novembro de 2015

Astro City - Vol. 02 - Confissão


Olá amigos... Muitos de vocês devem se perguntar porque tenho certa fixação pela série Astro City de Kurt Busiek. A verdade é que... Tenho mesmo. No começo, devo admitir que muito de minha atração se restringia às incríveis capas de Alex Ross. Mas mesmo essa atração fazia parte de algo mais profundo. Em minha opinião as capas conseguiam captar um ideal superheróico que se perdeu, com algumas exceções, em meio à profusão de lançamentos nas últimas décadas. Daí eu pensava: "Se o conteúdo de Astro City conseguir sintetizar o mito e a alegoria do mundo dos super-heróis tal qual as capas, então realmente a obra será incrível!". Bem... Após ler a primeira história publicada pela PANINI em nosso país no 1º semestre de 2015 (Astro City - Vol. 01: Vida na Cidade Grande) percebi que a obra vendia sim o que prometia através das capas!!! Depois de praticamente 07 meses a PANINI lança o vol. 2 "Confissão", uma história que agora expande ainda mais o universo criado por Busiek, merecendo novamente menção honrosa aqui no Blog.

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 4

O volume da PANINI compila as histórias presentes em Kurt Busiek´s Astro City Vol. II de 4 à 9, lançadas originalmente entre 1996 e 1997. Com um prefácio fantástico de ninguém menos que Neil Gaiman, o volume traz a história do Confessor, um vigilante que, à semelhança de Batman, vive nas sombras combatendo o crime. No entanto, este vigilante esconde mais do que se pode imaginar. O arco traz também o encontro entre o Confessor e aquele que, durante um tempo, se tornaria seu parceiro, o Coroinha. Mas porque o universo de Astro City é tão importante e ao mesmo tempo fantástico!?

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 5

O universo dos super-heróis sempre significou muito mais do que parece significar, e quem nunca percebeu isso talvez nunca tenha aproveitado de fato os mistérios da 9ª Arte. A verdade é que esses deuses fantasiados surgiram há muito tempo e de certa forma acabaram por espelhar os acontecimentos do mundo real. Nos anos 50 e 60, com a Era de Prata despontando, vimos aparecer histórias non-sense que traduziam muito bem a censura do Authority Code e mais, a despreocupação de toda uma geração que queria, em sua maioria, mais pensar em "curtir a vida". Nos anos 70 os quadrinhos de super-heróis voltaram-se para a desilusão do "sonho americano". Estávamos diante da Era de Bronze dos Quadrinhos. Uma Era formada por personagens um pouco mais voltados para a violência, para questões sociais e corriqueiras. Mas foi nos anos 80 que o mito do super-herói foi dissecado e desconstruído ao extremo. Abria-se com Alan Moore, Frank Miller e Neil Gaiman uma Era Moderna em que o herói retirava todas as suas camadas e seu âmago era exposto da forma visceral possível.

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 6

Mas o que teria acontecido se aqueles heróis simples e coloridos da Era de Ouro dos Quadrinhos (Década de 30 e 40) não tivessem seguido o rumo dos acontecimentos do Mundo Real? O que teria acontecido se esses heróis tivessem trilhado seu próprio caminho não mais influenciados pelos pensamentos, vicissitudes e mazelas de nosso Mundo? Bem... Se os personagens tivessem tomado seu próprio rumo eles teriam evoluído, muito provavelmente, para ASTRO CITY. É por esse motivo que entrar em contato com esse universo é entrar em contato com o mito do super-herói ainda fresco, ainda potencialmente novo para trilhar o que quiser!!

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 7

Muitos pensam que Busiek tentou criar um universo com personagens genéricos daqueles existentes há muito tempo na cultura pop. Claro... Se você quiser pensar assim talvez para você tudo pareça uma imitação do Batman, do Quarteto Fantástico, do Capitão América e por aí vai. Mas na verdade isso está longe de ser verdade. Busiek não constrói uma história com personagens parecidos com os tradicionais para tentar "reinventar a roda". Na verdade ele os cria propositadamente "parecidos" para poder leva-los a um lugar que os originais não foram!! E esse é o grande brilhantismo da série, ou seja, levar nossos amados ícones para um lugar diferente daquele para o qual seguiram.

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 8

Nesse processo a essência dos heróis acaba sendo mantida e não mais desconstruída como na realidade foi. Qualquer amante de quadrinhos na sua essência, verificará que todos os aspectos iniciais estão ali: o caráter heroico (por vezes simplista), a vilania pura, o mistério, a magia, o encanto e o desencanto... Tudo ali retratado da forma mais colorida e plena, tal como Jerry Siegel e Joe Shuster fariam hoje.

Kurt Busiek´s Astro City Vol. II - Nº 9

Hoje entendo porque Alex Ross desenhou essas capas e porque elas chamam tanto a atenção do fã antigo de quadrinhos. Provavelmente seja porque elas concentram a quintessência do mito destes deuses modernos.


Bom amigos... É isso aí! Vida longa à Astro City no Brasil!

6 comentários:

  1. A primeira edição eu não gostei, resolvi dar mais uma chance e realmente essa aqui comentada é muito boa mesmo, faz tempos não lia nada assim, na sua analise, discordo um pouco sobre os personagens não serem cópias, afinal caso queira as editoras sempre tem os terras 1,2,3, etc da vida para mostrar os personagens se portando de forma diferente. Mas isso é meu ponto de vista. Mas sendo ou não cópias a edição foi muito agradável, veremos as próximas.

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    1. Olá Helder!! Blz!

      Me desculpe pela demora em responder! Cara... Fim de ano para mim é complicado! Muito corrido! Mas creio que é para todo mundo. Nestas duas últimas semanas quase não consegui entrar no Blog... rs rs

      Puxa! Para você ver... Já eu fui o contrário. Gostei das duas edições, mas mais da primeira. Achei a 1ª edição muito interessante ao enfocar a vida de pessoas comuns e seu olhar diferenciado sobre os super-heróis.

      Sobre a questão dos heróis do universo de Astro City serem cópias dos heróis da Marvel e DC eu até acho que são cópias sim, mas são cópias propositais. Penso que Busiek fez questão de copiar, mas não simplesmente por copiar, mas justamente para que as pessoas reconhecessem seus heróis clássicos da DC e da Marvel sob um outro foco. Acredito que foi algo proposital para que as pessoas vislumbrassem tais personagens sob uma outra perspectiva.

      Valeu mesmo Helder!

      Grande abraço!

      Marcelo.

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  2. blz marcelo?

    a algum tempo fiquei curioso em relação a astro city, nunca avia lido as publicações por aditoras brasileiras antes, até chegar a panini.
    comprei o primeiro volume e vou parar nele.
    achei a leitura muito cansativa, criei muita expectativa e acabei frustrado.
    por outro lado foi até bom, no momento de crise econômica quanto mais puder economizar melhor!

    abraço

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    1. Olá Gustavo...

      Entendo perfeitamente. Realmente estamos em uma época de contenção e priorizações.

      Sobre Astro City algo que me chama mais atenção em seu universo é a semelhança com a Era de Ouro dos Quadrinhos. Eu, como fã deste período, não podia deixar de gostar. Há uma nostalgia que permeia as histórias e, além disso, há também uma cópia proposital dos heróis Marvel e DC de maneira que o fã realmente faça a associação entre os heróis clássicos das grandes editoras e aqueles presentes no Universo de Astro City. Esta cópia proposital é feita, eu entendo, no sentido de exercitarmos nossa imaginação sobre o que teria acontecido se a Era de Ouro tivesse se perpetuado para sempre. Ou seja, o que aconteceria se não tivéssemos tido o livro "Sedução do Inocente" de Fedric Wertham e não tivéssemos tido o Authority Code. O que mudou radicalmente a forma de se pensar os quadrinhos da Era de Ouro para a Era de Prata e forçou a Era de Bonze e a Era Moderna serem tão sombrias como são.

      É um exercício muito interessante e é possível reconhecer os heróis clássicos (Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Quarteto Fantástico e tantos outros) como se tivessem permanecido na Era de Ouro.

      Bom... Espero que consigamos manter nosso hobby meu amigo. Diante desta crise realmente ficamos apavorados.

      Grande Abraço!!

      Marcelo.

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  3. Grande Marcelo! Assim como você, também sou fascinado pelo universo de Astro City e comprei a muito custo (financeiro e de tempo, porque não era tão fácil achar), as edições anteriormente publicadas no Brasil. Trata-se de uma história linda, repleta de referências e espetacularmente escrita pelo Kurt Busiek. As capas de Alex Ross são apenas um adicional a esta fantástica história, e não uma tentativa de enganar o público que "compra pela capa". Pelo menos é assim que eu vejo.
    Parece mesmo que toda obra tem seu momento certo. Notei que o público de hoje não recebeu tão bem assim a série. Tomara que a Panini tenha fôlego para chegar ao que não foi publicado ainda por aqui porque, repito, é uma história lindíssima e obrigatória para todo fã de quadrinhos.
    Um abraço!

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    1. E aí Marcelo! Que bom vê-lo na ativa de novo meu amigo!! Apesar da amizade ser (por enquanto) virtual a gente sente falta!

      As qualidade de Astro City são muito sutis, e se o leitor não tiver paciência para identifica-las ele realmente se decepcionará. Há muito a ser garimpado nas páginas deste Universo. As referências são impactantes e para o leitor de 1ª viagem elas podem passar despercebidas o que contribui para tirar um pouco o brilho da história.

      Bem lembrado o que você aponta sobre as capas de Alex Ross. Muitas HQs usam deste artificio: capa linda - conteúdo ruim.

      O público de hoje realmente não acha a série tudo isso mesmo. É triste ver isto. Mas é verdade. Mas espero que a PANINI vá até o fim com ela. Minhas postagens aqui tem sido nesta linha. Na linha de ajudar a divulgar este trabalho e apontar o que ela tem de melhor, para que a PANINI publique tudo.

      Valeu amigo! Se Deus quiser mudo no fim de semana que vem. Mas já comecei a desarrumar as caixas de HQs e logo já estarei chegando nas suas revistas!

      Abcs!

      Marcelo.

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