Qualquer história que traga em seus créditos o nome de Alan Moore já chama atenção por si só. Há algum tempo temos visto algumas obras do Mago das Histórias aportarem nas bancas brasileiras pela PANINI (A Saga do Monstro do Pântano). Na esteira destes lançamentos recebemos também a fase do Capitão Britânia pelas mãos de Alan Moore e Alan Davis. Logo que vi o lançamento fiquei extremamente feliz, primeiro por gostar do conceito por trás do personagem e em segundo lugar por ver mais uma obra do grande roteirista britânico sendo lançada. Mas afinal, o encadernado é bom? A resposta é "sim". No entanto, acho que algumas reflexões poderiam ser feitas a seu respeito.
Em 1º lugar talvez fosse importante dizer que a história apresenta uma abordagem totalmente insólita ao personagem. E talvez tenha sido isso que logo de início tenha me causado estranheza. Sempre esperei encontrar histórias do Capitão Britânia como se ele fosse a contra-parte Britânica do Capitão América. Sendo então correto esperar histórias com temas heroicos, políticos e, portanto mais sérios. Demorei um pouco para me localizar e me acostumar ao universo concebido para o Herói da Terra da Rainha. Vale ressaltar que o roteiro é dividido entre Moore e Davis, o que em minha opinião não traz prejuízo à trama.
Confesso que foi difícil para mim me adaptar e mudar minhas expectativas a respeito da história. O mundo em que Moore e Davis situam o personagem é totalmente diferente daquele esperado pelo leitor que procura ler uma história convencional como as do Capitão América. Aqui, magia, universos paralelos, personagens insólitos e situações caricatas são comuns e permeiam totalmente a narrativa. Porém, quando o leitor decide mudar o "chip" de sua mente e se deixa levar pela narrativa surreal dos escritores o encadernado torna-se interessante e cheio de surpresas.
Talvez a comparação mais fiel que me vem à mente seja com "Alice no País das Maravilhas". Assim como na história de Lewis Caroll, a fase de Moore e Davis trabalha com um universo que demoramos para nos acostumar porque ela subverte a realidade e o que esperamos dela. Sempre esperei do Capitão Britânia (como sendo o herói máximo de um povo) uma postura militar com enredos militares e políticos para suas histórias. Enquanto não abri mão desta minha expectativa a história não funcionou para mim. De certa forma isso mostra como às vezes precisamos mudar o foco de nossas expectativas, bem como nossa concepções internas a respeito de determinado personagem, sob a pena de condenarmos a obra de determinado escritor, quadrinista, roteirista ao "lugar comum". Algo que pode acabar sendo muito injusto.
Na história o Capitão Britânia é jogado em uma grande confusão envolvendo universos paralelos e, me causou particular estranheza, Moore e Davis terem colocado o grande defensor do Reino Unido em situações vexatórias e pouco heroicas. Principalmente se pensarmos que sua versão americana (Capitão América) é tratado quase que como um patrimônio americano intocável em sua moral e princípios. Brian Badrock (alter ego do herói Britânico) é mostrado como alguém algumas vezes frágil e até manipulável por outros.
Estimulo a leitura do encadernado e tenho certeza que se você o ler sob o prisma correto, conforme comentei acima, será uma boa HQ. Nela podemos ver com todas as cores a subversão que Moore confere ao mundo dos quadrinhos. Penso que a Marvel lhe deu muito mais liberdade que a DC para trabalhar com seu Universo. Fica aqui minha dica e análise!
Um grande abraço à todos! o/
Boa noite, Marcelo!
ResponderExcluirBoa análise a sua. Bem sucinta e simples, mas objetiva e deixando seu ponto de vista sobre a obra.
Também vi o encadernado um tempo atrás nas bancas, mas por se tratar de um personagem que não tenho nenhuma intimidade (e o aspecto financeiro e das prioridades), acabei deixando escapar.
Caso surja uma nova oportunidade, acho que vou adquirir este exemplar.
Grande abraço!
Att,
Gabriel
Olá Gabriel...
ExcluirQue legal que gostou do post! Você tocou em uma questão importante: prioridade. Diante de tantas opções atualmente no mercado editorial de quadrinhos realmente temos que buscar racionalizar.
Se um dia vier a ler o encadernado me fale o que achou!
Abc!
Marcelo.
blz marcelo?
ResponderExcluiraté gostei da história, achei seus comentários bastante pertinentes, comprei esta HQ só para conhecer melhor os personagens deste universo mas acho que não iria fazer diferença nenhuma se não tivesse lido.
não foi um desperdício mas..........
abraço
E aí Gustavo! Blz amigo...
ExcluirLegal saber sua opinião. Estava curioso para saber a opinião de outros leitores. Entendo o que você diz. A história é estranha e foge muito das HQs de super-heróis. Vai muito para o campo do "Fantástico" no estilo "Alice no País das Maravilhas". Uma ficção fantástica que não costumamos ver em narrativas com super-heróis. Demoramos a nos acostumar e mesmo quando noa acostumamos ficamos ainda relutantes em indicar.
Confesso que ainda fico em dúvida se gostei mesmo. rs rs rs
Grande abraço!
Marcelo.
Preciso ler isso!!!
ResponderExcluirÓtimo texto sobre a obra!
Eu comprei esse encadernado mas ele ainda está pendente na minha pilha de leitura!
Abraço!
- André Betioli
3quenaoda1.blogspot.com.br
Olá André! Tudo bem, amigo!?!?
ExcluirObrigado pela presença, comentário e elogio! Foi muito bom você postar este comentário, pois olhando minha barra de Blogs amigos percebi que o seu Blog não constava ali. Agora, já está devidamente indicado em minha lista!!
Parabéns pelo Blog. Estive lá lendo algumas coisas. Muito bom.
Quando ler esse encadernado me avise se gostou!
Grande abraço!
Marcelo.
Tenho toda essa série pela Pandora Books, reunida numa encadernação artesanal.
ResponderExcluirLegal Keliton!
ExcluirE aí? O que achou dela? Teve a mesma impressão que eu? No começo foi difícil me acostumar com ela. Apenas depois que deixei de enxergar o Capitão América no Capitão Britânia é que comecei a entender o conceito da HQ.
É uma obra que traz toda atmosfera de livros surreais como Alice no País das Maravilhas. Que subverte o gênero de super-heróis aproximando-o da fantasia alegórica.
Depois me fale se teve a mesma impressão.
Abc!
Marcelo.