Há algum tempo iniciei aqui no Blog uma coluna para comentar algumas animações que chamaram minha atenção. Recentemente assisti a uma delas que, além de ser Brasileira, ganhou de forma justa o Prêmio Máximo em 2013 no Festival de Animação de Annecy (o mais importante do gênero no mundo). Sua excelência técnica, roteiro extremamente interessante e diálogos precisos e enxutos a tornam um grande feito. Uma História de Amor e Fúria caminha por entre importantes momentos da História Brasileira mostrando, sob a ótica do povo, diversos acontecimentos cabais, além de encenar uma história de amor que vai além do tempo.
A história começa na aurora do Brasil, na região de Guanabara (Rio de Janeiro) no ano de 1566. Ali o índio Abeguar (Selton Mello) da tribo Tupinambá vivia com sua tribo ao lado da índia Janaína (Camila Pitanga). Abeguar e sua tribo são atirados no redemoinho da disputa entre Portugueses e Franceses pelas Terras Virgens do Brasil. O destino de Abeguar seria, no entanto alterado porque o Grande Deus Munhã o escolheria para ser imortal e assim lutar contra Anhangá, uma força do mal que tem sede de morte, destruição e um apetite imenso por devorar a natureza, apodrecer nossas águas, dizimar nossos animais e empobrecer nossa terra.
Abeguar vagaria por entre séculos em forma animal e o encontro com Janaína em futuras Eras seria a chave para torna-lo humano novamente a cada ciclo, e assim manter sua solitária luta contra Anhangá. Dessa forma o índio Tupinambá viveria a Revolta da Balaiada na Maranhão de 1838, uma vez que ele próprio na verdade seria Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o Manuel Balaio, um simples artesão de balaios que, após ser massacrado pelo governo corrupto da época e ter suas filhas violentadas por policiais, resolve se erguer contra o poder vigente na época.
Manuel Balaio lutaria ao lado de Janaína e de bravos guerreiros, chegando a ocupar cidades, mas seu destino ainda estaria no futuro.
A história avançaria e traria Manuel Balaio para o Rio de Janeiro de 1964 durante o golpe militar, onde novamente encontraria Janaína. Sob o nome de Carlos, ele lutaria ao lado de um grupo armado para restaurar as liberdades civis em plena ditadura, seria torturado e chegaria até os anos 80.
Em 1980 Carlos aparece como um professor em uma favela, participando da alfabetização de adultos e lutando ao lado do amigo dos anos de prisão, o negro "Feijão".
A beleza das imagens e dos cenários não deixa nada a desejar às animações em 2D atualmente, pelo contrário, são até superiores. O filme ainda levaria Carlos ao ano de 2096, onde ele se depararia com um Brasil poderoso no cenário mundial. Detentor de um dos bens mais preciosos do Planeta: a água. Esse recurso natural seria, no entanto estatizado pela "Aquabrás" e renderia muito pouco aos Brasileiros, enriquecendo apenas alguns poucos. Isso deixaria milhões de famílias com sede, vivendo com uma porção ínfima diária de água. Algumas imagens são bem emblemáticas para qualquer Brasileiro, como o Cristo Redentor que se apresenta com um braço quebrado, vítima dos militantes do "Comando Água para Todos".
Nesse distópico contexto, vemos um Carlos sem esperança e sem forças, que se recusa a continuar lutando diante de um mundo em que a corrupção sempre vence.
O roteiro e direção é de Luiz Bolognesi que conduz o filme de forma bem profissional. A animação traz, sem dúvida nenhuma, interessantes questões a respeito de nossa história e de nossa postura diante delas. Não é à toa que uma das frases mais presentes em toda narrativa é:
VIVER SEM CONHECER O PASSADO É... VIVER NO ESCURO.
Estou com vontade de assistir. Vi algumas imagens na TV e fiquei fascinado pela qualidade técnica. Mas apenas agora um pouco mais sobre o enredo. Esse aspecto do controle da água foi uma grande sacada.
ResponderExcluirAbraços!
Legal Kleiton...
ExcluirTambém havia visto algumas coisas esparsas sobre a animação. Na verdade acabei pegando para ver sem muita indicação prévia e valeu a pena.
A técnica realmente chama atenção e está acima da média do que se vê em geral no Brasil.
Além, disso o roteiro é mesmo inteligente e valoriza uma história que é nossa.
Espero que você assista!
Abcs!
Marcelo.
Parece bem interessante, pena que teve pouca divulgação na época do lançamento. Tenho que me lembrar de procurar um torrent!
ResponderExcluirOlá Rodrigo... Tudo bem?
ExcluirRealmente faltou maior divulgação. Eu mesmo havia lido algo sobre o livro em algum comentário pequeno em alguma revista. Mas o pequeno comentário me chamou atenção e acabei alugando. Valeu a pena.
Gde. Abc,
Marcelo.
Grande abraço amigo Marcelo!
ResponderExcluirAssisti essa animação logo em seu lançamento e me surpreendi positivamente com a qualidade que ela possui, gostei bastante, apesar de ter achado meio confusa a história a primeira vez que assisti, (Claro que o fato de tera mulher e o filhinho do lado questionando coisas do filme contribuiu com essa confusão....kkkkk)
Depois assisti uma segunda vez e confirmei o que eu já suspeitava, se trata de uma grande animação a qual eu recomendo a todos assistirem .
MARCELÃO sempre agregando coisas de muita qualidade no seu blog, grande abraço amigos e sinto-me em casa já neste espaço
Oi Elton...
ExcluirTudo bem!?
Cara... Estou meio na correria, por isso a demora em te responder.
Olha, essa animação é algo bem interessante mesmo. O roteiro é pertinente pois amarra o passado com um futuro relevante (questão da água por exemplo). Surpreendeu-me muito e positivamente. Camila Pitanga sempre se sobressaindo, mesmo que apenas dublando!
Valeu pelo comentário Elton! Desculpe novamente a demora em responder. Às vezes eu demoro, mas não falho! rs rs
Abção!
Marcelo.
Havia visto só algumas imagens, e nem suspeitava de que se tratava de uma animação nacional! Como é bom saber disso, que estamos expandindo e buscando fazer coisas novas.
ResponderExcluirIrei conferir assim que possível!
Grande abraço!
Olá André...
ExcluirTudo bem! Agradeço o comentário e visita! Espero que você goste da animação. Depois me fale o que achou!
Como comentei na matéria achei de um bom nível técnico e ótimo roteiro.
Gde. Abc.
Marcelo.