Representante da raça de seres que teria sido nossos antepassados em tempos imemoriais |
Em função de eu ter perdido o filme "Prometheus" quando passou nos cinemas, decidi aguardar seu lançamento em DVD, algo que aconteceu recentemente. Estava muito ansioso para vê-lo. Ridley Scott o diretor que no final dos anos 70 chocou o mundo ao exibir seu 1º filme do Universo "Alien" (O 8º Passageiro) retoma aqui a franquia. Nunca até então o medo havia sido evocado de forma tão nua e crua numa sala de cinema como, na minha opinião, ocorreu com "Alien: O 8º Passageiro". O horror não vinha de maníacos sanguinários, comuns naquela época em função do sucesso do "Massacre da Serra Elétrica". Na verdade o terror de Alien vinha de um lugar estranho e profundo: O Espaço Sideral. O monstro era nada mais nada menos que uma criatura que não podíamos nem dizer que era "boa" ou "má". Simplesmente existia como espécie biológica e fazia de tudo pra se reproduzir. Depois de 04 filmes dessa franquia e mais de 30 anos depois Ridley Scott traz de volta esse universo que habitou o mundo de qualquer garoto que cresceu entre o final dos anos 70 e década de 80. "Prometheus" retoma a história antes do 1º filme e, na minha opinião Scott acerta muito. O terror ainda está lá, mas abre-se aqui um outro pano de fundo para o filme: a busca pela razão de nossa existência. Esse tema já havia sido abordado por Ridley em outro filme seu "Blade Runner: O Caçador de Andróides". Agora ele volta e serve como pano de fundo para a expedição da nave "Prometheus" a um distante planeta.
O distante planeta onde a nave terráquea Prometheus busca respostas para nossa existência |
Prometheus retoma um sub-gênero de ficção científica que crescí curtindo muito, o gênero chamado "Space Opera". Caracterizado por expedições ao espaço profundo em que nosso vínculo com o planeta Terra acaba se perdendo, esse estilo possui, em minha opinião alguns bons representantes, caso da série alemã "Perry Rhodan" nos livros, alguns episódios mais sérios e iniciais de série "Star Trek" na TV e a grande HQ "Storm". Essa última aliás pretendo ainda falar muito, pois para mim é maravilhosa. No gênero "Space Opera", ao perdermos o vínculo com nosso planeta nos deparamos com a verdade que sempre esteve diante de nós: sempre estivemos vagando por infinitos, eternos e silenciosos espaços. Essa constatação aparece por exemplo nas palavras do grande financiador da expedição da Prometheus em seus momentos finais de vida no filme. Aliás, é justamente a negação desta constatação que faz com que a Dra. Elizabeth Shaw (muito bem interpretada pela atriz Noomi Rapace) persista com sua vida ao final do filme. Algo que dá um brilhante "gancho" para continuações, um "gancho" de buscas de respostas sobre a paternidade da espécie humana.
O Estranho "Space Jockey" |
A premissa de Prometheus é inteligente ao tentar rastrear uma figura que aparece de relance apenas em uma curta cena do 1º filme de 1979 (Alien: O 8º Passageiro). Nela uma estranha, grande e inerte criatura de formato humanóide aparece sentada em uma estranha cadeira. Quem seria essa fascinante criatura que simplesmente nunca mais apareceu nos filmes da série? De tão fascinante a criatura ganhou até um apelido "Space Jockey". O próprio Ridley Scott admitiu qua não sabe exatamente a origem do ser. Sendo assim diretor e público saem a procura da origem da criatura que no filme Prometheus parece estar intimamente ligada à nossa origem como espécie. No filme descobrimos que o "Space Jockey" é de uma raça apelidada de "Engenheiros" pelos integrantes da nave. Tudo isso reabre a célebre pergunta de Erik Von Däniken: "Eram os Deuses Astronautas?".
O Andróide David facina-se pelo esquema do Sistema Solar deixado pelos "Engenheiros" |
Como não podeia faltar em um filme da série Alien, Prometheus nos apresenta um Andróide (David). Muito bem interpretado por Michael Fassbender (o Magneto de "X-Men First Class), David fascina-se pela vida ao longo do filme, porém sempre deixa escapar um certo desprezo pela espécie humana. Fassbender trabalha tão bem que nos arrasta para dentro desse desprezo pela nossa espécie. Ele próprio, no entanto parece se surpreender com a complexidade humana ao final do filme.
Aterrizagem da nave Prometheus no distante planeta |
O visual do filme resgata uma ambientação que há muito não via nos filmes de ficção científica, que ultimamente (nas duas últimas décadas eu diria) tem adotado uma temática mais voltada para a violência e conflitos pessoais. Na verdade os filmes de ficção científica que tenho assistido poderiam muito bem se passar em qualquer outro ambiente que não fosse o espaço sideral. Prometheus não faz parte disso, só o espaço profundo poderia absorver a profundidade da trama que, como disse acima, relaciona nossa origem com outros elementos presentes no universo.
A Dra. Elizabeth Shaw em uma das cenas de desespero do filme |
Nem tudo no filme é filosofia, o medo e o desespero também estão presentes, mas na medida certa, equilibrando uma receita difícil de equilibrar, ou seja, fazer um filme que mexa com o profundo de nosso ser proporcionando-nos momentos de profunda reflexão ao mesmo tempo que nos faz dar saltos na cadeira. Postei a foto acima porque eu a achei a essência do universo "Alien" de Ridley Scott, sem contar que para uma atriz chegar ao ponto de expressar um desespero tão profundo como esse ela realmente tem que ser boa.
Relutei inicilmente em arrolar esse filme entre meus favoritos, porém depois eu o fiz. Pensei que é injusto com uma obra termos que esperar para ver se ela resiste ao "Teste do Tempo" para só aí caracteriza-la como "favorita" ou "clássica". Sendo assim Prometheus está devidamente alocado no verbete "Filmes Favoritos" como você pode ver no marcador abaixo. Recomendo assisti-lo com esse olhar mais reflexivo, curtam a ação, o medo e todo o resto, mas não deixem de contemplar a beleza das questões que o filme levanta. Abraço a todos!!
Fiz minhas considerações sobre esse filme quando vi há uns meses. Resumo tudo da seguinte forma: um bom filme. Abç!
ResponderExcluirSim Kleiton. Eu gostei bastante como vc pôde conferir no post. Sempre há o olhar particular de cada um mas, realmente um "BOM FILME"!.
ExcluirAbc. Marcelo.
Vi muita gente descendo a lenha no filme, comparando com Alien etc. É difícil esperar que todo cineasta faça uma obra-prima sempre. Dá para se contentar com algo apenas "bom" para ler, ouvir ou assistir.
ExcluirSim.
ExcluirAlgo que fala a favor de Prometheus é que é fácil concordar sobre o ruim/péssimo, difícil é obter a maioria das avaliações positivas e isso acho que Prometheus conseguiu.
Sendo assim acredito, como vc, que ele é sim um bom filme. Acredito também que fomos nos tornando mais exigentes com o tempo e isso deixou nosso limiar de qualidade bem mais alto. Às vezes tento fazer o exercício de assisitr à algo sem qualquer referência pré-concebida para tentar curtir a obra de maneira mais isenta possível. Nem sempre é fácil.
Abção!
Marcelo.
Nunca soube que essa figura era conhecida como Space Jockey. Interessante. Fiquei sabendo quando vi essa postagem pela primeira vez. Vi apenas um comentário do Diretor que ele sempre ficou intrigado com essa enorme figura. E concordo. Sempre achei interessante o gigante, desde a primeira vez que vi Alien!
ExcluirPois é. Acho que o Ridley Scott colocou aquela imagem no 1º filme como uma ideia a ser trabalhada posteriormente. Foi uma longa espera (mais de 30 anos), mas não vejo uma ideia interessante assim, com essa profundidade, desde há muito tempo.
ExcluirIsso me faz lembrar do "Monolito" de 2001 - Uma Odisséia no Espaço.
Abção!!
Marcelo.
salvei esta pág pra ler com calma após assistir o filme (q eu baixei mas ainda não tive tempo de ver)....
ResponderExcluirsó vi por alto (pra evitar saber demais sobre a trama) q esta matéria parece ser bem completa... parabéns, Marcelo!!!
Abs!!
Legal Léo... Quando assistir fale o que achou. Como disse ao Kleiton acima, há sempre a visão particular de cada um, porém para mim o filme é tudo isso que coloquei no post.
ExcluirEm geral não coloco muitos detalhes na postagem pois sei como é ruim entrar em contato com "Spoilers". Mas como esse filme já foi lançado há algum tempo acabei contando alguns detalhes da trama, mas não muitos também. Mas sou como vc, sempre prefiro entrar em contato com uma obra sem visões pré-concebidas.
Gde. Abc.!!
Marcelo.
Eu achei esse filme excelente!!! Danem-se furos de roteiro, falhas de atuação de alguns atores... Há tempos não conversava sobre um filme durante tanto tempo com meus familiares e amigos, acho q esse é o maior trunfo desta película.
ResponderExcluirMarcelo, depois que vc assistiu não te deu vontade de sair falando sobre o filme com todo mundo?
Abraço !
Oi Ranniere!! Beleza?
ExcluirSim! Tive vontade de discuti-lo sim. Pena que não há pessoas próximas à mim que curtam esse gênereo. Sendo assim acabo usando o blog para conversar um pouco comigo mesmo e, indiretamente, com os amigos aqui do blog. Há muitas questões a serem levantadas sobre a história, inclusive questões filosóficas como as que abordo na postagem. Renderia uma boa e longa conversa!!
Esse foi um filme que realmente me deixou com um gosto de "quero mais". Acho que a Dra. Elizabeth Shaw tem tudo para virar uma "Ripley" dos anos 2000. Sua busca pelos Engenheiros poderia ser continuada. Há muito o que explorar. Outra grande qualidade do filme foi ter descortinado apenas parcialmetne a "verdade" por trás de tudo. Acho isso legal, pois assim é a vida, ou seja, nunca conseguimos saber exatamente como as coisas são.
Abção!!
Marcelo.
Intrigante esta postagem com tantos detalhes e referências a coisas que vimos e sentimos nestas últimas décadas na ficção, que parece cada vez mais real. A vida como a conhecemos é a ponte de um iceberg cósmico do qual não temos a dimensão exata do que é. O que Erick Von Daniken, Carl Seagan, H.G.Wells e Stephen Hawking tem em comum? A busca... a vontade de saber de onde viemos e para onde vamos. As outras questões todas são menores. Quando eu tiver a oportunidade de ver este filme, com certeza vou fazê-lo. Abs.
ResponderExcluirOi Paulo! Tudo bem?
ExcluirVocê foi feliz em citar o nome dessas pessoas. Também os considero como verdadeiras referências.
Acredito que precisamos de nossos amigos, familiares, trabalho, hobies e tudo mais para tentar deixar essa imensa e insondável verdade relativamente encoberta para nós, pois é fascinante e aterradora demais para lidarmos com ela, pelo menos na atual situação humana que temos hoje.
Por isso acho que alimentamos a amizade, nosso gosto por coisas que aparentemente são tão pequenas mas que nos ajudam a viver felizes (como gibis, colecionismo...), isso nos conecta com nossa humanidade.
Mas... De vez em quando... Só de vez em quando... Gostamos também de dar uma espiada por cima da cerca de nossas existências e questionamos as verdade superiores. Esse equilibrio entre o ordinário e o extra-ordinário é bem interessante.
Acho uma boa forma de viver, pois assim não nos desconectamos da vida do dia a dia e também não vivemos apenas achando que tudo se resume em simples matéria.
Grande Abraço!
Marcelo.
Assisti agora ao filme.... e realmente é mto bom!!!
ResponderExcluirachei bem superior à todo o resto da série ALIEN (superandod e longe até o 1º filme)!!!
uma grata surpresa mesmo...
Abs!!
Oi Leo... Legal que vc gostou!
ExcluirO filme dá uma revitalizada legal na série que andava desgastada com o Alien 3 e 4.
Achei, como comentei acima, muito genial e elegante a forma como trataram questões tão profundas e existenciais da humanidade no filme.
Valeu !!
Marcelo.