O estilo "romance" no cinema sempre foi pra mim uma armadilha, porém aqui e acolá existem verdadeiras pérolas que devem ser divulgadas e recomendadas. É o caso do filme "The Painted Veil" (O Véu Pintado) que no Brasil ganhou o nome de "O Despertar de uma Paixão". Baseado no romance "The Painted Veil" de William Somerset Maugham, o filme é uma grande viagem aos confins da China e aos limites de um relacionamento conjugal abalado. É estrelado por uma das poucas atrizes que eu considero realmente bonitas em Hollywood atualmente, Naomi Watts. Naomi interpreta Kitty Fane uma moça casada com Walter Fane (o brilhante Edwar Norton). O filme me chamou atenção em função da conturbada relação entre o casal. Walter, que é médico sanitarista, logo de início força Kitty a acompanha-lo à uma viagem ao interior da China numa zona rural arrasada pela cólera. O local é totalmente ermo e além de tudo eles tem que lidar com a animosidade dos chineses aos estrangeiros, ecos da revolução comunista que viria a seguir.
Qualquer coisa que eu venha a contar estragará a interessante história que se desenrolará a partir deste início, caso alguém venha a querer assisti-lo. A verdade é que a história acaba arranhando a profundidade do que é, ou pelo menos deveria ser, o "amor" entre duas pessoas. Tristeza, solidão e descobertas mútuas vão em um crescendo, daí o adequado nome dado ao filme aqui no Brasil. Recentemente fiquei sabendo que essa é a 3ª versão cinematográfica deste romance. A 1ª foi estrelada por Greta Garbo em 1934. A 2ª, com o título "The Seventh Sin" de 1957, por Eleanor Parker. Não assisti essas versões anteriores, porém essa nova (2006) foi um dos filmes que eu colocaria como imprescindíveis numa escala que oscila entre "suicídio" e "imprescindível".
Outro grande destaque é a magnífica Trilha Sonora composta por Alexandre Desplat e executada pela Orquestra Sinfônica de Praga. A música no filme é tão presente que torna-se um personagem. Infelizmente um dos momentos mais belos do filme, sua sequencia final, que é embalada por uma canção de ninar (A La Claire Fontaine) também composta por Alexandre Desplat não consta no CD oficial da Trilha sonora. Mesmo assim eu recomendo o CD! Aliás, já há algum tempo eu não via uma sequencia tão bela e cheia de significados como essa nos filmes dos últimos anos. É claro que nesse meu relato sobre o filme há toda uma identificação pessoal, mas mesmo assim quem assistir provavelmente gostará.
Pensei em colocar um vídeo aqui no final com "A La Claire Fontaine", porém estragaria o contexto que lhe é atribuido na sequencia final. Sendo assim fica apenas a recomendação para assistir ao filme. Grande abraço a todos.
Oi Marcelo, faz tanto tempo que não assisto um bom filme. Vou ficar com a sua dica: "O Despertar de Uma Paixão", gosto de filmes de romance. O melhor de todos para mim foi "Em Algum Lugar do Passado".
ResponderExcluirAchei muito legal vc não ter esmiuçado e dado "todos os detalhes" tem gente que acaba tirando o prazer do leitor de quadrinhos ou do cinéfilo, só para demonstrar que tem conhecimento do assunto.
Sua matéria com certeza vai levar às pessoas para conhecer o filme. Valeu... abraço.
Oi Paulo! Tudo bem?! Que bom que gostou da matéria. Esse filme realmente mexeu comigo. Você verá que há muita sensibilidade e profundidade na história, mas o mais importante:
ExcluirO que precisa ser apreendido pelo espectador fica nas entrelinhas, de maneira que muitos assistirão e acharão mais um filme de romance qualquer, porém você verá que a dimensão do silêncio no filme é muito significativa.
Caso você o assista me fale depois o que achou.
Abção!
Marcelo.
Que legal Marcelo!
ResponderExcluirSenti vontade de assistir esse filme...
com certeza é muito bom!
Abraços! Estou contando os dias, faltam só três.
Pois é! Assista sim. Recomendo! Depois me conte o que achou!
ExcluirAbc!!
Marcelo