Adaptação do livro de 1922 não acabado de Franz Kafka, O Castelo é uma obra densa, labiríntica, claustrofóbica e onírica. Você já teve um sonho do qual gostaria de escapar mas quanto mais você tenta fazê-lo mais você se aprofunda nele? O Castelo seria algo assim. A história narra a chegada do Agrimensor K. à uma distante aldeia que rodeia o castelo do título. K. se vê aos poucos esmagado pela burocracia que pouco a pouco desnuda a inutilidade de sua presença no local. E quanto mais sua relevância é questionada, mais ele se vê desafiado e ir à fundo na solidão, miséria e surrealismo que impera na aldeia, sobretudo porque K. se vê desejado por mulheres que parecem querer satisfazer seus desejos mais profundos. A arte do tcheco Jaromír 99 aguça mais ainda a difícil atmosfera. A história não tem fim, já que Kafka a deixa inacabada, mas ao considerarmos as ideias e premissas aqui utilizadas, O Castelo se torna uma grande obra.
Conhecido pela sua carreira como artista gráfico incomparável, Frank Frazetta nasceu no mesmo berço artístico de muitos grandes nomes da 9ª Arte, como por exemplo Wally Wood, Jack Kirby, Esteban Maroto entre muitos outros. No entanto, seus primórdios como quadrinista são pouco conhecidos. Dan Brand e Outras Histórias não é apenas uma oportunidade de se conhecer Frazetta em seu início, é também uma grande chance de se entrar em contato com uma obra que lança luz à um momento interessante da história estadunidense, já que o protagonista (o homem branco Dan Brand) luta como índio na fileiras dos exércitos de George Washington. Com uma narrativa simples, mas sem abrir mão da violência característica da época, Dan Brand vale a pena. Outro destaque é a preservação de propagandas (a maioria delas panfletárias) sobre o modo norte-americano de se viver, exaltando o heroísmo de soldados, além de dicas de sobrevivência. Só essas propagandas já possuem grande valor artístico histórico e sociológico. O álbum traz todas as histórias de Dan Brand e algumas outras relacionadas à outros personagens desenhados por Frazetta.
Com o tradicional "ótimo" acabamento e formato das Gold Edition da Editora Mythos, A Morte Viva é uma primorosa adaptação para os quadrinhos do livro homônimo de 1958 do autor francês de ficção científica Stefan Wul. A história mostra a Terra no futuro e aborda o tema da "clonagem". Mas mais que isso, retoma questionamentos como os de Frankestein acerca do que é vida e dos limites da sua manipulação pelo ser humano. Além da história, outro ponto excepcional é a arte do português Alberto Varanda. Baseado em hachuras, Varanda estabelece o clima vitoriano perfeito para a condução da narrativa. Uma obra de arte de encher os olhos, com um processo criativo que chegou a ser doloroso para as mãos do artista, como relatado nos extras. Para quem não conhecia Stefan Wul (como eu) a história chama atenção para o escritor que é pouco conhecido por aqui. A adaptação é de Olivier Vatine. A edição traz um lindo pôster com a arte de Varanda.
Boas dicas!
ResponderExcluirValeu amigo Fabiano!!!
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