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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O Que Aconteceu com o Capitão Stone? Vol. 01 - Inteligente e Original!


O ano de 2019 começou com chave de ouro para mim! O Que Aconteceu com o Capitão Stone? - Vol. 01, HQ lançada no 2º semestre de 2018 pelo selo Prime Edition da Editora Mythos me surpreendeu de uma forma incrivelmente positiva. Misto de homenagem e reflexão sobre o mito do super-herói, a HQ mistura temas altamente relevantes para nós hoje ao mesmo tempo que resgata narrativas usadas anteriormente em HQs de sucesso (Ex.: Batman - O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). Liam Sharp e Christine McCormack é o casal (na vida real inclusive) por trás da obra. Sharp é discípulo de Bill Sienkiewicz, e o leitor logo reconhecerá isso em algumas páginas que emulam (sem ser um cópia) HQs de Sienkiewicz, como Demolidor - Amor e Guerra e Elektra Assassina. Sharp e McCormack são originais partindo de conceitos e marcos já estabelecidos nos quadrinhos, por isso não soam presunçosos, ao mesmo tempo que conseguem ser originais.


Como é comum aqui no Blog, não darei SPOILER sobre a história, mas sim seu contexto geral. A obra se passa em nossa Terra, e eventos, personalidades e marcos culturais importantes são referendados na história, como por exemplo A Guerra do Golfo, Saddam Husseim, Arnold Schwarzenegger, Al Paccino e seu Scarface, Led Zepelin, o Filme Conan... ou seja, o leitor reconhece e se familiariza rapidamente com o mundo onde se passa a história. Embora a linha narrativa principal se passe em nossos dias, a base da história encontra-se nos anos 90. Foi nessa época que o Capitão Stone surgiu como um líder heroico apolítico, apartidário, engajado em causas humanitárias e libertárias. Seu sucesso nos anos 90 fez com que ele conseguisse criar sua própria tropa, "A Tropa Stone". Homens que, sob a liderança do Capitão, formavam uma força tarefa ágil, poderosa e cirúrgica em suas intervenções ao redor do Globo.


Alguns eventos no final dos anos 90, no entanto levaram o Capitão e sua Tropa ao descrédito, culminando com a revelação da identidade secreta do herói em um Talk-Show. Este 1º vol. já começa com tudo isso estabelecido, sendo o Capitão uma personalidade pertencente ao passado pop da América, tal qual um William Shatner e seu Capitão Kirk da série clássica Star Trek é para nós. Tudo isso é explicado logo no início da história por uma ex-modelo, agora reclusa, chamada Charlotte Chance. Os autores Liam e Christine conseguem deixar uma aura de nostalgia ao redor do Capitão Stone, que pouco aparece no início (e até ao longo) da história. Isso traz para todos nós, fãs dos personagens icônicos dos quadrinhos,  um reconhecimento quase instantâneo pela figura do Capitão. Que fã de quadrinhos não viveu (ou vive) a nostalgia de ver as melhores histórias de seu personagem preferido confinadas ao passado? É como se víssemos nosso herói esquecido na figura do Capitão Stone.

Charlotte Chance - A Mascote

Cada nova página da obra nos descortina uma faceta ou proeza do Capitão Stone, fortalecendo nosso vínculo com ele, ao ponto do mito penetrar em nossa mente e começarmos a enxergar o cara como sendo realmente um mito. Em meio às incríveis referências a respeito de política e cultura pop vamos nos reconhecendo dentro do universo da história, fortalecendo a impressão que vivemos realmente no mesmo mundo da obra. Tudo poderia ficar dentro desta perspectiva, só que não... Liam e Christine adicionam à história uma pitada de Teoria Quântica, ou seja, o que há de mais recente a respeito da física de partículas parece estar ligado ao sumiço do Capitão Stone. É com esse gancho que o volume se encerra.


A arte de Liam Sharp é outro capítulo à parte dentro dos méritos da obra. Embora o desenhista seja discípulo de Sienkiewicz, Liam possui seu DNA artístico próprio. De minha parte tanto a arte quanto a insólita história fazem um par perfeito. Alguns sentimentos como raiva, desejo, afeto são potencializados pela arte, de maneira que as proporções dos personagens em relação ao cenário são ditadas pelos sentimentos, e não pela simples relação de proporção real. Lembro de Sienkiewicz usar muito este expediente em Demolidor - Guerra e Paz. A edição da Mythos traz um grande número de extras. Em geral eu tenho o "pé atrás" com um número grande de extras. Já percebi que, às vezes,  determinadas editoras colocam muitos extras pouco significativos para alcançar um numero maior de páginas e então alçar o preço da edição à outros patamares. Apesar do grande número de extras nesta edição da Mythos, eu gostei de todos porque trabalham no sentido de expandir o Universo do Capitão Stone. Isso quer dizer que determinados mistérios sobre quem este herói realmente é, estão escondidos nos extras.





Espero que O Que Aconteceu com o Capitão Stone? - Vol. 01 alcance o êxito comercial necessário para que a Mythos lance sua continuação. A obra mostra o vigor da HQ autoral e inteligente. Recomendo!!

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