Recentemente assisti ao Remake de "Carrie - A Estranha", lançado em 2013 e estrelado por uma atriz que gosto muito no papel de Carrie (Chloë Grace Moretz). Carrie é na verdade o 1º livro do fantástico e imortal escritor americano Stephen King. Publicado em 1974 Carrie é extremamente atual ao abordar questões importantes que permeiam nossa sociedade tendo como pano de fundo o sobrenatural dom da menina Carrie. Stephen King conseguiu destilar em Carrie toda inocência e beleza que envolve um momento muito peculiar de toda menina que chega à puberdade. A passagem da infância para a vida biologicamente adulta é tratada com o respeito e delicadeza que o tema merece. No entanto, espreitando na escuridão há um mal que visa destruir tudo que é belo e inocente. Esse mal? O próprio "Ser Humano". Ao assistir a versão de 2013 não pude resistir ao ímpeto de revisitar a obra cinematográfica original de 1976, tendo como atriz a incrível Sissy Spacek no papel de Carrie e na direção o famoso Brian De Palma.
Embora Chloë Moretz faça um bom trabalho no recente remake, devo dizer que nada se compara a personificação de Carrie por Sissy Spacek. A sequencia que abre o filme de 1976 é sublime e mostra um vestiário feminino em que várias garotas que acabaram de tomar banho estão se trocando e brincando umas com as outras. Sozinha e isolada, Carrie toma seu banho embalada por uma música incrivelmente bela que dá a dimensão do quão sensível e único é a adolescência para toda menina. A sequencia inicial termina com Carrie percebendo que sangue escorre de sua virilha, ou seja, ela ficara menstruada pela primeira vez e não tem ideia do que é aquilo. Criada por uma rígida mãe Evangélica, Carrie vivera até então superprotegida em um ambiente religioso e castrador ao extremo. Seu pavor ao ver sangue sair de si mesma, traz consigo o seguinte pensamento: "Estou morrendo".
Logo em seguida se manifesta o problema que permeia todo o filme: o Bullying. Carrie experimentará ao longo do filme a face cruel e maléfica do ser humano que ataca o próximo simplesmente por ele ser diferente. Mas há mais coisas que Stephen King quer mostrar em seu livro e que é traduzido no filme de 1976. Em minha opinião King usa Carrie para comunicar algo que a própria humanidade já reconheceu de certa forma, que as mulheres realmente possuem um sexto sentido, um dom, uma intuição que vai além das análises superficiais do hermético mundo masculino. Um dom que chega para as mulheres quando da sua entrada na vida adulta, marcada pela 1ª menstruação. No caso de Carrie esse dom parece amplificado e sobrenaturalmente presente. Assim, a "Menstruação" é a "Telecinesia" de Carrie são usadas como metáfora para a entrada nesse mundo adulto e para comunicar o sexto sentido feminino, respectivamente.
Só esses dois assuntos já seriam incrivelmente pertinentes e atuais (o Bullying e o Universo Adolescente Feminino), no entanto King vai além ao destrinchar o desabrochar do coração adolescente no envolvimento de Carrie com um dos garotos mais populares do colégio, que se aproxima da esquisita Carrie por insistência de sua namorada. De certa forma eles querem compensar toda intimidação que ela sofre todos os dias. Carrie se vê então sentindo a esperança de ser simplesmente "Normal" e aceita entre as pessoas. Novamente King mostra aqui o qual poderoso é o sentimento que nos move na direção da aceitação social. Como desejamos ser inseridos e queridos.
Mas como disse no início da matéria algo espreitava Carrie à distância: a inveja e a ira daqueles que não querem aceitar "diferentes" em seu meio. O desfecho do filme deve ser assistido e contemplado em toda sua fúria, quando Carrie é levada ao limite de sua dor e vergonha por ser diferente. Todo poder da menina é liberado numa noite de pesadelo criado pelos invejosos à sua volta.
O que faz de Carrie - A Estranha uma obra prima é o respeito, beleza e crueza com que King mostra os assuntos que comentei acima. O filme ou livro pode ser visto ou lido como sendo apenas uma obra de Terror, e caso o espectador ou leitor faça isso, mesmo assim será uma experiência incrível, no entanto a obra é mais do que isso. Quando se observa as verdades que Stephen King quer comunicar, a história ganha outro patamar, de maneira que o Terror passa ao 2º ou até 3º plano. Na versão cinematográfica de 1976 outro interessante achado é ver a estreia de um jovem e ainda inseguro ator: John Travolta, com apenas 22 anos.
A versão de 2013 não decepciona. É um bom filme. E Chloë Moretz se esforça para interpretar uma Carrie verossímil e em sintonia com o drama da personagem, porém coloco a adaptação cinematográfica de 1976 como sendo a definitiva da obra de Stephen King.
Bom amigos... Um grande e eterno clássico de Stephen King que recomendo que seja conhecido ou revisto!
Essa sua percepção AUMENTADA para tratar dos assuntos aos quais comentas é deveras ÍMPAR! Este post é o exemplo típico! Continue sempre assim! Abs
ResponderExcluirOlá Renan!!
ExcluirTudo bem? Agradeço muito sua presença e comentário. Valeu mesmo. O importante eu acho que é isso, a gente ir compartilhando as coisas boas. Para mim "Carrie" teve esse novo dimensionamento ao rever o filme. Isso é interessante. Muitas vezes vemos um filme que passa por nós sem suscitar grandes reflexões. Porém, ao assistirmos novamente tempos ou anos depois passamos a perceber coisas diferentes na obra. Acho que isso se deve ao fato de nós também mudarmos e conseguirmos perceber coisas que na época anterior não alcançávamos.
Estamos em constante mudança. rs rs
Valeu mesmo amigo.
Grande Abraço!
Marcelo.
Marcelo! Tive o prazer de ler o livro de Stephen King e de assistir ao filme original. É uma obra realmente universal e perturbadora, como você bem descreve em seu comentário. Não assisti ainda ao remake, mas vou procurar. Um abraço!
ResponderExcluirE aí Marcelo! Blz!?
ExcluirOs livros de Stephen King são uma experiência única. A associação de King com grandes diretores sempre rendeu o que temos de melhor na 7ª Arte. Caso, por exemplo, de "O Iluminado" (associação do romance de King com Stanley Kubrick). Outro exemplo que coloco para essa ideia é King + David Cronenberg em "Zona Morta". Outra excelente adaptação!!
O remake de Carrie não é ruim não. É um bom filme. Mas ao assistir os dois próximos um do outro (o de 2013 com o de 1976) pude perceber o quão mais soberba é a versão de ´76.
Valeu Marcelo!!
Grande Abraço.
Marcelo.
Olá Marcelo, tudo bem?
ResponderExcluirTambém curto a Chloë Grace Moretz e o Stephen King. Só acho que sempre dão uns papéis meio estranhos (mas muito legais) para ela, que já foi vampira mirim, Hit Girl, lobisomem adolescente e agora a Carrie. Estou esperando estrear o filme na tv a cabo. Quanto ao original, não curti muito na época, mas gostei muito de O Iluminado (filme e livro). Lembrei de um outro filme do Travolta em início de carreira, lembra do rapaz da Bolha de Plástico?
Mudando de assunto, a próxima miniatura DC a sair deve ser a do Croc. Passei ontem na banca da Ana Rosa e tinha um cartaz da Eaglemoss: COMPRE AQUI - Colecione as miniaturas especiais DC: 1 - Apocalypse, 2 - Darkseid, 3 - Crocodilo. Mas para minha decepção, as miniaturas estavam esgotadas sem previsão de reposição. Por que será que só as da DC estão saindo em bancas?
Abs., Carlos - São Paulo.
Olá Carlos...
ExcluirFui gostando aos poucos da Chloë, acho que me deixei influenciar pelo personagem dela em Kick-Ass, que acho muito interessante. Uma garotinha que quebra mesmo as convenções. Creio que para ela continuar se desenvolvendo como atriz, talvez ela tenha que começar a experimentar outros papéis.
Talvez valha a pena você revisitar Carrie de 1976. Como disse ao Renan acima, me surpreendi comigo mesmo ao revisitar o filme e identificar aspectos que no passado nem tinham passado pela minha cabeça. Acho que vamos mudando com o tempo e nos tornando mais afiados em reconhecer o pensamento do autor por trás da obra. Carrie de ´76 teve esse efeito positivo sobre mim. O Iluminado não tem discussão. Outra parceria excelente entre Stephen King e um bom cineasta. Algo visto também em "Zona Morta" (King / Cronenberg).
Esse filme do Travolta que vc recomenda eu não conheço. Achei que você ia escrever sobre "Um Tiro na Noite" de 1981. Um filme de suspense do Brian De Palma que o Travolta também estrela. Esse "Bolha de Plástico" eu vou atrás.
Sobre a distribuição das Especiais nas bancas eu também me perguntei isso essa semana. O porque que só as da DC estão saindo nas bancas. Sinceramente eu não sei. Talvez o Eder tenha alguma ideia do porque.
Abção!!
Marcelo.
Esse filme do homem na "bolha de plástico" (na verdade o nome não é esse, mas tbém não lembro o correto!), foi o percursor do que pode-se chamar do advento público do anúncio da AIDS, porém de forma muito velada. Passava muitas vezes na antiquíssima Sessão da Tarde. Abs.
ExcluirOpa! Legal Renan...
ExcluirVou procura-lo através da filmografia do John Travolta. Daí eu devo acha-lo.
Valeu!!
Marcelo.
Olá Marcelo, tudo bem?
ExcluirSegundo a Wikipédia:
The Boy in the Plastic Bubble (br: O rapaz na bolha de plástico / pt: O Rapaz na Redoma) é um filme estadunidense de 1976 feito para a televisão, do gênero drama, dirigido por Randal Kleiser e inspirado nas vidas de David Vetter and Ted DeVita, que viveram em conteiners esterilizados que os protegiam de adquirir doenças.
Na verdade não é uma recomendação de filme, só mencionei pela curiosidade de apresentar um Travolta em início de carreira. Ele também é de 1976 como Carrie; eu achava que fosse anterior.
Uma boa semana! Carlos - São Paulo.
Opa! Legal Carlos.
ExcluirMesmo assim vou pesquisar mais sobre esse filme. Gosto bastante de filmes dos anos 70. Pelo jeito o John Travolta deve tê-lo feito logo após Carrie!!
Valeu!!
Marcelo.
Boa tarde Marcelo gostaria de saber como faço para arrumar o número 95 o Passat pointer vermelho e onde eu sou da mooca obrigado marcelo só falta esse para completar a coleção de carrinhos
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