Miniatura Marvel Nº 58 - Jaqueta Amarela |
Em que mundo vive Henry (Hank) Pym (o alter ego do Homem-Formiga e do Jaqueta Amarela)? Hank sempre viveu no mundo dos livros e das pequenas coisas. Mas não só ali... o Dr. Pym também habita em obscuros lugares da psiquê humana. Arrastado por questões que envolvem autoestima, autodepreciarão e ao mesmo tempo uma dificuldade muito grande de enxergar seu próprio valor, Hank foi sendo corroído em sua brilhante mente. Uma mente que rivaliza com outras grandes mentes do Universo Marvel, como por exemplo Reed Richards, Tony Stark e Victor Von Doom. Hoje revisaremos um pouco do passado deste que é um dos Vingadores fundadores e participou direta ou indiretamente de vários momentos cruciais da mitologia Marvel como um todo.
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Talvez justamente em função de sua personalidade cheia de facetas, Hank foi um dos homens que mais mudou de codinome em sua vida heroica, tendo sido chamado de Homem-Formiga, Gigante, Golias e Jaqueta Amarela. A Coleção de Miniaturas Marvel da Eaglemoss representa Hank Pym em duas de suas encarnações: Jaqueta Amarela e Gigante, este último dentro do segmento especial da coleção. A representação de Jaqueta Amarela ficou bem interessante. Aliás, seu uniforme sempre me chamou muito a atenção. É impossível não observar linhas e acessórios que nos lembram um inseto (talvez a grande fonte de inspiração da vida de Hank), em especial a formiga. A grande aba que se projeta a partir do cinto ganhando altura e volume ao longo do tórax, ombro e costas é arrojada e totalmente vinculada à época (final da década de 60). Época em que trajes futuristas deste tipo eram criados para representar exploradores, viagens espaciais e psicodelia. Por isso, embora possa nos parecer estranho um traje como este atualmente, ele era perfeitamente ajustado às intenções da época.
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A máscara cobre parte do rosto e conjuga um par de antenas favorecendo a vinculação ao estereotipo do inseto. Luvas e botas negras e lustrosas nos dão a impressão de serem de borracha, algo compatível com o resto da indumentária. Há alguns deslizes na pintura da peça, deixando os contornos e os limites entre as cores não muito bem delimitados, isto poderia ter sido melhor realizado. No entanto, a modelagem da musculatura é bem correta, tanto de membros inferiores (quadríceps e panturrilhas) quanto de membros superiores (deltóides, bíceps, tríceps, peitorais e abdominais). A presença da heroína e ex-eposa de Hank, a Vespa, sobre o ombro esquerdo do herói traz um toque bem interessante e, apesar de sua versão diminuta, a heroína aparece bem. Gosto desta peça como um todo e na estante ela tem boa presença.
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Falemos então do Dr. Pym a partir dos acontecimentos mais longínquos de seu passado, seu casamento com a Húngara Maria Trovaya. Maria era emigrante da Hungria comunista e os eventos que envolveram este primeiro e curto casamento de Hank não são tão claros. O casal resolveu passar a Lua de Mel no país natal de Maria, sem perceberem o perigo que isso representava, pois em represália à deserção de Maria ela foi assassinada pela polícia Húngara (possivelmente para prevenir futuras deserções). De volta aos EUA, um arrasado e impotente Hank jurou lutar contra injustiças como a que sofrera, e assim assumiu seu lado científico, tornando-se um dos maiores bioquímicos do mundo, também especializado em robótica. A primeira grande descoberta de Pym foram as partículas subatômicas que foram batizadas com seu nome (Partículas Pym). As partículas permitiam que Hank manobrasse massa para uma dimensão paralela, daí a capacidade que ele ganharia tornando-se diminuto (em sua carreira como Jaqueta Amarela e Homem-Formiga) ou enorme (em sua carreira como Gigante e Golias). Não sabemos exatamente se foi o assassinato de Maria que trouxe à alma de Hank suas desconfianças a respeito de si mesmo, mas sabemos que desde sua primeira investida no mundo dos heróis como Homem-Formiga ela já estava presente.
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Dentre seus primeiros atos heroicos, ainda como Homem-Formiga, Hank salvou a jovem recém órfã, herdeira e socialite Janet van Dyne de um raptor alienígena. Janet era um misto de "patricinha", aventureira e dama da alta sociedade e, talvez por isso tudo, encantadora. Hank e Janet passaram a namorar a não tardou para que ela também passasse a utilizar as partículas de Pym, assumindo o codinome de Vespa. Hank e Janet participaram da formação original dos Vingadores, sendo considerados membros fundadores ao lado de Thor, Homem de Ferro e Hulk. Talvez o maior ponto de inflexão na vida de Hank tenha acontecido logo à frente, ou seja, o que foi seu maior triunfo também foi seu maior e eterno pesadelo, a criação da Inteligência Artificial Ultron. Instalado dentro de um robô à princípio rudimentar, Ultron logo evoluiu para outras formas que o contivesse. Com um profundo ódio pela humanidade e um total "complexo de Édipo", Ultron tem como único objetivo exterminar a humanidade e fazer Hank sofrer. A raiva de Ultron pelo pai se deve ao fato de seu genitor não ter compartilhado sua terrível visão a respeito da humanidade, gerando no robô um enorme sentimento de abandono.
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Hank Pym sofreria o resto de sua vida o tormento por ter criado a coisa mais letal já feita pelo homem. É difícil para nós entendermos como alguém que é um super-herói, rico, casado com uma linda mulher e reconhecidamente um gênio científico, tenha um olhar sobre si mesmo autodepreciativo. Mas isso é mais comum do que pensamos. Quando somos crianças, construímos crenças a respeito de nós mesmos que se consolidam quando crescemos. Caso em nossa infância e juventude não tenhamos o apoio, o reconhecimento e a validação de nossos pais ou responsáveis, possivelmente cresceremos e teremos dificuldade em acreditar que somos funcionais, que o que fazemos tem valor, que aquilo que decidimos deve ser respeitado. Na verdade ficaremos o resto da vida buscando validação para nossos atos e decisões, esperando que as pessoas (geralmente nossos cônjuges, amigos ou chefes) validem quem somos. Lidar com isso é uma das coisas mais doloridas, pois mexe com crenças matriciais que temos a nosso respeito. Em relação a Hank Pym, não temos dados acerca de sua infância ou juventude, mas independente disso sua personalidade amargurada, frustrada e triste por não se sentir à altura dos demais, é um alerta à todos nós. Não é questão de fazermos apologia à soberba ou orgulho (o que está na verdade no outro extremo deste problema), mas sim buscarmos entender que temos nosso valor inerente à nós mesmos, nem mais, mas também nem menos.
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O Jaqueta Amarela nasceu dentro de Hank Pym a partir de uma cisão de personalidade. Toda frustração e dúvidas a respeito de seu valor culminaram com a liberação de uma personalidade rebelde, ousada, confiante e impertinente. O deflagrador desta cisão foi um acidente no laboratório de Hank que o fez inalar alguns gases que ajudaram a liberar esta força interna dentro dele. Foi nesta época que Hank (Jaqueta Amarela) e Janet (Vespa) se casaram. Os dois se amavam, mas como em geral acontece, toda frustração e dor de uma pessoa é liberada sobre aquele (a) que está mais próximo (a), e assim foi que Janet foi a primeira heroína dos quadrinhos a receber maus tratos do marido e a protagonizar um terrível e dolorido caso de violência doméstica (isso aconteceu na década de 70 dentro das revistas dos Vingadores). Tudo isso resultou na expulsão de Hank dos Vingadores e no difícil e longo caminho de sua recuperação. Hank e Janet, no entanto se separariam e viveriam suas vidas separadas apesar do amor mútuo.
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Em junho de 2016 a Panini-Brasil lançou uma HQ chamada Vingadores - A Ira de Ultron. O encadernado tem roteiro de Rick Remender e está inserido no selo Original Graphic Novel, o chamado selo OGN. A proposta deste selo é resgatar o conceito inicial de uma Graphic Novel, ou seja, uma história fechada que apresente um tema importante e de grande influência, e não apenas uma coletânea de HQs quaisquer. Vingadores - A Ira de Ultron traz o destino atual de Hank Pym. Distante de Janet, e consumido por mágoas, frustrações e decepções, Hank tenta lutar contra a oferta de Ultron, que sempre foi que se juntasse a ele na cruzada contra as incoerências e pecados da humanidade. O encadernado é excelente e recomendo sua leitura para entender Hank Pym e seu trágico e, por enquanto, atual destino!!
Ok amigos... Um forte abraço à todos vocês!!
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