Depois de
Face Oculta, Gianfranco Manfredi tornou-se um dos meus roteiristas favoritos. Uma de suas marcas é a profundidade histórica e temporal com que localiza seus personagens. Embora ficcionais, as interações destes personagens com o meio é totalmente real. Vemos um desfile de chefes, presidentes, exploradores, empreendedores que realmente existiram. A partir de profunda pesquisa,
Manfredi constrói dramas e aventuras que nos capturam profundamente. Quando vi a
Editora Saicã trazer a série
Adam Wild através de financiamento coletivo pelo
Catarse, não me chamou muito atenção, até ver de quem era o roteiro.
Adam é um aventureiro/explorador ao melhor estilo dos clássicos
Pulps. Uma mistura entre um
Jim das Selvas libertário com um aventureiro e apaixonado
Errol Flynn. Ambas personas convivendo em um só personagem que odeia escravagistas até a última fibra do seu corpo. Escocês,
Adam é membro da
Royal Geographical Society e já teve várias explorações financiadas pela renomada associação. Indomável e amante da natureza, conseguiu fazer amizade com líderes tribais, inimizades com os grandes caçadores, vendedores e compradores de escravos. Passeando pela complexa teia de intrigas, violência, crueldade, política e comércio,
Adam vive no fio da navalha. A
Editora Saicã trouxe ao Brasil a série completa em 7 volumes, sendo o 6º e 7º financiados recentemente também pelo
Catarse. Entretanto, todos podem ser adquiridos na
Loja Virtual da Editora. Terminei o vol. 01 recentemente e o destaque vai para a personagem real que norteia toda história inicial, o explorador
David Livingston, primeiro europeu a percorrer toda a extensão da África Negra. Um homem que não conseguiu acreditar na brutalidade, crueldade e racismo a que a humanidade pode chegar. Aliás, muito da narrativa de
Manfredi tangencia outra personalidade real, a do polonês
Joseph Conrad, que em 1899 nos presentearia com a pérola da literatura universal
No Coração das Trevas. Livro que narra a experiência de
Conrad no comércio de marfim na segunda metade do século XIX nas profundezas da selva Africana. A história de
Adam Wild conjuga um manifesto contra a ferida aberta no continente africano e histórias típicas de aventura. Ambas se tocando e se reforçando mutuamente, mantendo assim a atenção do leitor. A edição da
Saicã possui capa cartão e um preço bem acessível, além de manter os textos originais de
Manfredi antes de cada capítulo. As informações que
Manfredi traz re-significam totalmente a leitura, pois contextualizam a época e fornecem concretude às personagens. Uma excelente HQ com "H" maiúsculo. Ao melhor estilo de um dos maiores roteiristas italianos.
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Adam Wild |
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Errol Flynn |
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