Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
Olá amigos... Dando sequência às peças da Coleção de Miniaturas DC já lançadas no Brasil veremos um dos personagens que, ao lado do Batman, mais ganhou relevância no cenário pop mundial na última década: O Coringa. Talvez por refletir a insanidade de algumas causas existentes em nosso mundo moderno, bem como a irracionalidade de determinados comportamentos vislumbrados atualmente, O Coringa venha ganhando ainda mais impulso. Soma-se a isso a soberba, e até sobrenatural, interpretação de Heath Ledger no 2º filme da Trilogia do Homem Morcego de Christopher Nolan. Símbolo do caos e da crueldade O Coringa nos lembra porque muitos enxergam a figura do "palhaço" de forma tão sombria e terrível.
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
A peça, uma das mais procuradas da coleção até o momento nas bancas, agradou à todos (pelo menos todos com os quais pude conversar). Sua caracterização a partir do seu tradicional traje roxo, que lembra um "fraque", com colete, camisa verde (combinando com seus cabelos de cor esmeralda), sapatos de sapateador e luvas roxas valorizaram a peça, pois esse é O Coringa em seu conceito original. Junta-se à indumentária a presença da bengala sobre a qual o personagem se apoia em uma posição de "Espectador". É como se estivesse observando algo que estivesse lhe trazendo muito prazer e, como conhecemos sua deformada psique, sabemos que é algo terrível.
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
Um dos aspectos mais assustadores do personagem é, em minha opinião, a ideia do prazer pelo mal. Tal comportamento já foi alvo de excelentes e assustadoras obras, como por exemplo a história do violento e psicótico jovem protagonista do filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick. A possibilidade da existência de alguém com tal inclinação é perturbadora. Ainda mais no caso do Coringa, uma vez que isso se associa à aspectos lúdicos e infantis ao encarnar a figura do "Palhaço".
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
Embora na última década O Coringa tenha se transformado (gradativamente) num personagem mais violento, cruel e enigmático, para mim sua melhor caracterização ainda é do palhaço perigoso, porém sem muita noção da profundidade de seus atos. Esse Coringa pode ser encontrado, por exemplo, na premiada Série Animada do Batman (Batman: The Animated Series) dos Anos 90 de Bruce Timm. Embora alguns possam dizer que aquele Coringa é mais infantil e inofensivo, eu diria que foi uma das caracterizações que mais me divertiu e agradou. Dublado pela voz de Mark Hamill (o Luke Skywalker de Guerra nas Estrelas) aquele Coringa é muito bom! Para mim, a insistência atual em retrata-lo de forma sombria, cruel e sanguinária está ligada, de certa forma, à tentativa de aumentar as vendas a partir da polêmica.
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
A origem do Coringa é nebulosa e não pode ser checada com precisão. A maioria dos fãs (creio eu) consideram como definitiva aquela apresentada por Alan Moore na excelente história "A Piada Mortal". Os motivos da excelência dessa história são vários e não caberia debate-los aqui, porém acredito que a origem do Coringa ali presente agrade à tantos em função de que mostra o que de certa forma sempre quisemos acreditar, ou seja, que O Coringa foi um homem comum, um comediante, que saiu dos trilhos a partir de um triste encadeamento de eventos que, além de o transformar no criminoso chamado Capuz Vermelho, também lhe tirou sua esposa ainda grávida. Tais eventos nos confortam porque explicam a origem do mal em seu coração. Em geral ficamos assustados e perplexos quando mal aparece sem causa, ou seja, aquele que advém sem nenhum motivo aparente. Isso tornaria o personagem ainda mais aterrorizante.
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
A relação do vilão com o maior defensor de Gotham é outro ponto que atrai atenção. A possibilidade dos dois personagens se complementarem já foi usada em várias situações. Ressalto duas delas: na Premiada Obra de Frank Miller Batman: O Cavaleiro das Trevas e Asilo Arkham de Grant Morrison. Na 1ª fica claro que o desaparecimento do Cruzado Encapuzado após sua aposentadoria, literalmente retira a vontade de viver do Coringa, que entra em estado catatônico. Já na obra de Grant Morrison o Palhaço do Crime decide trazer o Homem Morcego para dentro de sua mente para provar o quanto os dois são parecidos e interdependentes. Duas obras imprescindíveis para a coleção.
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
A relação do Coringa com aqueles à sua volta também é interessante. Talvez sua parceria mais duradoura seja com a antiga psiquiatra do Asilo Arkham, Dra. Harleen Quinzel, que ao trata-lo desenvolveu uma bizarra admiração pela sua mente. Quinzel se tornaria a parceira de crimes conhecida como Arlequina, uma criminosa que manteria uma relação de submissão e simbiose junto ao vilão. O próprio Asilo Arkham parece ser um local de descanso e de reflexão para O Coringa, na medida em que ele se deixaria capturar para lá refazer sua mente e desenvolver sua neurose sem interferências. Uma neurose e psicopatia aliás que chegou a ser definida por uma psicoterapeuta interna do Arkham como um estado de "Supersanidade", ou seja, uma percepção maior da realidade humana à sua volta, deixando sua mente com um afluxo enorme de informações e, por conseguinte, passível de uma profunda distorção de suas ações. Louco não!?
Miniatura DC Nº 03 - Coringa |
Sem dúvida nenhuma O Coringa transformou-se em uma das figuras mais conhecidas da cultura pop moderna, símbolo de uma guerra caótica e sem sentido contra o senso comum de realidade e, por isso mesmo, insano e perigoso. Seu sucesso com certeza vem pegando carona nos eventos sem sentido e brutais de nossa sociedade, transformando-o em um personagem ficcional muito próximo da realidade. E aí talvez esteja a grande e "sem graça" ironia! Abraço à todos!