Translate

sábado, 27 de março de 2021

Pílula Fílmica #15: Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)

O que aconteceu com a Liga da Justiça de Zack Snyder foi o maior exemplo da ingerência de acionistas e diretores que, ao farejar mais lucro, se deixaram levar por qualquer oscilação do mercado para esta ou aquela tendência. Quem acompanha há algum tempo a história do Universo Cinematográfico DC sabe o quanto a Warner ficou preocupadíssima quando começou a ver as cifras astronômicas do Universo Marvel e simplesmente cresceu os olhos mudando uma estratégia que vinha sendo feita desde Superman - O Homem de Aço (2013). O grande ponto de mutação ocorreu em Esquadrão Suicida 1 (2016). Um filme que tinha todos os elementos voltados para o lado obscuro dos heróis e apostava nas neuroses dos personagens. Receosos de manter a estratégia, o burocratas começaram ali sua mudança de foco baseados simplesmente no perfil momentâneo das redes. Por conta disso, quase não vemos a verdadeira visão de Zack Snyder para a Liga da Justiça. Um filme que em minha opinião conseguiu aprofundar o universo pessoal de cada herói e colocou, acertadamente, Superman como apenas mais um membro da equipe, ou seja, o que faz o grupo funcionar não é magnitude dos poderes, mas sim a confiança, trabalho em equipe e empatia que existe entre os integrantes. Há várias cenas incríveis, mas uma em particular me chamou atenção pelo peso dramático dado, sobretudo, por Jared Leto. A cena do diálogo entre Coringa e Batman na linha de tempo alternativa ou "pesadelo" de Bruce Wayne. Finalmente Jared Leto mostra, em poucos minutos, um Coringa cheio de camadas, insano, mas ao mesmo tempo com uma estranha e bizarra fragilidade naquele momento de derrocada. Uma cena para entrar para meu hall de melhores cenas. É impossível não ver ecos de outro filme de Snyder, Watchmen (2009) (para mim um dos melhores filmes de heróis feitos até hoje - claro, opinião pessoal). Tal qual em Watchmen, na Liga da Justiça de Zack Snyder vemos uma relativa desconstrução dos super-heróis que se veem incapazes de lidar com a realidade e acabam por demonstrar seu lado humano, falho e, por que não, frágil. Há também o clima de fim muito palpável na trama. Muitas HQs nas últimas décadas passaram a flertar todos os meses nas bancas com o fim do mundo, banalizando o conceito e não mais conseguindo passar para o leitor a angústia, desesperança e sentimento de melancolia que algo assim traria à todos. De uma forma muito sútil eu acho que Snyder conseguiu imprimir nos personagens e, portanto, no público, esse sentimento de "fim". Pena que, ao que tudo, indica a Warner já sinalizou veementemente que essa visão de Snyder não será continuada. Uma triste história em que, novamente, o dinheiro, e não a arte, ditaram a sobrevivência de uma obra.







4 comentários:

  1. concordo, e assim se perdem. o meio do caminho e os fãs ficam sem ter o resultado completo....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade Fabio... Vamos ver se a pressão dos fãs faz a WARNER voltar atrás e permitir o prosseguimento!

      Abcs!

      Marcelo

      Excluir
  2. Oi Fabiano...

    Gostaria de comentar sua mensagem apenas dizendo que sua experiência descrita acima é o que falta atualmente às pessoas. Ou seja, assistirem à filmes de forma mais despreocupada, e com um olhar mais de entretenimento. Tudo foi ficando muito "chato" quando se busca achar um "porque" para tudo e quando se busca deixar tudo megaexlicado e totalmente deste ou daquele modo de pensar.

    Precisamos ter mais dessas experiências que você cita, ou seja, simplesmente se deixar levar pela obra. É por isso gostamos tanto de filmes do passado que se fossem analisados com o devido cuidado, tem um monte de "Furos", mas tudo bem!!! O importante era a mágica, a magia envolvida naquela 1h30 de filme. As pessoas foram ficando cada vez mais técnicas e cada vez menos imaginativas.

    Concordo muito com o você coloca. E acho, inclusive, que o fã de quadrinhos que conhece tudo a fundo perde muito ao exigir minúcias que no fim são legais, mas não precisamos ficar tão preso a elas. Seria só nos deixarmos levar pela magia.

    Valeu amigo!

    Marcelo

    ResponderExcluir
  3. Olá Marcelo, há tempos que não comento nada por aqui, tenho a mesma ideia respeito destes filmes, melhor curtir do que ficar apegado a cronologia "tão extensa" destes heróis, pois seria impossível retratar tudo em tela somente em um filme. Os fãs xiitas detonaram a versão do Joss Wedon e num passe de mágica a versão do Snyder é a melhor coisa do mundo? na minha humilde opinião as mudanças não foram tão significativas assim para este filme sair da categoria péssima e ser elevado ao Olimpo dos filmes de heróis, acho que teve mais tempo, assim pode mostrar muita coisa que a primeira versão não mostrou, como o lançamento foi em tempos de pandemia permitiram um tom mais sombrio para o filme, coisa que cortaram na versão do Wedom. Enfim achei que um filme complementou o outro. e não posso deixar de comentar aquela cena do Caçador de Marte se passando pela Martha, qual a finalidade daquilo, seria Lois Lane tão importante para em um mundo sem o Superman? São somente opiniões não quero ser o senhor da verdade até porque não tenho tanta familiarização com o universo DC. Abraço e até breve.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Posts Relacionados