Jorge Luis Borges já havia comentado acerca da inutilidade da imortalidade para a espécie humana em seu livro O Aleph por meio do conto O Imortal. Caso fossemos agraciados com esta "dádiva", possivelmente cairíamos em ciclos intermináveis de inexistências. Mas em Nosferatu de 1979, Werner Herzog fez mais que uma releitura do clássico de F.W. Murnau de 1922, Herzog expande e aprofunda a perspectiva da imortalidade para o homem. O diretor coloca o Conde Orlok no epicentro desta lírica e aterradora fábula acerca do viver. O ator Klaus Kinski, talentoso e de temperamento extremamente difícil, dá vida ao lúgubre Conde e consegue entender em toda profundidade como seria um ser vivo com aqueles dons. Com atmosfera intimista, a obra tem aquela beleza onírica que, de tão fugaz, é difícil de se captar e manter, porém Herzog consegue. Mas outra coisa surpreendente no filme é a moldura musical realizada de forma excepcional pela banda alemã Popol Vuh. O pianista e líder Florian Fricke entendeu exatamente o que deveria fazer ao atribuir sons à sacralidade da vida eterna, morte e amor. Com uma orientação que mistura o clássico com o moderno, o Popol Vuh fez vários outros temas para filmes de Werner Herzog, no entanto a grande genialidade de Florian Fricke é sua capacidade de transmutar o sagrado em sons.
Tema bem abordado em obras populares e eruditas.
ResponderExcluirTemos esse fascínio pela existência eterna mesmo vivendo tão pouco. É quase como uma maneira de, no final das contas, procurarmos alegria por uma vida tão frágil.
Recordando de Wants to live forever de Queen, agora.
Um curiosidade: o conto O Imortal de Borges foi referenciado em A Liga Extraordinária de Moore/O'neill, logo no início da parte em prosa de Século. Tudo de maneira bem discreta.
Abraços!
O Aleph do Borges é bem profundo. Como um quadro surrealista, dependendo da época da vida em que se lê o livro, ou do estado de espírito, é possível obter impressões distintas do mesmo conto.
ExcluirO que acho interessante em relação ao conto O IMORTAL é que há outro conto no mesmo livro chamado "Benjamim Otálora" no qual o autor descreve (em minha opinião) acerca da inutilidade da mortalidade.
Se de um lado a imortalidade carece de sentido, em Benjamim Otálora a mortalidade também.
Certa vez fiz um post sobre O IMORTAL:
http://marcelo-antologias.blogspot.com/2010/08/terminei-de-ler-esse-livro-ha-poucos.html
e depois outro post falando acerca de BENJAMIM OTÁLORA
http://marcelo-antologias.blogspot.com/2010/08/o-aleph-benjamin-otalora.html
São posts de 2010 (!!!). Caramba!! Como passa!!! kkkkkk
Abcs!
Marcelo