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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Pílulas Séricas #3: Cidade Invisível (2021)


Podemos  falar de folclore a partir de diversas abordagens, mas talvez as duas principais sejam: 1) a acadêmica e 2) aquela fruto de experiências pessoais. Esta segunda está ligada àqueles que de alguma forma já experimentaram algum tipo de interação com o místico dentro da natureza. Quando garoto morei por anos em uma fazenda do interior do Mato Groso do Sul. Cresci ouvindo histórias de sací. Ouvia sons distantes e curiosos na mata, e até mesmo as tranças nas crinas dos cavalos logo cedo na "Mangueira" na hora de tirar o leite. Nesse ambiente, o que mais me marcou foi a sensação contínua de que a mata possuía uma presença. Coisas desse tipo se desvanecem quando tentamos descreve-las. Elas estão na dimensão de uma outra comunicação, uma outra linguagem. Quando concluí a 1ª Temporada de Cidade Invisível percebi que os autores tentaram e conseguiram, em certa medida, retratar a dimensão escondida que se forma em torno de nossa credulidade. Infelizmente não posso opinar acerca da assertividade acadêmica da série, até porque não sou da área, no entanto, percebo que no computo geral a obra soube lidar com respeito e reverência ao abordar os ícones folclóricos brasileiros (pelo menos sob a perspectiva de um leigo e não acadêmico literato). Infelizmente, atualmente uma obra para ser celebrada precisa ser absolutamente o "máximo", absolutamente "incrível". Há pouco espaço hoje em dia para se deixar levar simplesmente. O entretenimento foi sendo solapado pela tentativa de se analisar as obras em suas minúcias. Mas se nos permitíssemos relaxar e deixar-nos levar pela narrativa, veríamos que as obras podem ser muito maiores do que as opiniões e resenhas infinitas e imediatas existentes no universo virtual. Não se permite o tempo necessário para decantação das ideias... Vale a opinião o mais imediata e instantânea possível. E dentro desta máquina de moer e criticar ideias vai-se perdendo a calma necessária para se descobrir uma obra. Não à toa, muitas gigantes do streaming passaram a liberar episódios semanais. Cidade Invisível pode ter erros aqui e acolá como já está sendo apontado por miríades de Blogs e canais no YouTube, mas a ideia central é muito bem trabalhada. Posso dizer que, como alguém que já sentiu os olhares esquivos dentro do verde, vale muito a pena!!






6 comentários:

  1. Prezado amigo Fabiano!

    Que bom tê-lo aqui novamente no Blog amigo!

    Fico muito feliz com teu comentário e por minhas palavras encontrarem eco em dentro de você. Sinto-me como você descreve. Ou seja, as infinitas análises têm roubado a simplicidade do entretenimento, e ao fazer isso roubam grande parte da magia por trás das histórias.

    As pessoas tem passado a olhar a tudo com um olhar técnico o tempo todo, perdendo o mistério de se contar uma história.

    Quando você assistir me avise o que achou!

    Forte abraço.

    Marcelo

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  2. Assisti e tbem adorei.... Gosto muito da sua colocação com relação a série. Tbem penso dessa forma!

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    Respostas
    1. Que legal Murilo!!

      Que bom que gostou. Depois podíamos conversar mais sobre isso!

      Forte abraço!

      Marcelo

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  3. Morei no interior de MG por um tempo e escutava algumas histórias folcloricas, fantasticas. A sensação que a mata tem uma presença eu também tinha.
    Cara, assisti a temporada inteira. Me surpreendeu de forma positiva! Gostei muito e estou ansioso para que tenha a segunda temporada.

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    Respostas
    1. Oi amigo Elvys!

      Obrigado pela visita e comentário. Se você já teve essa experiência pessoal de relação com a mata então deve ter entendido minha colocação no post. Que legal...

      Estou aguardando também uma segunda temporada. Um ponto que gostaria de ressaltar foi a interpretação bem visceral do ator que interpretou o Curupira. Uma verdadeira força selvagem ao final da série. Achei muito bora.

      Valeu amigo! Apareça mais vezes.

      Gde. Abc.

      Marcelo

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  4. nossa que legal, não tinha ainda ouvido falar disso!!! é a pagamento?

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