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domingo, 16 de setembro de 2018

Sentinela - Uma Inesperada e grata SURPRESA! - Salvat Capa Vermelha Nº 74


Dentre as diversas diferenças entre a Marvel e a DC posso citar uma que me parece bem relevante: diferentemente da DC, a Marvel nunca teve uma "Bússola Moral" da envergadura do Superman. Isto não é ruim, é apenas um fato. Heróis como o Capitão América (por exemplo) fazem este papel de epicentro ético dos Heróis Marvel de forma mais tímida. Porém, devido a suas habilidades serem muito menores que as do Superman, podemos dizer que a figura de Steve Rogers não possui a mesma dimensão no imaginário coletivo dos heróis da Marvel que o Superman possui dentro da DC. Isto se dá, provavelmente, pela aura quase divina de seus poderes e origem. O fato da Marvel não possuir um herói construído ao longo de décadas com este perfil, fez (por exemplo) que a Marvel tivesse outras características, no entanto o fato é que não há um herói dentro da Casa das Ideias que possua a dimensão do Superman no que se refere à referencial absoluto de conduta. Mas o que aconteceria se a Marvel tivesse esse herói? Um herói que não é apenas O Mais Poderoso que todos, mas que é também o que Surgiu Primeiro! Pois bem amigos... Este herói existe, ou melhor, talvez tenha existido. Bem vindos a esta grata e ótima surpresa que é a Minissérie SENTINELA, publicada na íntegra no volume 74 da Coleção Capa Vermelha da Salvat.


A minissérie Sentry foi publicada entre 2000 e 2001 nos EUA e teve Paul Jenkins à frente do roteiro e uma arte excepcional de vários artistas. A minissérie propriamente dita possui 05 partes (capas na parte superior da figura acima) e é desenhada por Jae Lee. Os outros 05 materiais de apoio da minissérie principal (apresentados na parte inferior da figura acima, mas também presentes na edição da Salvat) teve seus desenhos divididos por um time de peso, dentre eles: Bill Sienkiewicz, Mark Texeira, Terry Austin e Rick Leonardi. Minha referência acerca do herói Sentinela sempre fora, até ler este encadernado, o Arco O CERCO. No qual um herói superpoderoso (o Sentinela) simplesmente enlouquece e torna-se em um dos eixos principais da história assassinando de maneira horrível o deus Ares. Na época, sinceramente não vi necessidade de procurar saber mais a respeito do desconhecido Sentinela. Eu o considerei, por assim dizer, um herói de ocasião, ou seja, não muito digno de nota. Tudo mudou para mim ao ler o encadernado acima.


Mas quem é o Sentinela e por que ele me cativou tanto? Paul Jenkins conseguiu construir ao redor do personagem uma mitologia crível e muito interessante semelhante à do Superman, além de conseguir causar sobre os demais heróis da Marvel um efeito e uma influência parecida com aquela que Kal-Ell exerce sobre os heróis da DC. Mas como Jenkins fez isso? Não contarei o artifício que ele usou para introduzir um personagem assim, porque parte desta resposta é o eixo central da história e seria um spoiler de minha parte. O fato é que foi uma experiência extremamente interessante ver a relação e influência de um herói desta envergadura sobre os demais heróis da Marvel. Heróis como Hulk, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, dentre outros relembram, durante o arco, sua relação e admiração pelo Sentinela. Jenkins teve um domínio e uma criatividade fantástica ao desenrolar uma ideia assim. Ver a admiração nos olhos de Reed Richards, Tony Stark, Peter Parker e dos X-Men diante do Sentinela, além da profundidade de sua amizade com o Hulk não teve preço para mim, sobretudo pela forma com que os diálogos foram escritos, ou seja, trabalhando os tradicionais personagens da Marvel com as reações exatas que tais heróis teriam ao se deparar com um Semideus de bondade e poder.

Arte de Jae Lee

O Sentinela surgiu a partir de uma brincadeira de Marketing que o Editor-Chefe da Marvel em 2000 (Joe Quesada) quis fazer. O editor teve a participação do próprio Stan Lee nesta brincadeira. Foi dito que o Sentinela era uma criação perdida de Stan Lee ainda no início da Era de Prata (meados de 1960). O fãs ficaram em polvorosa pela possibilidade de lerem a respeito de um herói criado na efervescência do que foi a Era de Prata dos quadrinhos. Para que a brincadeira não saísse do controle e os fãs não se sentissem enganados a minissérie tinha que ser realmente de excelente qualidade, e foi o que aconteceu. Os fãs se sentiram na verdade recompensados ao lerem um material que resgatava e valorizava o antigo sob a perspectiva do novo. Paul Jenkins elabora uma origem do Sentinela que o coloca como o primeiro herói do Universo Marvel, e que até mesmo por isso, se tornaria referência e modelo para todos os outros.  Mas algo deu terrivelmente errado. O que aconteceu para que este Mega-Herói fosse esquecido por todo o Universo 616?

Arte de Jae Lee

Se você for um leitor regular de quadrinhos, provavelmente você já tem a resposta para a pergunta acima. Se não tem, será um prazer ler esta minissérie. Mas mesmo que você já saiba o motivo do esquecimento do Sentinela na memória dos heróis Marvel, mesmo assim será um prazer ler o arco porque a grande surpresa não está no desfecho, mas no caminho, no desenrolar da história. Ou seja, o que causa surpresa são as reações críveis dos heróis e a inserção de uma Bússola Moral desta magnitude, que causa um distúrbio em um Universo Ficcional conhecido pela fraqueza e humanidade de seus heróis. Assim temos a subversão da identidade primordial da Marvel. O choque de cada herói Marvel (que sabem que são falhos em certas áreas) diante de alguém que é... tecnicamente PERFEITO mental e fisicamente. Um papel, aliás que o Superman desempenha muito bem na DC.

Acima arte fantástica de Mark Texeira

Gostaria de chamar atenção para alguns desenhistas da obra, em primeiro lugar o traço triste e melancólico de Jae Lee. Conheci o traço de Lee quando li aquela que é para mim uma das melhores histórias modernas do Quarteto Fantástico, o arco Quarteto Fantástico 1234. Foi uma das primeiras experiência que tive como leitor ao chegar quase a ouvir sons e a sentir cheiros diante de um traço. Esta característica melancólica, intimista e triste de Jae Lee aparece muito bem na minissérie principal de 05 números. Já nos números de apoio quem brilha para mim são dois: Bill Sienkiewicz e Mark Texeira. Sienkiewicz desenha o número do Hulk e impregna seu traço com a angústia bestial presente na psique do Monstro Esmeralda de forma que a fúria e a loucura é quase palpável. De outro lado, Mark Texeira desenhou o número Sentinela e X-Men, no qual destaca o relacionamento do X-Man Anjo com o Sentinela. A arte de Texeira assemelha-se à arte pintada em aquarela e é dimensionada dentro do desespero e angústia que permeia a obra.


Bem amigos... Espero que usufruam da obra. Para mim foi uma leitura muito prazerosa. Mexer com as raízes dos personagens é algo muito interessante, no entanto precisa ser bem feito, caso contrário no sentimos traídos e enganados. Definitivamente não é isso que vemos nesta obra.

Forte abraço.

Obs.: A arte escolhida para a capa do encadernado da Salvat é do John Romita Jr., porém ele não tem nada a ver com a minissérie do encadernado. Romita Jr. viria a desenhar uma minissérie do Sentinela em 2005, mas não é essa do encadernado da Salvat.

3 comentários:

  1. Já Aguçou minha curiosidade para ler esta Minissérie!

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    Respostas
    1. Opa!

      Legal Veloso! Quando ler poste aqui seu comentário!!

      Abcs!

      Marcelo

      Excluir
  2. blz marcelo?

    bem legal esta HQ, em 2001 quando a editora mythos lançou a mini série inumanos da mesma dupla criativa gostei demais e por este motivo comprei a mini série do sentinela no mesmo ano. como a versão da mythos foi mutilada e o formato era o paraguaio comprei esta edição da salvat (apesar de ser $cara$ o texto/arte vale o preço).
    gosto demais da arte do jae lee e nesta edição em particular está fantástica.
    vc citou quarteto fantástico 1234, tenho a versão que saiu na paladinos marvel 1 a 4, gosto bastante da arte, já a história..... não sou fã do grant morrison, de maneira geral o cara viaja muito, são poucos materiais escritos por ele que gosto, no momento só lembro de asilo arkham, gothic e grandes astros superman.

    abraço

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