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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Vingadores Guerra Infinita - O Grandioso Fatalismo e a Complexidade da Maldade


Passados praticamente 10 anos de existência do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), o público em geral aprendeu a entender e a classificar o gênero "Filme de Super-heróis" dentro de uma fórmula que necessariamente possui alguns ingredientes: ação, drama, comédia, aventura, questionamentos profundos destilados de forma sutil e muita diversão. Ser "nerd" em um mundo que passou a aceitar e até (em certa medida) admirar os Super-heróis não tem preço. Isso porque esta admiração viabilizou investimentos que nos permitiram ver na telas aquilo já víamos e vivíamos no quadrinhos. Todo este fenômeno de massa gerou expectativas altas a respeito do filme que viria encerrar uma grande epopeia iniciada em Homem de Ferro 1 de 2008: Vingadores - Guerra Infinita.


De forma soberba e incrivelmente bem construída, Vingadores - Guerra Infinita cumpre o papel a ele atribuído por uma legião de fãs em grande expectativa. Dirigido pelos já conhecidos Irmãos Russo, o filme conseguiu equilibrar subtramas e inúmeros heróis que antes brilharam de forma mais restrita. Gostaria de já explicitar o que mais me agradou no filme, e foram duas coisas: A Primeira delas foi a atmosfera de "finitude" que os diretores imprimiram no filme, ou seja, o expectador é lentamente levado a perceber que o fim de muitas coisas se aproxima. Mas não apenas perceber, mas se entristecer e realmente sentir "pesar" por isso acontecer. Conseguimos vivenciar ao lado dos personagens o crepúsculo das coisas como são. Com isso somos levados a sentir toda tristeza, melancolia e fatalidade que acompanham momentos assim. Foram poucas as obras com as quais entrei em contato que me fizeram chegar a este sentimento, uma delas foi a História "O Que Aconteceu ao Homem de Aço" de Alan Moore, na qual realmente percebemos a partir de um certo ponto que tudo se encerrará. Vilões, personagens, pessoas que antes tiveram lugar dentro de uma certa mitologia e em nossos corações serão apenas uma lembrança levada pelo tempo.


Este sentimento nos invade em poucos momentos em nossa vida. Em geral quando entramos em contato com algo realmente irrevogável, com algo para o qual não há mais remédio. Eu por exemplo senti isso quando perdi meu pai para um câncer e, nos poucos 03 meses que o separaram da vida, o "tempo" passou a correr de uma forma diferente para mim. Foram 03 meses em que tudo parecia acontecer num ritmo diferente, mais lento, tal qual uma cena do filme "Matrix" quando uma bala viajava na direção de Neo. É difícil condensar sensações assim, e mais difícil ainda é encher um filme com elas. O fatalismo crível descortinado pelos diretores conseguiu levar a platéia a transcender as batalhas e as lutas. Vivemos uma época que qualquer coisa que é lançada quer receber a alcunha de "Épico". Isto tem banalizado um pouco esta palavra, por isso eu a tenho atribuído apenas para situações que realmente tem conseguido me mobilizar de forma mais profunda, e Vingadores - Guerra Infinita conseguiu isso.


A Segunda coisa que mais gostei no filme foi aquela sobre a qual eu possuía mais expectativa: Thanos. Difundido nos Quadrinhos como um ser mais louco do que inteligente, mais genocida do que complexo, Thanos amealhou nos quadrinhos a reputação de ser poderoso, assassino e (em minha opinião) sem grandes facetas dramáticas (o que não diminui sua importância ou mesmo meu apreço por ele). Caso o tivessem retratado exatamente assim boa parte da história apresentada em Vingadores - Guerra Infinita se esvaziaria. Isso porque estaríamos novamente diante do "bem" contra o "mal". Ao invés disso Thanos evoluiu para algo muito mais complexo, dramático, poderoso e não menos letal. Isso foi alcançado ao trazê-lo com uma motivação mais complexa e até entendível: a necessidade de se manter um equilíbrio Universal entre vida e morte. Além disso, o que fez de Thanos um vilão tão apaixonante foi a interpretação do ator Josh Brolin que, apesar de estar submerso em camadas e camadas de computação gráfica, está totalmente presente em Thanos. Mérito do ator e dos técnicos que conseguiram avançar a técnica computacional para um nível que permite que o ator não se perca e se esvazie em meio à tantos efeitos.


Assim como Deus executou sua obra e descansou no 7º Dia, assim é com Thanos que almeja executar sua obra e finalmente ter um descanso (o que acontece no fim do filme). A personalidade do personagem não é vazia, há camadas escondidas dentro dele que fazem com que transcenda (como já disse acima) os quadrinhos. Não é apenas loucura e sede de sangue que o motiva, há (por incrível que pareça )(pasmem) lugar para o amor. Mas não o amor vago e metafórico que o Thanos dos quadrinhos nutre pela "MORTE", mas um amor mais nobre, a saber: "o amor paternal"!! E a existência desse amor nas habilidosas mãos de Josh Brolin e dos Irmãos Russo tornou-se crível, e não algo piegas e que descaracterizaria o personagem, desencadeando a JIHAD NERD ao redor do mundo contra a Marvel. O filme gera algo que há muito tempo não presenciava em uma platéia de cinema, a excitação e, ao final, uma "dor" que só quem submergiu dentro da história pode sentir. A final do filme, o rapaz na poltrona do meu lado simplesmente soltava palavras desconcertadas sem parar, algo muito comum em pessoas que se vêem diante de situações que os tocam bastante mas com as quais não sabem nem lidar direito. Algo semelhante à um "choque pós-traumático".


É certo que o grande criador de Thanos nos quadrinhos, e principal roteirista das aventuras espaciais da Marvel nos Quadrinhos, Jim Starlin, foi homenageado ao longo do filme. A Saga Desafio Infinito de Starlin está bem presente com a busca pelas jóias do poder. Mas há também espaço para homenagens ao Rei Jack Kirby na apresentação dos grandiosos cenários Kirbianos espaciais. Sagas mais recentes dos quadrinhos também estão representadas no filme, e talvez a principal delas seja INFINITO de Jonathan Hickman. A presença dos asseclas de Thanos e integrantes de sua Ordem Negra, a saber, Fauce de Ébano, Corvus Glaive, Próxima Meia-Noite e Estrela Negra são indicativos da força da nova mitologia que rodeia o vilão Thanos. O que eu percebo muito claramente é a necessidde dos jovens Nerds atuais lerem mais quadrinhos e conhecerem as grandes histórias da editora. Caso fizessem isso, poderiam aproveitar muito mais a riqueza de um filme como Vingadores - Guerra Infinita.


Todos os personagens estão muito bem, mas gostaria de fazer uma menção honrosa à Thor, que neste filme passa por um calvário e definitivamente tem sua fibra Divina testada ao limite. Assistir à sua saga pessoal ao longo do filme é um resgate do poder, fibra, carisma e força do personagem.

E você?!  O que achou de Guerra Infinita!? Quais suas impressões? Como o filme ressoou dentro de você!? Um forte abraço!

10 comentários:

  1. Gostaria de convida-lo para colocar esse texto no blog que participo, para que mais pessoas possam ler. Conseguiu por em palavras muitas das coisas que tentei, mas não completei o raciocínio (ainda cheguei a escrever alguns parágrafos no dia posterior a sessão). Também vi a versão do cinema ser muito melhor que a dos quadrinhos (que verdade seja dita, nunca gostei).

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    Respostas
    1. Olá amigo Ozy!!

      Puxa... Para mim seria uma honra deixar meu texto lá. Fique à vontade para inseri-lo. Ou se quiser que eu mande para você para facilitar a inserção me avise!

      Vou tentar inserir lá!

      Forte abraço!

      Marcelo

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    2. Olá, estou lendo nesse momento seu texto sobre "Infinito", queria lhe convidar para fazer parte da equipe, podendo publicar os mesmos textos daqui por lá. Mas caso não possa, eu ficaria feliz em publicar esse texto daqui e o Infinito como escritor convidado. Puder falar comigo pelo g+, esse é o meu perfil, tô online agora a noite: https://plus.google.com/+OzymandiasRealista

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    3. Puxa !!!

      Claro! Ficaria muito feliz em passar os textos com certeza! Inclusive como colaborador regular!!

      Vou entrar no Google+ para te mandar.

      Abcs!

      Marcelo

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    4. Mandei mensagem para você pelo Hangout. Mas deixo aqui meu email para qualquer coisa conversarmos pelo email:

      marcelofernandes1102@gmail.com

      Abcs!

      Marcelo

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  2. Bom Dia !!
    Parabéns Marcelo novamente você fez um belo comentário
    Eu sair do cinema comentando, esse filme resume bem minha história de fan de super herói, a Marvel entregou oque se esperava....

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    Respostas
    1. Olá Lucas!

      Agradeço muito a presença e comentário. Fico muito contente de partilhar ideias e de receber seu feedback.

      O filme realmente conseguiu trazer o "peso" necessário" para dar credibilidade às mortes. Sobretudo Thanos se mostrou muito convincente.

      Valeu amigo!

      Forte Abraço!

      Marcelo

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  3. Respostas
    1. Valeu grande amigo! Desculpe a demora em responder. Aconteceu algumas coisa que parei de receber notificações de comentários no meu e-mail. Agora que estou conseguindo resolver isso.

      Forte abraço!

      Marcelo

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  4. Parabens pela boa crítica. Eu adorei desse filme. Pessoalmente acho que Peter Dinklage nos surpreendeu no papel. Falar de Peter Dinklage significa falar de uma grande atuação garantida, ele se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. O mesmo vai acontecer com esta produção, Meu Jantar com Hervé, um dos filmes com o ator Jamie Dornan que para mim será um dos grandes filmes de HBO. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo.

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