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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Boa Leitura: Avante Vingadores Nº 53


"Avante Vigngadores" (AV) é uma revista bi-mestral da PANINI bem irregular no meu modo de ver. Sua proposta, pelo que percebo, é trabalhar aspectos do Universo dos Vingadores que não podem ser apresentados nas revistas de linha. Ultimamente tem sido publicado uma sequencia de histórias nessa revista com uma proposta que eu gostei bastante: histórias que visam trazer ao novo leitor um resumo da cronologia/mitologia do grupo ou dos heróis que compõem os Vingadores. Isso serviria para atualizar alguns personagens e contextualizar algumas coisas para aqueles que começaram recentemente a ler. Exemplo dessa ideia são os números 49, 50, 52 e 53 dessa revista, esse último trazendo a história que é motivo desta matéria aqui no blog: Capitão América - Um Homem Fora de seu Tempo.


Infelizmente nem todas essas histórias que cito acima foram levadas à frente com a excelência que mereciam. Exemplo ruim foi AV Nº 52, que deveria contar a 1ª História dos Vingadores! Aquela que deu origem à equipe! Pois é uma bomba. Achei muito ruim, sem expressão! Porém, não é isso que vi nessa do Capitão. O que poderia ser novamente uma droga, revelou-se para mim uma agradável leitura. Longe de ser um épico, ou mesmo uma HQ excelente, "Capitão Améria: Um Homem Fora de seu Tempo" funciona muito bem! Nas mãos de Mark Waid, a história narra a difícil fase de adaptação de Steve Rogers após ter sido encontrado congelado pelos Vingadores (mais especificamente por Namor) e ter sido reanimado, acordando 60 anos depois. Essa aliás sempre foi uma história que eu quis que fosse explorada, ou seja, como Steve Rogers superou o fato de ser lançado em uma cultura totalmente diferente da sua. Como foi sua readaptação? Um homem dos anos 40... vivendo nos anos 2000 (época que Mark Waid parece atualizar o despertar do Capitão).


A imagem acima à esquerda é a última coisa que Steve viu em 1945... E como num piscar de olhos ele enxerga outra coisa 60 anos depois (direita), quando é despertado pelos Vingadores. Mark Waid escreve a história com sensibilidade e mostra o lado humano do personagem. Sua dor, saudade e estranheza ao se ver como um homem com valores antigos em um mundo de imediatismos e valores trocados. Há uma sequencia em que Steve Rogers encontra um contemporâneo seu, um velho amigo que agora tem 80 anos (na verdade a idade de Steve). Quase que é possível perceber que Steve gostaria de ter a mesma aparência velha de seu amigo. Talvez dessa forma ele não se sentisse tão anacrônico. Waid propõe sutilmente aquilo que acontecerá com todos nós um dia: envelheceremos e veremos nossos amigos e contemporâneos deixarem essa vida. Nesse dia pensaremos: "Que mundo estranho esse que estou vivendo... Tão diferente daquele no qual fui criado...". Amigos irão embora, valores mudarão, tecnologias virão numa velocidade maior do que aquela que conseguiremos assimilar. Nesse instante nos sentiremos anacrônicos também, ou seja, fora de nosso tempo e talvez... sozinhos.


Nessa história Steve Rogers prova que possui mais dentro de si do que simples heroismo. Possui humanidade. Outra cena muito simbólica da história é quando o Capitão encontra Thor em pleno cemitério de Arlington (local no qual muitos de seus contemporâneos estão enterrados. A conversa entre ele e Thor é memorável.


Thor confronta a dor do Capitão de forma nua e crua. É um antológico encontro de dois titãs do Universo Marvel.


Outro aspecto que Waid trabalha é o fato de que viagens no fluxo espaço-tempo já tinham sido dominadas pelo Sr. Fantástico do Quarteto Fantástico. Sendo assim, por que Steve não optou em se arriscar e voltar ao seu tempo? Essa pergunta é respondida também. Não posso deixar de destacar a arte de Jorge Molina que valorizou muito a narrativa de Waid. Gostei muito do seu traço, que para mim lembra a arte de Olivier Coipel (Thor: Renascer dos Deuses).


"Capitão América: Um Homem Fora de Seu Tempo" foi para mim uma boa leitura. Ressalto o fato de que, como sempre, o "gosto" a respeito de algo é muito pessoal, mas se me divertiu e agregou algo... É o que importa. Grande Abraço!!

12 comentários:

  1. essa revista é mesmo mto irregular....

    tem ed. mto boas, e outras q variam entre o ruim, o razoável e o horrível!!

    eu só comprei uma dessa coleção: q trazia 4 históiras de guerra com o capitão (saiu no final do ano passado)!!

    as outras, eu li algumas em scans... e outra nem quis arriscar, rs!!

    mas essa parece ser das boas, hein??

    Abs!!

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    1. Oi Léo.. Blz!?

      Então... essa que vc cita eu tenho também, possivelmente vc se refere à AV Nº 49. Fiquei animado com essa proposta de atualizações dos personagens, mas colocaram roteiristas que não desenvolveram o tema na dimensão que mereciam em algumas histórias. Essa do Caps foi realmente uma surpresa pra mim.

      Eu gostei. Ao contrário de alguns camaradas, eu gosto do Capitão. Ele é um personagem mais complexo do que aparenta. Pretendo escrever mais sobre esse meu ponto de vista na próxima postagem aqui do blog, na qual vou trazer algumas fotos da miniatura do Capitão da coleção de miniaturas marvel.

      Embora tenha gostado do Filme com o Chris Evans, ainda acho que essa dimensão mais profunda do personagem não foi atingida. Mas pode ser que essa minha opinião se baseie no fato de eu gostar de histórias que envolvem aspectos mais profundos da psique humana e no caso de um filme como esse, os produtores tem que fazer uma coisa mais leve mesmo para o público em geral gostar.

      Gde. Abc.

      Marcelo.

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  2. eu achei o filme do capitão mto bom (pros padrões atuais, onde geralmente impera mta bobagem feita pra platéias idiotizadas: um exemplo é o péssimo filme do "Sherlock Holmes" - um dos + imbecis da última safra e q desrespeita todo o universo criado em torno do personagem)....

    diante de uma hollywood cada vez + idiotizada... o filme do capitão até q saiu mto bem:

    mas tá longe de ser o filme q eu (um fã de longa data do personagem) idealizava!!!

    o capitão é um personagem riquíssimo de conteúdo (apesar de mtos discordarem por puro preconceito e sentimento de anti-americanismo: o q chega a ser uma hipocrisia pra nossa sociedade q consome uma boa parte da cultura norte-americana nos cinemas, nas lanchonetes, e em todas as mídias)...

    pra mim, o filme do capitão mereceria ser algo + grandioso... dirigido por um Oliver Stone, por exemplo!!!

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    1. Gostei do filme também do Capitão. Mas acho, como você, que o filme dele teria que ter uma pegada à lá Oliver Stone e seu Platoon, Copola e o seu Apocalipse Now, seria legal até tipo um Rambo I, que foi bem legal por retratar um soldado traumatizado, com dificuldade de se adaptar numa sociedade que não reconhece seus heróis!

      Gosto muito do Capitão também... Concordo com vc sobre a hipocrisia das pessoas quanto ao anti-americanismo, até porque Steve Rogers não é em "pau-mandado" do Tio. Sam.

      Valeu Léo!

      Abc. Marcelo.

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  3. Marcelo, só hoje li seu artigo porque gosto de ler como se fosse um bom prato de comida, daqueles que a gente quer degustar ao máximo. Você possui um meio bastante pessoal de narrar suas postagens de forma clara, precisa e que valoriza tanto algo que às vezes até penso que eu gostaria de ter também. É o caso dessa trama envolvendo o Capitão América, personagem que conheço muito pouco porque simplesmente nunca tive motivos para me aproximar de seu universo. E essa trama aborda uma reflexão que estive pensando agora há pouco, sobre esse modismo da criogenia - as pessoas que são congeladas para revitalizarem-se muito tempos depois. Supondo que essa técnica realmente funcione e não cause danos físicos à pessoa congelada, ainda resta a reflexão mostrada por esse trabalho e que encontrei em tuas explicações: "VALE REALMENTE A PENA QUERER ESTAR JOVEM E CHEIO DE VIDA EM UMA ÉPOCA QUE SERIA BEM À FRENTE DE SEU TEMPO?" Essa constatação de que o ser encontraria-se perdido dentro de um mundo que ainda é dele, porém, completamente diferente (cronologicamente falando) e estranho talvez seja a maior explicação do porquê não fomos feitos para viver eternamente ou, por períodos muito distintos àquele de nossos amigos, pais, familiares e demais outros cidadãos comuns.

    Com a palavra, Noosferatu e Drácula, que ganharam a eternidade, porém, perderam a essência da vida. Não se ajustam ao passar dos tempos porque tudo o que lhes é concedido, com o tempo, vai embora, morre ou desaparece por alguma razão. E daí vemos a metáfora de sugar o sangue da artéria da vida que nada mais é do que ímpeto desesperado de alguém que viu-se condenado não à vida eterna, mas a uma solidão sem fim.

    Parabéns por adquirir esse material. E valeu por compartilhar ele de tal forma que conseguiu me remeter a essa reflexão.

    O que seria dessas obras em quadrinhos se os leitores se voltassem à elas simplesmente com um olhar superficial? Por sorte, ainda temos aqueles que leem, veem e refletem, conseguem encontrar profundidade diante daquilo que lhes é mostrado. E que bom que conseguem nos expressar o fato, e fazer com que reflitamos em mais pontos aqui.

    Parabéns! Tudo de melhor pra você, cara!

    Fabiano Caldeira.

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    1. Oi Fabiano.

      Muito obrigado pelas palavras cara. Fiquei muito feliz com elas. Entendo tudo isso que a gente faz em nossos blogs da mesma forma como você e o Léo entendem... Ou seja, é uma forma da gente se expressar, mas ao mesmo tempo tudo ganha um sentido mais profundo quando compartilhamos isso com os amigos, que é como eu considero você, o Léo e mais alguns camaradas que sempre aparecem por aqui.

      Gosto muito do Capitão por diversos motivos e um deles é essa certa tristeza e estranheza que ele carrega... Algo que todos nós de uma certa forma carregamos também. Tristeza pelas perdas que às vezes acumulamos e estranheza pelo fato de observarmos o mundo à nossa volta e vermos que ele muita vezes muda mais rápido do que a gente... E com isso nos tornamos "antiquados" antes do tempo.

      O que vc aborda em seu comentário acima na verdade é o cerne de muitas questões existenciais. A "finitude" e a "infinitude". Certa vez lí dois contos do Jorge Luis Borges que me fizeram entender a futilidade da "finitude" e a futilidade da "infinitude", são eles "O Imortal" e "Benjamim Otálora", respectivamente. Tudo na vida parece ir e voltar como que em círculos e é essa contatação que tornaria a vida impossível para o imortal. Por isso que enquanto estivermos com essa percepção limitada como mortais, acho que não conseguiremos sair dessa sinuca.

      Achei sua comparação com "Vampiros" muito legal e verdadeira. Nunca tinha entendido dessa forma. A metáfora é exatamente essa cara! Muito legal! Achei muito bom o que vc diz "..sugar o sangue da artéria da vida que nada mais é do que ímpeto desesperado de alguém que viu-se condenado não à vida eterna, mas a uma solidão sem fim." Nossa! É isso aí, é quase que uma epifania esse seu comentário!

      Tenho colocado minhas opiniões sobre algumas HQs com a finalidade que vc ressalta no final do seu comentário. Ou seja, para que possamos ir além de uma leitura mais superficial e rasa das histórias. Sempre há verdades escondidas prontas para serem descobertas por mentes mais argutas. Escrever sobre nossos gostos é abrir as portas para gerar converssas e trocas de experiências.

      Valeu mesmo Fabiano... Fique sempre à vontade para colocar sua opnião. Valeu mesmo brother!

      Gde. Abc.!

      Marcelo.

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  4. Oi Marcelo, excelente postagem e que nos faz pensar numa das coisas mais importantes da vida: compartilhar nosso tempo com quem amamos. Mas, além disso está o altruísmo que podemos cultivar, que é um baluarte na manutenção da dignidade humana. Sacrificar-se em proveito de outros é uma forma de expressar o Amor Maior. Capitão América é um exemplo de que para ser Herói é preciso, antes, ser Humano. Gosto do Capitão e entendo seus conflitos. Afinal, quem não os tem? Abraços.

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    1. E aí Paulo? Tudo bem?

      É isso mesmo. Concordo com você. O Capitão América é um desses heróis à moda antiga. São vários os aspectos que me fazem gostar dele, mas sem duvida alguma esse que vc coloca é um deles: "autruísmo" ... Colocar o próximo em 1o lugar. Em um mundo como o nosso, em que os individualismos estão em alta, um exemplo como esse fala bem alto.

      Valeu mesmo Paulo!

      Gde. Abc.

      Marcelo.

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  5. Marcelo querido!
    Suas postagens são ótimas...Parabéns!
    Gostei de conhecer um pouco do capitão America.
    Foi muito legal!
    Abraços! Dias abençoados e felizes pra ti.

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    1. Oi! Obrigado pela visita. Assim mato um pouco da saudade!

      Fico muito contente que tenha gostado do Capitão. Ele é um dos meus preferidos.

      Gde. Abc.

      Marcelo.

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  6. Onde eu posso achar essa historia para ler online ou para download?

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    1. Puxa amigo!

      Infelizmente não conheço o universo dos Scans. Peço desculpas por não poder te ajudar!!

      Apareça sempre!

      Abc.

      Marcelo

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